Priscilla Souza e Andressa Gonçalves
Durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada de 23 a 28 de julho, as Forças Armadas vão ocupar estruturas consideradas estratégicas na Região Metropolitana do Rio como subestações de energia elétrica; a termelétrica de Santa Cruz; a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc); a estação de tratamento de água de Guandu e a Adutora do Lameirão, que abastecem 9 milhões de pessoas, além de áreas da Serra do Mendanha e do Sumaré, onde estão instaladas antenas de telecomunicação. A medida tem como finalidade evitar sabotagens ou atos terroristas que possam causar transtornos ao evento e gerar insegurança, segundo informou o Exército ao G1.
Os aeroportos Santos Dumont e Internacional Antonio Carlos Jobim, e o Porto do Rio também receberão tropas para reforço na segurança. Na Região Sul Fluminense, as Forças Armadas vão atuar nas usinas nucleares de Angra dos Reis, na Costa Verde. As ocupações serão realizadas cerca de 10 dias antes do início da Copa das Confederações, em junho, e serão mantidas até o dia 4 de agosto, após a JMJ, quando as tropas serão desmobilizadas.
Cerca de 8.500 homens do Exército, Marinha e Aeronáutica participarão do esquema de segurança do evento espalhados por esses pontos estratégicos. Outros quatro mil vão ocupar a região de Guaratiba, na Zona Oeste, que será palco da vigília e da missa de encerramento da JMJ Rio, nos dias 27 e 28 de julho, respectivamente. No local, as tropas farão um bloqueio de trânsito em um perímetro de 3km do Campus Fidei. A coordenação da operação ficará a cargo do Exército.
Sem presença ostensiva nas ruas
As Forças Armadas não farão patrulhamento nas ruas do Rio durante o evento, como aconteceu na Eco-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Além dos pontos estratégicos, as tropas militares estarão presentes apenas nas solenidades com a participação da presidente Dilma Rousseff, como a visita do Papa Francisco ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul, sede do governo estadual. No entanto, as tropas estarão de prontidão para qualquer necessidade.
"Diferentemente do que aconteceu na Eco-92, a população não verá as Forças Armadas patrulhando a cidade. Na nossa avaliação de risco, os policiais estão plenamente capacitados para fazer isso. Estaremos aquartelados, de prontidão, e acompanhando pelo nosso Centro de Comando e Controle, no Comando Militar do Leste, tudo que acontece na cidade", explicou o general José Alberto da Costa Abreu, coordenador do Centro de Defesa de Área e Segurança do Exército.
Ainda de acordo com o general Abreu, embora esteja previsto o uso de blindados do Exército e da Marinha em pontos de bloqueio de trânsito na região de Guaratiba, a operação não será como a da Eco-92, mas semelhante à realizada na Rio+20, em 2012.
"Aquela imagem do [blindado] Cascavel apontando para a favela do Vidigal, na Zona Sul, ficou emblemática no Rio. Não será daquela forma. Daquela vez, havia um objetivo estratégico que já não se justifica hoje em dia, até por conta das Unidades de Polícia Pacificadora. A finalidade dos blindados será outra: basicamente dissuadir, impor respeito", disse.
Tropas contra terror
No Palácio Duque de Caxias, no Centro do Rio, sede do Comando Militar do Leste (CML), funcionarão os centros de Coordenação Tático Integrada, de Defesa de Área, e de Defesa Cibernética – cuja equipe será deslocada de Brasília para o Rio. O primeiro é destinado exclusivamente a atuar em ações de prevenção e combate ao terrorismo.
Apesar do Brasil não ter histórico de atentados terroristas, o general José Alberto da Costa Abreu diz que as explosões durante a maratona de Boston (EUA), no dia 15 de abril, que deixaram três mortos e mais de 280 feridos, foi mais um alerta sobre a necessidade do país estar preparado para qualquer ameaça.
"Acende a luz `verde´, de que tudo pode acontecer. Não que nós não estivéssemos preocupados com isso antes, estamos, claro, porque a responsabilidade é muito grande. Então, temos que estar preparados para qualquer eventualidade. Não é possível dizer que não vai acontecer no Rio. A expectativa é que tudo transcorra bem, mas temos que estar preparado para fazer frente a qualquer ameaça", frisou o general, acrescentando que a ABIN coordenará os serviços de inteligência.
Transporte do Papa
Um avião da Força Aérea Brasileira transportará do Vaticano, em Roma, para o Rio, dois veículos papamóvel, que são blindados. A previsão é que um deles seja usado pelo Papa Francisco durante sua passagem por Copacabana, na Zona Sul, onde será realizada a encenação da Via Sacra, enquanto o outro ficará na reserva.
Quatro helicópteros do modelo Cougar, de fabricação francesa, – dois da Força Aérea, um do Exército e outro da Marinha – ficarão à disposição para transportar o Papa e o séquito papal em grandes deslocamentos. Cada um deve transportar até 12 pessoas, confortavelmente, segundo o Exército.
O Papa Francisco deve seguir para Guaratiba e para o Sumaré, onde fica a residência oficial da Arquidiocese do Rio, de helicóptero. Para a Via Sacra, o Pontífice deve pousar de helicóptero no Forte de Copacabana e, depois, percorrer o trajeto de papamóvel. De acordo com o Exército, o papa sempre será acompanhado por um helicóptero UTI, cedido pelo Governo do Estado da Bahia.