Fernanda Krakovics
O PT tenta aproveitar a mobilização de sua militância, de movimentos sociais, da juventude e de partidos que não faziam parte de sua coligação, como o PSOL, durante o segundo turno da eleição, não só para dar sustentação ao segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, mas também para tentar impor uma agenda ao governo e ao Congresso, como regulação da mídia, fim do fator previdenciário e redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salários. A polarização com o PSDB e a ameaça do “retrocesso conservador” servirão de motor para a tentativa de formar uma “frente de esquerda”.
Diante das dificuldades no Congresso, tanto por causa de uma base aliada infiel como também por uma oposição mais qualificada no Senado a partir do ano que vem, com expoentes como José Serra (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), os petistas buscam a “governabilidade social”.
— Não podemos ficar presos à pauta que a oposição tenta impor, a pauta dos derrotados. Queremos discutir a pauta de quem ganhou a eleição, dialogar com os movimentos sociais. Queremos fazer um segundo mandato mais ativo — disse Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do PT.
O partido quer usar a mobilização de movimentos sociais organizados — que levaram 10 mil pessoas às ruas semana passada, em São Paulo — para pressionar o Congresso a aprovar propostas como a realização de um plebiscito sobre reforma política e a regulação da mídia, que não reúnem maioria nem na Câmara nem no Senado. A estratégia é repetir uma fórmula que se mostrou bem-sucedida na Bolívia.
— O Evo Morales (presidente da Bolívia) encaminhou uma proposta de Assembleia Constituinte, e o Congresso não tocou no assunto. Foi convocada, então, uma grande massa popular, e o Congresso aprovou — compara Joaquim Soriano, um dos diretores da Fundação Perseu Abramo, do PT.
Recomendamos a leitura do artigo
Os tentáculos do PCC Link