A partir do ano que vem, o trabalho de detecção de desmatamento na região Amazônica contará com um importante reforço: o uso de imagens feitas pelo radar de abertura sintética orbital. O sensor radar, acoplado a um satélite, é capaz de realizar um monitoramento mais rápido e preciso porque funciona com tecnologia ativa de micro-ondas, consegue enviar as informações de forma precisa durante o dia, a noite e também em condições climáticas adversas.
As imagens do radar orbital serão utilizadas principalmente no período de alta densidade de nuvens na Amazônia, entre os meses de outubro e março – quando a observação por imagens ópticas fica prejudicada.
“Essa tecnologia independe do estado do clima. Mesmo com fortes chuvas e alta densidade de nuvens, o radar orbital consegue enxergar qualquer fenômeno que ocorra no território”, explicou o diretor de produtos do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Péricles Cardim, durante debate promovido pela Chefia de Operações Conjuntas (CHOC) do Ministério da Defesa na semana passada.
O projeto que viabilizará o uso de radar orbital é uma parceria entre o Censipam, o Ibama(Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no âmbito do Gabinete Permanente de Gestão Integrada para Proteção do Meio Ambiente(GGI). Para isso, será contratada a telemetria de radar orbital a fornecedores internacionais, o que incluirá a instalação uma antena de recepção multisatelital para recebimento direto das imagens. O projeto terá um investimento inicial de aproximadamente R$ 71 milhões, que será feito no período de 2015 e 2018. Deste valor, 70% será financiado pelo BNDES, com recursos da conta do Fundo da Amazônia, gerenciada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Antes de o equipamento começar a ser utilizado, o Censipam complementará as informações geradas pelo Inpe realizando sobrevoos, feitos com a aeronave R-99 da FAB, em áreas criticas durante o período de chuvas e alta cobertura de nuvens deste ano.
“Em complementação ao trabalho já realizado pela Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) do Inpe, vamos produzir informações desse período de alta densidade de nuvens”, explica o diretor-geral do Censipam, Rogério Guedes.
As imagens geradas com o uso dessas aeronaves (plataforma embarcada) serão processadas e analisadas de forma integrada. Depois, na segunda etapa do projeto, em 2015, começa o monitoramento por satélite comercial, com o radar de abertura sistemática.
“Isso é a evolução natural de uma discussão integrada de combate ao desmatamento. A gente faz um diagnostico conjunto, vai apontando aonde precisa melhorar, e essa é uma solução de melhoria a um trabalho que já vem sendo feito de forma muito bem sucedida que é o combate ao desmatamento no Brasil”, conclui o diretor do Censipam.