André Luís Woloszyn
Os avanços tecnológicos, a partir da segunda metade do século XX, vieram revolucionar a atividade de espionagem, substituindo as fontes humanas por sistemas de alta complexidade e precisão, como satélites de imagens, plataformas de monitoramento de sinais e comunicações e veículos não tripulados.
No século XXI, caracterizado pela era digital, este processo foi aprimorado integrando as fontes já existentes com outro componente mais agressivo: os vírus informáticos, entidades modulares direcionadas especialmente para a atividade de espionagem e que já demonstram forte tendência de se transformarem na principal arma das futuras guerras, na categoria “super-ciberarmas”.
Desde o primeiro ataque virtual ocorrido na Estônia em 2003, com grandes prejuízos à economia daquele país, se pôde avaliar o grau de vulnerabilidade decorrente da dependência crescente de sistemas interligados em diversas áreas. Este tipo de ação vem recrudescendo em nível internacional e a cada dia surgem milhares de novos spyware.
Uma evolução dos famosos Trojan Horse foi descoberta em 2009. Os super vírus Stuxnel e Flame, por exemplo, eram direcionados a espionar e neutralizar sistemas que continham informações confidenciais sobre o programa nuclear iraniano. Mais recentemente, foi identificado um novo super vírus, semelhante ao Flame, de codinome Madi, cuja finalidade é espionar organizações financeiras e autoridades governamentais que detenham algum tipo de conhecimento sigiloso.
Pela alta complexidade destes super vírus, ainda não se pôde avaliar a real extensão dos danos causados por ambos, o que pode demandar anos. Mas assim como os prejuízos, os ganhos também podem ser incalculáveis, com capacidade de consolidar ou alterar a configuração do poder e influência mundiais. De qualquer maneira, a conjuntura atual nos remete a uma perspectiva de que, nas guerras futuras, o homem seja apenas uma figura coadjuvante cuja função principal será manusear teclados e apertar botões.
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