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Governo suíço investiga empresa de criptografia do país ligada à CIA

O Conselho Federal (governo) confirmou na terça-feira (11) que está investigando os relatos de que a Crypto, uma empresa de criptografia de comunicações baseada em Zug, pertenceu secretamente à CIA e ao serviço secreto da Alemanha Ocidental durante décadas.

Os serviços de inteligência estrangeiros adquiriram a empresa suíça em conjunto em 1971 através de uma fundação de fachada registrada no Liechtenstein, de acordo com 280 páginas de documentos, relatados na Suíça pela emissora pública SRF.

Nas décadas seguintes, os serviços de inteligência ouviram e leram centenas de milhares de mensagens entre governos, embaixadas e comandos militares em todo o mundo.

A espionagem teria continuado até pelo menos 2018 e mais de 100 países em todo o mundo foram espionados.

A Crypto supostamente tinha dois tipos de produtos de criptografia: um totalmente seguro e o outro não seguro. A Suíça foi um dos poucos países a receber a versão segura.

Envolvimento suíço

O programa de notícias Rundschau da SRF também informa que o Ministério da Defesa informou o governo pela primeira vez sobre o caso em novembro do ano passado. O governo abriu uma investigação oficial após sua reunião em 15 de janeiro.

Como resultado da investigação, o Ministério da Economia também confirmou que a licença geral de exportação dos dispositivos da Crypto havia sido suspensa "até que as questões em aberto fossem esclarecidas".

O Washington Post, que publicou seu artigo investigativo na terça-feira (11), chamou a operação de "golpe de inteligência do século" e um dos "segredos mais bem guardados da Guerra Fria".

Em 2015, uma reportagem da BBC já havia revelado que a Crypto trabalhava com a Agência de Segurança Nacional dos EUA, a NSA, e os serviços de inteligência britânicos durante a Guerra Fria.

E em 2000, um relatório apresentado em comissão do Parlamento Europeu denunciava o uso pelos americanos e britânicos de uma rede planetária de informação, comandada pelos EUA, para espionagem econômica e militar. A empresa suíça contribuindo para eficácia dessa rede.
 

Suíça é a plataforma preferida dos espiões estrangeiros

A Suíça é um centro de encontro cada vez mais usado por agentes de serviços secretos estrangeiros, informa o jornal suíço NZZ am Sonntag. No entanto, o serviço de inteligência suíço pretende reprimir essa prática.

A matéria do jornal de Zurique diz que o ressurgimento da Suíça como centro para reuniões de espionagem é devido à localização geográfica central do país, boa infraestrutura e baixo nível de vigilância policial.

O jornal cita fontes dizendo que o número de encontros na Suíça entre espiões de países estrangeiros "explodiu" nos últimos anos devido à crescente demanda por informações secretas. As fontes não quiseram ser citadas.

Durante essas reuniões, agentes de serviços secretos estrangeiros conferem missões estrangeiras a espiões, entregam pagamentos e coletam informações, acrescenta a matéria.

"Eles se parecem com você ou eu, apenas menos visíveis", diz o NZZ. "Eles se encontram nos lobbies dos hotéis de Zurique, nos apartamentos diplomáticos de Berna e nas salas de conferência de Genebra. E vivem com falsas identidades, chamadas nomes de código".

Segundo o jornal, Genebra é um lugar favorito por causa do grande número de organizações internacionais.

O serviço de inteligência suíço está ciente das reuniões e instaurou medidas para "descobrir, prevenir ou pelo menos perturbar" esses encontros, disse a porta-voz Isabelle Graber ao jornal. Para fazer isso, ele trabalha em colaboração com alguns Estados estrangeiros relevantes.

"Não é do interesse da Suíça ter fontes se encontrando em seu território que vão contra os interesses de um país amigo", diz Graber. "Em troca, esperamos que os países amigos também trabalhem da mesma maneira para parar a atividade de espionagem em seu território que seja contra os interesses da Suíça.

Em 2016, os eleitores suíços também aprovaram uma nova lei para dar aos serviços de inteligência mais ferramentas para acessar as linhas telefônicas privadas e monitorar as atividades do ciberespaço.

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