José Maria Tomazela
Uma sequência de apreensões de drogas com passageiros do exterior levou a Polícia Federal a incluir o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, na rota do tráfico internacional. Neste ano já foram nove casos – três só na primeira semana-, contra quatro no ano passado.
A PF atribui o aumento à retomada dos voos regulares internacionais, após quase duas décadas de interrupção. Antes de junho, quando a TAP Portugal começou a fazer três voos semanais para a Europa, não havia sido registrada nenhuma apreensão. Em dezembro, a uruguaia Pluna passou a operar seis voos por semana para Montevidéu, com conexões para Buenos Aires e Santiago. A American Airlines também entrou com pedido para operar voos em Campinas.
Em comparação com o início do ano passado, o número de passageiros triplicou, mas a estrutura da PF não acompanhou. Enquanto os Aeroportos de Cumbica e Congonhas têm delegacia, o de Viracopos, conta só com um posto da PF. Um policial federal que pediu para não ser identificado contou que o único equipamento para detectar drogas é o raio X. Nas últimas apreensões, segundo ele, agentes usaram "olhômetro", ou seja, a simples observação no check-in. O serviço de internet para checar prontuários é lento e sujeito a panes. E as pessoas envolvidas nos casos são levadas para a delegacia do centro de Campinas.
O delegado Jessé Coelho de Almeida, da Comunicação Social da PF de Campinas, disse que a estrutura está sendo melhorada. "Não temos gente sobrando, mas também não está um caos." No ano passado, agentes ganharam reforço de uma cadela labradora para farejar drogas e o posto de Viracopos passou a contar com delegado titular. Segundo ele, o treinamento dos policiais supre eventual falta de equipamentos. Foi assim que eles desconfiaram de um romeno e uma checa, presos no dia 5. A mulher levava 35 cápsulas de cocaína e dois pacotes da droga. E o romeno havia ingerido 70 cápsulas. Dois dias antes, um português foi preso com 1,6 kg de cocaína na bagagem de mão.
Ocorrências. Dos nove presos neste ano, oito eram estrangeiros com cocaína – 51,16 kg foram apreendidos. O outro foi um brasileiro com 500 micropontos de LSD. A maior apreensão foi em abril: estudante de Cabo Verde levava 24 kg de cocaína em 112 sutiãs. Almeida acredita que a droga, da Bolívia e da Colômbia, seja distribuída em Lisboa.
O titular da Delegacia da Polícia Civil no aeroporto, Wilson Ricardo Peres, disse que o movimento maior de passageiros também fez crescer o total de furtos, como o de notebooks. "Registramos cerca de 600 em 2010, para 5 milhões de passageiros."