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Rio 2016 – Almirante Sobrinho nega mudança de protocolos de segurança

Tânia Monteiro


Mais cauteloso do que os ministros da Justiça, Alexandre de Moraes e da Defesa, Raul Jungmann, que classificaram os integrantes do grupo virtual chamado “Defensores da Sharia” como “amadores”, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), almirante-de-esquadra Ademir Sobrinho, em entrevista ao Estado, disse que a prisão deles e os atentados terroristas que têm ocorrido no mundo, não determinam mudanças de protocolos para enfrentamento dos problemas porque houve toda preparação, com testes. Mas avisou que, com certeza, esses acontecimentos levam a um aprimoramento das regras, com intensificação da verificação dos procedimentos.

Qual a preocupação maior às vésperas da Olimpíada?

Todas. A ameaça terrorista pelo impacto, pelo pavor que causa porque mesmo que ela seja de pequena intensidade, causa um impacto muito grande. Uma coisa é um assaltante, um ladrão roubar uma pessoa. Outra coisa é uma pessoa, dita terrorista, ferir alguém. O impacto é totalmente diferente.

Há um erro em tratar estes presos como amadores, quando vemos que amadores estão praticando atos terroristas?

Temos de, ao mesmo tempo, mostrar à população que estamos preparados, preocupados, que estamos atentos a tudo isso, mas dizer que, apesar disso, este não era um grupo tão organizado que cause um impacto catastrófico. Precisamos achar equilíbrio entre os dois pontos. Nós temos visto o perfil deste pessoal, que tem um tipo de desequilíbrio.

Minimizar o amadorismo não é irresponsável? Os lobos solitários são a maior preocupação?

Todos os lobos solitários são perigosos. Agora, um grupo, altamente organizado, tem possibilidade de causar um dano muito maior. Então, não podemos, também, alarmar a população de um modo tal que ela não tenha confiança de sair na rua. Temos uma relação de fatores preocupantes que estão no plano estratégico de segurança integrada e as ações terroristas estão na relação. Temos de estar preparados para isso. Agora, há uma vigilância maior? Há, sem dúvida, por causa da imprevisibilidade.

A prisão do grupo “Defensores da Sharia” vai obrigar a revisar os protocolos de segurança?

Não, porque os órgãos de inteligência ligados ao enfrentamento do terrorismo já tinham conhecimento disso e estamos tentando nos preparar para qualquer tipo de ameaça ou qualquer método que sejam usados. Nós temos de estar preparados para tudo.

O que está faltando para que estejamos 100% preparados?

É difícil dizer que estamos seguros para tudo. O que fazemos é procurar verificar tudo o que acontece no mundo, o que houve em outros eventos, não só terrorismo e termos linhas de ação contra aquilo para nos prepararmos sempre o máximo. Mas, repito, existe uma imprevisibilidade muito grande, principalmente na área do terrorismo. Temos uma relação de dez ameaças que estão no plano estratégico de segurança integrada, inclusive o imponderável, como uma catástrofe, um acidente natural, e por isso temos de nos preparar para estas possibilidades.

A prisão destes rapazes e a expulsão do professor afastam totalmente o risco de atentados durante a Olimpíada, como disse o ministro da Justiça?

O ministro tem mais dados do que eu. Possivelmente, dentro daquilo que já foi verificado, diminui muito o risco. Mas, nem por isso, nós podemos deixar de nos preocupar. Nós temos de estar prontos, atentos, o tempo todo. É uma imprevisibilidade total.

A Lei de terror é ruim?

Lei é lei, tem de ser cumprida. Ela se tornou muito útil e foi um avanço. Pior se ela não existisse. Por mais crítica que se tenha feito a ela, já foi um grande avanço. Precisamos talvez discutir a necessidade de aperfeiçoamento. Uma das coisas que nos preocupa é a apologia ao terrorismo, que precisava ser melhor enquadrada porque evitaria as brincadeiras.

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