O nome Novichok, que significa "novato" em russo, designa um grupo de agentes nervosos que foram desenvolvidos pela União Soviética ao longo dos anos 1970 e 1980, no âmbito de um programa chamado Foliant.
O principal objetivo era produzir uma arma letal que não pudesse ser detectada e de transporte mais seguro.
O Novichok é um organofosforado. Algumas variantes seriam até oito vezes mais letais do que o VX, que é considerado uma arma química e tem o uso proibido pela Convenção para a Proibição de Armas Químicas.
O grupo Novichok inclui mais de cem variantes, sendo que a mais potente é a Novichok-5. Algumas delas são armas binárias, ou seja, elas se tornam letais somente após a mistura de duas substâncias relativamente inofensivas. Isso permite que uma pistola seja carregada com essas duas substâncias, em duas ampolas, e o conteúdo delas é misturado após o disparo.
Algumas das variantes existem na forma gasosa, outras são sólidas e se parecem com um pó extremamente fino. Elas podem ser inalados ou ingeridos e também absorvidos pela pele. Os sintomas de contaminação são semelhantes aos de outros agentes nervosos e incluem convulsões, que podem ser seguidas de parada respiratória, parada cardíaca e morte.
A existência do Novichok foi revelada por um de seus criadores, o químico russo Vil Mirzayanov, em 1992, na véspera de a Rússia assinar a Convenção para a Proibição de Armas Químicas. Ele foi acusado de traição pelo Estado russo e preso no mesmo ano.
Em 2008, Mirzayanov, já exilado nos Estados Unidos, tornou pública algumas estruturas químicas do grupo Novichok. Ainda assim, pouco se sabe sobre as características dele.
Cientistas divergem, por exemplo, sobre a duração do composto. Mirzayanov afirma que o Novichok usado no caso Skripal teria se decomposto em até quatro meses. Outros especialistas dizem que ele pode durar até anos.
Acredita-se que poucos laboratórios fora da Rússia tenham todas as informações necessárias para produzir o Novichok, e Mirzayanov afirma que Moscou deve estar por trás da produção do agente usado no caso Skripal.
A Rússia nega qualquer envolvimento e afirma que a sua produção de Novichok foi encerrada em 1992, com a destruição de todos os estoques ainda existentes em 2017. O grupo Novichock nunca foi declarado para a Organização para a Proibição de Armas Químicas.