Alana Gandra
A inovação é uma peça-chave para o aumento da produtividade no país. A avaliação é do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica e professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Américo Pacheco. Segundo ele, se o Brasil souber construir uma trajetória de futuro que privilegie uma sociedade melhor, com bons empregos, vai ter que investir em inovação, ressaltou.
Américo Pacheco disse ainda que o setor privado brasileiro investe pouco em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em inovação. Isso ocorre, de acordo com ele, devido à ineficiência da política pública, que não consegue alavancar o gasto privado, explicou. Já os gastos públicos em P&D acompanham a média mundial, ressaltou. O reitor do ITA não acha que falte cultura em inovação por parte das empresas, "o problema são condições reais de mercado”, ressaltou. “É o mercado que puxa a inovação. E eu pergunto: será que nós temos sido eficazes em desenhar políticas que induzam o gasto privado?”.
O economista entende que a estrutura industrial e o elevado custo Brasil são alguns fatores que levam as empresas a gastar pouco em inovação tecnológica e que a “política pública também não ajuda porque o perfil do gasto que o governo faz é inadequado para alavancar o gasto privado”. Segundo ele, as melhores empresas brasileiras não estão em um ponto da cadeia de valor em que a tecnologia é decisiva para que ela possa competir e ter sucesso. “Na verdade, elas não estão apostando nisso porque não precisam. Essa é a razão. Acho que de um lado tem o problema de estrutura e, de outro, a gente precisa repensar as políticas porque elas são ineficazes no sentido de alavancar o gasto privado”.
Apesar disso, Américo Pacheco elogiou o Programa Inova Empresa, lançado recentemente pelo governo federal para estimular o investimento empresarial em inovação tecnológica, operado conjuntamente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “O fato de o governo sinalizar que quer apoiar o esforço privado e que vai encontrar mecanismos de fazer isso é muito positivo. O diabo mora nos detalhes”, disse ao se referir a problemas de operacionalização do programa e de orçamento de subvenção. “Uma série de coisas que precisa ser melhor detalhada”, completou.
Em sua palestra no 25º Fórum Nacional, no Rio, o economista ressaltou que, além da correção dos fatores sistêmicos que reduzem a competitividade da empresa brasileira, a questão da inovação tem de ser enfrentada com determinação pelo Brasil a fim de impedir que a economia industrial do país não tenha condições de competir em igualdade com seus concorrentes internacionais. O economista reiterou que isso implica renovar as bases da indústria nacional em setores intensivos em tecnologia e inovação. “Nesse campo será decidido o papel que o Brasil desempenhará no plano internacional nas próximas décadas”, disse.