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Nova Guerra Fria? Ou Fake?

Ten Cel Luiz Claudio Talavera de Azeredo

Nos últimos meses, fatos relevantes emergiram na conjuntura internacional, os quais requerem acompanhamento atento, especialmente, pelos países com significativas interações externas, como o Brasil: a escalada da tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte, controlada, em tese, após o encontro de seus dirigentes máximos; o anúncio da nova estratégia de defesa americana, classificando China e Rússia, entre outros, como grandes preocupações para a segurança nacional norte-americana; e o continuado desentendimento entre Estados Unidos e Rússia sobre diferentes pontos, principalmente, no que tange à complexa guerra na Síria.

No mesmo sentido, as constantes reações da Rússia às alegadas intervenções da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no seu entorno estratégico, o aumento da disputa entre Estados Unidos e China pelo controle geopolítico da bacia do Oceano Pacífico e a “guerra comercial” travada entre eles são fatos que evidenciam um novo quadro de oposição entre as principais potências militares.

No cenário sul-americano, o recente acordo de cooperação firmado entre Colômbia e OTAN ensejou reação da Venezuela, firme parceira da Rússia e China. Aquela nação bolivariana afirmou que o compromisso entre Colômbia e OTAN viola acordos bilaterais e multilaterais estabelecidos com a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e a Comunidade dos Estados Latinos Americanos (CELAC), por entender que a presença da aliança atlântica na América do Sul muda o quadro regional de “zona de paz” declarado por essas organizações.

Diante do exposto, alguns analistas chegaram a enunciar que o mundo caminhava para uma “nova guerra fria”, hipótese que não se confirmou, revelando-se fake. Apesar disso, configura-se um quadro em que se registram conflitos distintos ao redor do planeta, com envolvimento direto ou indireto das grandes potências militares.

Estamos, agora, assistindo a um movimento de fortalecimento dos principais Estados Nacionais, mudando o eixo do superado movimento de formação de blocos supranacionais para uma fase na qual os interesses eminentemente locais voltarão a ditar os movimentos no xadrez geopolítico internacional.

Esse contexto, aliado ao atual cenário brasileiro, enseja reflexões relevantes, com implicações diretas para o desenvolvimento do País. “Deitada em berço esplêndido”, a sociedade brasileira, tradicionalmente, não dedica muita atenção à conjuntura externa. Tal fato, associado à inexistência de inimigos declarados, colabora para uma baixa perspectiva da necessidade de proteger o Brasil.

Não obstante, a problemática da segurança pública e de outras necessidades domésticas relevantes, que interferem fortemente na vida cotidiana dos cidadãos, acabam por determinar o emprego da reserva estratégica do Estado brasileiro – suas Forças Armadas – para apoiar a consecução de distintas demandas internas. Porém, ao se deparar com a encruzilhada que definirá o futuro próximo do País, é fundamental manter a opinião pública, em especial, os formadores de opinião, constantemente alertada de que as missões de apoio interno não devem ser priorizadas, em detrimento das atribuições das Forças Armadas afetas à defesa da Pátria.

O Brasil, independentemente de seus problemas internos, é o quinto em área territorial, abrigando a quinta maior população do globo. É possuidor de vastos recursos naturais, que constituem riquezas incalculáveis, e de uma força econômica que gera, atualmente, o oitavo Produto Interno Bruto mundial, estimado em cerca de US$ 2 trilhões. Esse colossal patrimônio, pelo seu vulto, requer efetiva e constante proteção contra qualquer ameaça, ostensiva ou velada.

Além disso, a preparação e a manutenção de uma defesa brasileira forte e atualizada, com capacidade dissuasória, têm potencial para induzir geração de empregos e contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento científico e tecnológico.

Como exemplos, podem-se citar os diferentes projetos estratégicos em curso, desenvolvidos pela Marinha, pelo Exército e pela Força Aérea. Finalmente, ao aprimorarem constantemente suas capacidades para atuar nas tarefas puramente militares, as Forças Armadas tornam-se, também, mais aptas para contribuir com a Nação de forma decisiva, quando necessário, e maximizar os esforços em apoio ao povo ao qual servem.

Um claro exemplo é o excelente desempenho das tropas nas operações de garantia da lei e da ordem, em território nacional, nos últimos anos, o que foi constantemente aperfeiçoado por meio do aprendizado da participação brasileira na missão de paz da ONU, no Haiti.

A conjuntura internacional evidencia, claramente, a importância do fomento das capacidades militares clássicas das Forças Armadas, a fim de continuarem assegurando a soberania e a independência plena do Brasil.

Os recursos empregados na defesa são investimentos concretos para o desenvolvimento e o futuro da Nação. Essa assertiva não é clichê para justificar o emprego de capital naquela área, mas decorrência natural do presente cenário, ao qual o País deve estar cada vez mais atento.

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