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J&F culpa nos EUA escritórios de advocacia por ‘jogo duplo’ de procurador
Grupo entra com ação na Justiça americana contra Trench Rossi Watanabe e Baker e Mckenzie em que pede indenização por prejuízos supostamente causados à hold no Brasil
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Luiz Vassallo/SÃO PAULO, Rafael Moraes Moura, Amanda Pupo e Téo Cury/BRASÍLIA
11 Abril 2018 | 19h26
A J&F entrou com ação nos EUA contra o escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe e Baker e Mckenzie em que pede indenização pelos prejuízos supostamente causados à hold no Brasil. A atuação do ex-procurador da República Marcelo Miller em torno do acordo de leniência da empresa embasa o principal argumento da J&F. A informação foi antecipada nesta quarta-feira, 11, pelo blog da coluna Direto da Fonte, de Sonia Racy.
Segundo o grupo, os escritórios não avisaram sobre a possibilidade de ser ‘problemática’ a participação de Miller, enquanto ainda era integrante do Ministério Público Federal, na elaboração dos termos de colaboração dos executivos da hold.
Segundo afirmaram à Justiça americana, ‘no início de 2017, o mesmo período em que estavam representando a J&F, os escritórios Trench Rossi e Baker aprovaram a contratação de um promotor sênior na Procuradoria (MPF), Marcello Miller, para se tornar sócio da Trench Rossi’.
Eles alegam que ‘Miller passou a ser ‘membro da equipe jurídica que representa a J&F, trabalhando ao lado de advogados do escritório de Trench Rossi em São Paulo e do escritório de Baker em Washington, D.C., antes de deixar o cargo com no Ministério Público Federal’.
“Durante várias semanas, enquanto ainda estava empregado como promotor, o sr. Miller participou com advogados da Trench Rossi e Baker em sessões de estratégia e reuniões com a J&F e seu pessoal, incluindo seu conselho geral.”
“O Sr. Miller também trabalhou com parceiros de Trench Rossi e Baker em uma apresentação que ele e os parceiros entregaram em nome da J&F, no dia seguinte ao Sr. Miller deixar o MPF, para funcionários do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (“DOJ”) em Washington, D.C.”, dizem.
Na petição, a J&F afirma que ’em nenhum momento, os advogados do Trench Rossi ou Baker avisaram à J&F de que era problemática a participação no grupo jurídico da companhia enquanto ele ainda trabalhava como procurador’.
Os advogados não forneceram ‘qualquer indicação de falharam ao não tomar medidas apropriadas para assegurar que a participação do Sr. Miller como advogado da J&F não fosse considerada imprópria a ponto de não prejudicar os interesses da J&F’.
Miller integrou a força-tarefa da Operação Lava Jato e atuou nas delações do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT/MS) e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Ele foi pivô da crise que culminou com a suspensão do acordo de delação premiada de executivos da J&F e JBS e com a prisão de Joesley Batista.
Joesley e Saud, por meio de suas defesas, entregaram à Procuradoria, em anexos complementares à delação, por engano, áudio em que confessam a participação do ex-procurador, enquanto ainda estava no cargo, na elaboração dos termos dos acordos da hold.
O áudio da JBS mostra um longo bate papo de Joesley com Ricardo Saud.
Os dois articulam estratégias para tentar neutralizar o Supremo Tribunal Federal e citam contatos com Miller, quando ele ainda supostamente exercia a função de procurador, como braço direito de Rodrigo Janot, o procurador-geral da República.
A suspeita é que quando pediu exoneração do cargo no Ministério Público Federal, Miller já atuava por um escritório contratado pelo grupo J&F para fechar acordo de leniência com a Procuradoria.
No áudio dos delatores, Miller é mencionado por Joesley como um procurador da República que estaria atuando em benefício do grupo.
“Não é que não tem. Nós vamos, eu já falei pro Francisco (Assis e Silva): tem que resolver isso, nós vamos ajeitar. Fernandinha (advogada), você vai ajeitar o Marcelo, que nós já estamos ajeitando. Nós vamos conhecer o Janot, nós vamos conhecer não sei quem, e quem precisa do que?”, diz o empresário na conversa gravada.
COM A PALAVRA, J&F
A hold informou que não irá se manifestar.
COM A PALAVRA, TRENCH ROSSI WATANABE
Trench Rossi Watanabe não comenta assuntos de clientes ou processos em andamento. O escritório informa que, desde o primeiro momento, colaborou com as autoridades e forneceu todos os documentos que contribuíssem para o esclarecimento dos fatos.
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