Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José Elito Carvalho Siqueira, voltou a negar na quarta-feira (17) que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) tenha monitorado movimentos sindicais ou portuários em qualquer dos portos brasileiros, incluindo o de Suape, em Pernambuco.
Segundo ele, apesar da Abin acompanhar a situação nos mais de 20 portos do país, assim como acompanha outros setores estratégicos para o Brasil, não houve qualquer orientação para um monitoramento específico dos trabalhadores nesses estabelecimentos. “A preocupação que não podíamos deixar de ter era a de uma provável paralisação total dos portos do país. O objetivo era alertar as autoridades para adotar ou não medidas preventivas para evitar um caos”, explicou.
As declarações que vêm sendo reiteradas pelo general nas últimas semanas, foram repetidas hoje, durante uma audiência pública na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional. Os parlamentares convocaram o ministro para ouvir explicações sobre denúncias publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo a respeito de uma operação que teria sido montada para monitorar movimentos de paralisação e greve de trabalhadores no Porto de Suape.
O ministro também afastou qualquer interesse nas investigações sobre uma entidade específica. Em uma das denúncias divulgadas, a Força Sindical, uma das maiores centrais sindicais do país, é citada como o principal alvo da suposta operação da Abin. “Uma situação nos portos preocupa qualquer cidadão. Não trata-se da Força Sindical, mas das consequências que [as paralisações] poderiam ter”, disse.
O general citou o cálculo de especialistas que consideram que a paralisação de um dia nas atividades portuárias significa a necessidade de mais 30 dias para liberar o fluxo do porto que foi atrasado. Segundo ele, esse é um problema institucional que pode afetar o país em vários segmentos e essa é a atribuição do sistema de inteligência.
“[A ABIN] acompanha situações que podem causar problemas institucionais para o país. O sistema tem atuado de forma bastante institucional e em cima do que preconiza sua lei”, disse ele, garantindo que “o foco jamais será desviado”.