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HADDAD – Instituições estão se sentindo ameaçadas pela linha dura das Forças Armadas

Marina Dias

Folha de São Paulo

Em uma de suas falas mais fortes sobre a disputa presidencial deste ano, o candidato do PT, Fernando Haddad, afirmou que as instituições estão se sentindo ameaçadas pela linha dura das Forças Armadas e que, por isso, têm demorado para reagir aos ataques da campanha de Jair Bolsonaro (PSL).

“As instituições estão se sentindo ameaçadas, inclusive pela linha dura de parte das Forças Armadas”, disse Haddad nesta segunda-feira (22), antes de participar de evento com catadores de material reciclável em São Paulo.

O petista listou o que chama de uma série de ameaças ao STF (Supremo Tribunal Federal), à imprensa e à oposição ao capitão reformado, verbalizada pelo próprio candidato e por vários de seus apoiadores nas últimas semanas.

Um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo, por exemplo, disse que “bastam um soldado e um cabo” para fechar o Supremo.

Haddad questionou o papel do ministro Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) no processo eleitoral e insinuou que o general se colocou como “ameaça” ou “tutela” para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ao participar de uma coletiva de imprensa, neste domingo (21), ao lado da presidente da corte, Rosa Weber.

“O que o Etchegoyen tinha que estar dando entrevista do lado da Rosa Weber? Quem é ele? Qual autoridade que ele tem no TSE? O que ele tem com isso? Ele foi lá se colocar como uma ameaça, tutelar? Isso nunca aconteceu. Os tribunais não precisam disso", afirmou Haddad.

Um dos mais poderosos ministros de Michel Temer, Etchegoyen é general do Exército e deu um protagonismo às Forças no governo que estava adormecido desde a redemocratização.

O candidato do PT disse que é preciso deixar de lado a “tradição autoritária que o Brasil sempre teve” se não quisermos correr “riscos físicos” daqui pra frente.

“Se ele [Bolsonaro] tem coragem de ameaçar a democracia antes da eleição, imagina o que fará com apoio dos eleitores”, disse o petista.

Haddad elogiou o decano do STF, que classificou de “golpista” a fala de Eduardo Bolsonaro, e disse que telefonaria ainda nesta segunda para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também condenou as declarações do filho do capitão reformado.

A escalada do tom autoritário e agressivo de Bolsonaro e seus apoiadores tomou a reta final da campanha. 

Haddad voltou a dizer que a equipe de seu adversário é formada por “milicianos” que querem tomar o poder “pela força” e que as autoridades precisam tomar alguma atitude.

“Essa turma é de milicianos, esse pessoal é são muito perigoso. São milicianos tentando tomar o poder pela força. Estão agredindo as pessoas, intimidando as instituições, as instituições precisam reagir”, disse o petista.

“O discurso dele é um absurdo, ele ameaça a sobrevivência física da oposição a ele. E as instituições demoram a reagir”, completou.

O candidato do PT disse ainda que Bolsonaro vai além das ameaças que jornalistas vêm recebendo ao dizer que quer um país “sem um determinado órgão de comunicação, no caso a Folha de S.Paulo”.

Ao ser questionado sobre de que forma as instituições poderiam reagir, Haddad disse que “julgando as ações impetradas” por sua campanha no TSE com base na reportagem da Folha.

O petista pede que Bolsonaro seja declarado inelegível caso seja comprovado fraude eleitoral. 

“Se todo mundo sabe que houve fraude eleitoral com dinheiro sujo para bombear as redes com mensagem falsa. Por que se está esperando?”.

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