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Plano antiterror brasileiro é questionado

Tânia Monteiro
/ Brasília


A preocupação em diversos setores do governo brasileiro com o terrorismo, em razão da realização de quatro grandes eventos no Brasil, a partir de junho, aumentou depois do atentado em Boston, na segunda-feira.

Especialista em contraterrorismo, o espanhol Marcus Reis disse ao Estado que falta coordenação entre áreas preventivas. "Onde está a legislação que define o terrorismo e possibilita a ivestigação e a tipificação desse crime? Onde está a legislação que define a competência dos órgãos? E a cadeia de comando e gerência?", questiona.

Há preocupação também entre autoridades das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – que não se manifestam publicamente em razão do cargo que ocupam. Um problema, segundo elas, é a disputa de poder e de recursos pelo controle das operações nos eventos. A Secretaria de Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça, de acordo com esses especialistas, "não promove a integração que precisa ser feita".

A secretaria diz que montou um plano para eventos até 2016 e sua meta é "promover a integração entre as forças de segurança brasileiras, nos três níveis de governo, e entre elas e a Interpol". E ressalta a construção de uma rede integrada formada por 14 centros de comando e controle (12 regionais, nos Estados-sede, e dois nacionais, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro). Ainda segundo a secretaria, houve troca de informações e de experiências com países como EUA, Israel, França e Grã-Bretanha.

Algo que preocupou os especialistas foi a extinção do núcleo do centro de coordenação das atividades de prevenção e combate ao terrorismo,vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional,criado em 2009. Especialista em terrorismo e conflitos de baixa e médiaintensidade, Andre Luís Woloszyn questionou a dissolução. "Se é apenas um passo de um planejamento estratégico, de inteligência mais elaborado e de caráter sigiloso, ótimo. Mas sefor simplesmente um ato político, estaremos cometendo um terrível equívoco em subestimar essas ameaças."

Se houver algum atentado, o Exército tem o Comando de Operações Especiais, unidade de elite localizada em Goiânia. Existe ainda a Companhia de Defesa Química, Biológica e Nuclear, especializada em controle e descontaminação de armas, locais e equipamentos militares.

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