As Forças Armadas decidiram não participar do teste público de segurança da urna que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realiza nesta semana.
A decisão ocorre em razão da percepção das Forças de que o formato adotado pelo TSE para fazer o teste dará a segurança necessária para atestar que a urna é segura. A avaliação foi a de que uma eventual participação das Forças daria credibilidade ao teste e a segurança da urna, algo que tem sido contestado pelos militares.
A decisão reflete na verdade uma percepção maior presente nas Forças Armadas, o que tem feito o Ministério da Defesa avaliar como informar ao Tribunal Superior Eleitoral que considera o sistema de votação brasileiro vulnerável a ataques externos e internos.
O debate cresceu nas últimas semanas entre os militares, que consideram que o modelo atual é suscetível a falhas e pode afetar o resultado das eleições em 2022.
Uma breve manifestação nesse sentido já foi feita pelo general Heber Portella, representante da pasta na Comissão de Transparência das Eleições, durante a segunda reunião do colegiado no dia 4 de outubro.
Segundo fontes militares, ele manifestou algumas preocupações com o modelo atual de votação, refletindo o debate interno que as forças têm feito sobre o sistema eleitoral.
Basicamente, eles consideram que a segurança do processo eleitoral não pode ser reduzida à abertura de uma versão do código-fonte, uma das medidas implementadas pelo presidente da corte, Luís Roberto Barroso. Há uma série de outros questionamentos também que têm levado a Defesa a concluir que, da forma como está, o sistema, na visão dos militares, não seria 100% seguro.
Há uma preocupação específica com a forma como isso deve ser apresentado ao TSE. O comitê de transparência é formado por 12 integrantes, mas a ampla maioria diverge dessa visão da Defesa. Para esse grupo, a urna eletrônica é segura.
A Defesa então estuda como apresentar o que considera “deficiências” do processo eleitoral, mas sem que isso a vincule ao presidente Jair Bolsonaro, um crítico do sistema atual. Uma das saídas em debate é fazer sugestões para que o sistema seja aperfeiçoado e conseguir convencer outros integrantes do comitê e o próprio Barroso a implementá-las.
Procurado oficialmente, o Ministério da Defesa não quis comentar.