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Rússia expulsa correspondente da RFI em Moscou e deu 24 horas para ele deixar o país

O correspondente em língua espanhola da RFI e do canal France 24 em Moscou, Xavier Colás, foi expulso pelo regime russo, que se recusou a renovar seu visto. O jornalista recebeu uma notificação para deixar a Rússia em 24 horas, sendo obrigado a deixar o país onde viveu por 12 anos.

(RFI) O jornalista espanhol Xavier Colás, que trabalhou como correspondente da RFI e da France 24, entre outros veículos de comunicação, foi notificado na noite de terça-feira (19) de que tinha apenas 24 horas para deixar o país, sem receber qualquer explicação sobre a recusa da renovação do seu visto. Xavier Colas já se encontra fora da Rússia. 

“É difícil, de repente, colocar 12 anos da sua vida em três malas durante a noite e fechar a porta sabendo que aquele apartamento também será território proibido para você no dia seguinte. Mas nós, correspondentes, trabalhamos onde nos autorizam, embora sem deixar ninguém dizer o que devemos ou não contar”, disse Colás ao jornal espanhol El Mundo, para o qual também trabalha.

Colás recebeu recentemente a visita de policiais russos que o advertiram a deixar de cobrir as manifestações de mulheres de militares russos, descontentes com a guerra na Ucrânia.

“Algumas dessas mulheres nem mesmo se opõem, pelo menos em público. Mas o regime sabe que ir atrás delas com seus maridos lutando seria muito controverso, então, vai atrás de nós”, explicou o jornalista. 

No dia 28 de fevereiro, Colás apresentou na Espanha o seu livro ‘Putinistão: um país incrível nas mãos de um presidente alucinado’, no qual, segundo ele, “explica o mal-entendido sobre a liberdade nos primeiros anos da Rússia, o difícil regresso de Putin ao Kremlin, a virada ultraconservadora, as razões iniciais da sua busca por inimigos internos (gays) e externos (Ucrânia)”, entre outros temas centrais da política russa nos últimos anos.

“Putinistão” 

Recentemente, Xavier Colás concedeu diversas entrevistas à imprensa espanhola, nas quais  comentou notícias russas e promoveu seu livro. “Putin aparece no cenário político como uma oportunidade de estabilidade para os russos, o que de fato consegue por alguns anos. Agora, até os russos compreenderam que não há estabilidade com ele e que ninguém sabe o que acontecerá quando ele partir, que é impossível que alguma coisa mude enquanto ele estiver no poder, e que é impossível saber o que acontecerá quando ele não estiver lá”, disse o jornalista em entrevista ao canal Telecinco.

Com a expulsão de Colás, a RFI e vários veículos com os quais ele colaborou perdem o trabalho de um profissional de rigor jornalístico, que trazia informações sobre o contexto político, econômico e social na Rússia, uma trabalho delicado em especial depois do início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Desde o início da guerra, organizações como a Anistia Internacional denunciaram o aumento da pressão sobre jornalistas na Rússia, como a prisão de uma dúzia de correspondentes que cobriam uma manifestação contra o conflito na Ucrânia, no início de fevereiro. ​​​​​​

A ONG Repórteres Sem Fronteiras estima que entre 1.500 e 1.800 jornalistas russos estejam no exílio e o país registra casos como o do jornalista americano do Wall Street Journal Evan Gershkovich, que está na prisão, acusado de suposta espionagem.

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