Bruno Peres
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu nesta quinta-feira “punição exemplar” a manifestantes que fujam “ao método democrático”, como ocorreu, em sua avaliação, na invasão do plenário da Câmara na quarta-feira em um protesto que reivindicava, entre outras bandeiras, intervenção militar no país.
O ministro afirmou que o governo tem preocupação com qualquer fato “que venha a perturbar a ordem ou as chancelas e os direitos democráticos”, embora tenha classificado como “fatos localizados” a própria invasão da Câmara dos Deputados, na quarta-feira, e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na última semana.
“A partir do instante em que o protesto se transforma em desrespeito, ameaça ou contestação à democracia, a coisa muda de figura”, disse Jungmann, em entrevista na sede do ministério. “Qualquer desrespeito ou ameaça que venha a ser feito ao regime democrático (…) terá legalmente e constitucionalmente a oposição das Forças Armadas”, disse.
O ministro afirmou que o acompanhamento das investigações relacionadas a manifestações anti-democráticas é feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República, e a inteligência do governo para a tomada de decisões “sempre dentro da lei”. “Se não punirmos essas pessoas exemplarmente, estaremos sancionando o desrespeito à democracia”, afirmou o ministro.
Operação Calicute
Em relação à operação da Polícia Federal (PF) que levou à prisão nesta quinta-feira o ex-governador Sérgio Cabral, uma das principais lideranças do PMDB no Rio de Janeiro, Jungmann afirmou, ao ser questionado sobre eventuais impactos no governo do presidente Michel Temer, que o episódio mostra "o funcionamento natural das instituições" e "o exemplo do Brasil para o mundo da independência dos Poderes".
“Acho que isso pode afetar, no caso de serem fundadas as acusações, a má política. E aí eu espero que continue sendo bastantemente afetada. Precisamos passar a política brasileira a limpo”, disse o ministro, lembrando a condição de parlamentar licenciado.