Angela Boldrini
São Paulo
Movimentos de esquerda rechaçaram a participação de adeptos da tática "black bloc" em manifestações organizadas por eles contra o governo de Michel Temer.
Os chamados "black blocs" são adeptos de tática anarquista que prega a destruição do patrimônio. Grande quantidade deles tem participado dos protestos desta semana.
Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que integra a Frente Povo Sem Medo, afirmou que "nas nossas manifestações, não há espaço para práticas dessa natureza".
Segundo ele, que participou da organização do ato de segunda-feira (29), quando não houve a presença dos "blocs", os adeptos da tática não devem participar do ato chamado pela Povo Sem Medo e pela Frente Brasil Popular para este domingo (4), na avenida Paulista.
"Eles não vem porque sabem que a gente tem uma posição muito clara a esse respeito", afirmou.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
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Guilherme Boulos, coordenador do MTST, que integra Frente Povo Sem Medo |
O coordenador da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, um dos movimentos que compõem a Brasil Popular afirmou ainda que, caso adeptos da tática apareçam no ato de domingo, eles devem ser "convidados a se retirar".
Ele diz, porém, que a organização centralizada da manifestação afasta os "black blocs". "Eles vêm onde têm condições de arrastar o pessoal para as suas ações no final do ato", afirma ele. "Ou quando não tem uma organização muito centralizada, como eram os protestos do MPL [Movimento Passe Livre, que liderou as manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo]."
Excetuando-se segunda, as manifestações desta semana não tiveram organização centralizada. Na quarta, membros da Povo Sem Medo, inclusive Boulos, chegaram a comparecer no protesto, mas sem fazer parte da organização.
Os trajetos têm sido definidos por meio de assembleias entre os manifestantes, e os eventos nas redes sociais, criados por coletivos difusos pela internet, como o "Luta pela Democracia", e pessoas físicas. A Folha tentou entrar em contato com esses organizadores, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Também foi procurado pela reportagem o coletivo Democracia Corinthiana, que ajudou na organização dos trajetos dos atos de terça e quarta.
"A organização difusa pode ser um fator que potencializa o aparecimento dos 'blocs', mas acho que não é determinante", afirma Laryssa Sampaio, membro da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude, também da Brasil Popular.
De acordo com Sampaio, o principal motivo do crescimento do número de "blocs" nos protestos é a "repressão policial". A opinião é compartilhada por Boulos. "Nós entendemos que eles não foram os principais responsáveis pelo confronto, e sim o excesso da PM", disse ele.
Já ela diz também que o Levante tem "divergências políticas" com os adeptos da tática por serem contra a violência, mas que, caso esses apareçam na manifestação de domingo, o caminho deve ser o diálogo. "Nós já fizemos manifestações onde eles apareceram, e conseguimos construir um diálogo com eles."
David Villalva, membro do coletivo Luta pela Democracia, que organizou os atos de terça (30), quarta (31) e quinta (1º), afirmou ser contra a ação dos "black blocs". "Estamos num momento que é muito difícil, você tem controle até certo ponto. Tem muita gente querendo fazer tudo certo, mas tem aqueles que querem desvirtuar o ato", afirmou.
Ele disse também que no protesto de terça, os próprios membros do coletivo denunciaram à polícia a presença de black blocs. O coletivo não faz parte da organização da manifestação desta sexta-feira.
Nota DefesaNet
Em editorial a Folha de São Paulo acusa a Polícia pela depredação, por não conter os manifestantes e os Black Blocs de Fascistas..
Folha SP – Fascistas à solta – EDITORIAL Link
Veja a matéria especial de DefesaNet:
Neo Terrorismo Urbano – Inteligência militar e policial se mobilizam Equipe DeesaNet 2 Setembro 2016 Link
Nota DefesaNet – Importantes links: Partido dos Trabalhadores emitiu uma “Resolução Política sobre o Golpe e a Oposição ao Governo Usurpador”. O documento aprofunda o tom de confronto já adotado pelo pronunciamento da ex-presidente Dilma Rousseff após o seu afastamento. A Declaração do PT segue em linhas gerais as emitidas no dia 31 pelo Partido Comunista de Cuba. PT – “Resolução Política sobre o Golpe e a Oposição ao Governo Usurpador Link CUBA – Declaração do Governo Revolucionário cubano Link Pronunciamento – Dilma Rousseff Link |
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