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Vandalismo, democracia e “Anarquismo”!

Ricardo Fan

A falta de conhecimento histórico do "O Globo" no seu editorial de 30/10, Vandalismo, democracia e fascismo, é vergonhosa, ou propositalmente esquerdista, ao associar os Black Blocks ao facismo, culpando um inimigo histórico da esquerda no passado.

Os Black Blocks,  com suas bandeiras em vermelho e preto, tem sua origem na Alemanha. O termo Black Bloc (Schwarzer Block) foi usado pela primeira vez por um promotor da Alemanha em 1981, ao tentar acusar um grupo violento de manifestantes por associação a um movimento terrorista. Na época, seus adeptos aderiram aos protestos contra a energia nuclear e a construção de mais uma pista de decolagem no aeroporto de Frankfurt.

O Black Bloc é hoje mais uma tática anarquista do que uma organização. E não é exclusividade do Brasil, embora tenha ganhado notoriedade nos últimos meses no país. Seus adeptos estiveram, por exemplo, na convulsão social de março de 2011 em Londres e nas marchas estudantis chilenas; causaram confusão nas manifestações de janeiro passado no Egito, quando se lembrou um ano da revolução; e se infiltraram nos recentes atos contra o governo da Turquia.

O interessante é que o editorial também não questiona se esses "black bodes" estão colocados na "sala" propositalmente para enfraquecer os legítimos protestos contra o governo de esquerda. E também, o inaceitável fato de que praticamente ninguém foi preso, indiciado ou responsabilizado pela "coordenação" dos vandalismos e que ainda a “inteligência” do governo não saiba quem são eles, talvez, tenha vergonha de perguntar para o "Mr. President Obama". 

Segue abaixo o editorial: Editorial: 30/10/2013

Vandalismo, democracia e fascismo

Devido ao perfil autoritário e antidemocrático dos black blocs, espanta que tenham sido apoiados por grevistas e atraiam simpatia em meios intelectualizados

"Confirmou-se a queda no apoio às manifestações na mesma medida em que grupos violentos, autointitulados black-clocs, passaram a ganhar espaço nas ruas. Em São Paulo, pesquisa da Datafolha realizada antes do quebra-quebra de sexta, no Centro, no terminal de ônibus do Parque Dom Pedro, detectou que 66% concordavam com os atos, contra 89% em junho, ponto de partida da mobilização. Os vândalos já eram desaprovados por 95%.

O resultado pode ser estendido para todo o país, sem erro. A questão agora, e cada vez mais, é que estes grupos fiquem isolados e sejam tratados por instrumentos que tem o Estado para defender a sociedade e a lei. Deve-se, ainda, cobrar do poder público um mínimo de eficiência neste trabalho policial, para que haja efetiva contenção do vandalismo, e com baixo grau de letalidade. Será dramático se houver morte — e os embates ganham tal dimensão que este risco está presente.

Entre as imagens que ficarão destes tempos estará a foto do coronel da PM paulista Reynaldo Rossi, no tumulto de sexta-feira, em São Paulo, sendo espancado por black blocs enquanto seu segurança, um soldado a paisana, empunhava a pistola para defendê-lo, mas com o dedo longe do gatilho. Sensata também foi a oportuna decisão do coronel de gritar para a tropa não reagir.

Numa das equilibradas declarações que deu, depois, já com o lado esquerdo do tronco imobilizado, devido a uma fratura na clavícula, o coronel abordou um aspecto-chave neste novo tipo de crise de segurança que Rio e São Paulo enfrentam de forma mais direta: “(…) A ação deste grupo transcende a atuação da PM. Temos de contar com a sociedade, repudiando a ação deles. Eles não podem se sentir à vontade para se apropriar de manifestações legítimas”.

Há análises variadas sobre a origem deste surto de violência. Desde a identificação de uma espécie de frustração de uma franja da juventude da chamada “nova classe média”, não qualificada pelo ensino público básico para ascender socialmente, até a infiltração, pura e simples, de bandidagem e de interesses do submundo político — aspectos que não se excluem.

Mas o ponto central, agora, é o isolamento do vandalismo, pois longe de exercer o direito democrático à livre manifestação, ele atenta contra a própria democracia, por desafiá-la. O direito à total liberdade de expressão se refere ao conteúdo da mensagem expressa, não do meio. Por mais liberal que seja o regime, violência não pode ser admitida. Eis por que o espanto quando professores sindicalistas apoiaram os black blocs. Tanto que militantes discordaram dos companheiros, e com acerto. Também assusta ao se perceber a simpatia para com vândalos em meios intelectualizados.

Hordas de depredadores nas ruas remetem ao fascismo e sua prática de perseguir e agredir fisicamente quem ele considera inimigo. Foi assim na Europa nas décadas de 30 e 40 do século passado."

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