O Seminário Brasil: Imperativo Renascer, apresentado na manhã de terça-feira (23 no Palácio da Justiça, no Rio de Janeiro, em celebração aos 20 anos da Revista Insight-Inteligência, editada pela Insight Comunicação.
O evento foi aberto pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Milton Fernandes de Souza, o seminário se configurou como espaço para reflexão sobre os desafios do Brasil. Atores das cenas política, econômica e acadêmica apresentaram alternativas para superação das crises econômica e social.
O general Villas Bôas
O comandante do Exército Brasileiro, General-de-Exército Eduardo Villas Bôas, afirmou que uma intervenção militar no país seria um retrocesso, embora, ainda segundo o general, uma pesquisa de opinião aponte que 43% da população apoie a ideia.
“Interpreto também aí uma identificação da sociedade com os valores que as Forças Armadas expressam, manifestam e representam”, completou. Isso é um termômetro da gravidade do problema que estamos vivendo no País. Uma intervenção militar seria um enorme retrocesso hoje, mas interpreto aí alguma identificação da sociedade com os valores que as Forças Armadas expressam”, afirmou Villas Bôas, em palestra durante o seminário “Brasil: Imperativo renascer”, promovido pela Insight Comunicação.
Sem citar as eleições de 2018, o comandante do Exército disse, em momento anterior da palestra, que esses valores estão se perdendo e que a sociedade brasileira corre o risco de uma fragmentação. “Se não uma fragmentação territorial, já está a caminho uma fragmentação social”, disse Villas Bôas na palestra.
Assunto Defesa e ouso dizer Política Externa não dá voto! Na última campanha poucos candidatos tocaram nestes desafios. A sociedade também não entende os princípios q regem esses pilares de Estado. Foram temas discutidos há pouco no seminário da revista Insight Inteligência pic.twitter.com/qZUfL3rqtP
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) 23 de janeiro de 2018
O general associou a “fragmentação social” à incorporação pela sociedade brasileira, de forma “passiva”, de “ideologias”. “Incorporamos tanto ideologias políticas quanto ideologias sociais que estão nos desfigurando como nação e alterando nossa identidade”, afirmou.
Segundo Villas Bôas, “todos os problemas se tornam ideologia” e, quando o foco fica nas ideologias, os resultados e a busca de soluções ficam de lado. Assim, quanto mais “ambientalismo”, mais problemas ambientais; quanto mais “indigenismo”, mais os “coitados dos nossos índios” ficam abandonados; quanto mais “luta contra o preconceito racial”, mais “racialismo”; quanto mais “se discutem as questões de gênero, mais preconceito nessa área se verifica”, afirmou o general. “Por incrível que pareça, até mesmo, está surgindo no nosso País intolerância religiosa”, completou.
Para o comandante do Exército, por trás “disso tudo” está a falta de “disciplina social” na sociedade brasileira. E a “falta de limites”, segundo Villas Bôas, relacionada com as “carências da nossa educação” e com a perda da “presunção da autoridade”, não só dos agentes públicos, mas até mesmo dos professores em sala de aula. “Essa falta de limites está fazendo com que a nossa sociedade vá se desagregando paulatinamente”, afirmou Villas Bôas
O BNDES e a FGV
Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, disse ser necessário realizar mudanças estruturais no país, que passam pela Reforma da Previdência, pela queda nos juros e pela redução da carga tributária. Ao ressaltar os 65 anos do banco de fomento, defendeu uma parceria entre as instituições estatais e a sociedade para alavancar o desenvolvimento do país.
O presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Ivan Simonsen Leal, observou que muitos dos problemas econômicos do país decorrem da ausência de planejamento estratégico no orçamento. Já o embaixador Jorio Dauster assinalou a carência de representatividade dos partidos políticos brasileiros como um dos fatores que acirram a crise política.
Cientista político, Wanderley Guilherme dos Santos mostrou projeções de dados de crescimento social e atividade econômica do Brasil para os próximos 20 anos. “Há uma revolução digital trazendo destruição de empregos. E percebemos o despreparo de nossas elites para enfrentar esse cenário”, afirmou.
Por fim, o editor de Insight-Inteligência, Christian Lynch, buscou inspiração em Alberto Torres, um dos expoentes do pensamento ruralista brasileiro. Ao citar as obras “O problema nacional brasileiro” e “A organização nacional”, ressaltou fissuras no tecido social, que sinalizam, na opinião de Lynch, a demanda por reformas urgentes nas esferas política e econômica do Brasil.
Sobre a Insight-Inteligência
Publicada desde 1997, a revista Insight-Inteligência consolidou-se como um dos mais conceituados projetos editoriais do país. Seus artigos e ensaios refletem o que há de mais pulsante na elite intelectual brasileira. Uma das principais marcas da revista é a combinação de um amplo espectro de articulistas com a pluralidade de pensamento, algo que se reflete nos Conselhos Consultivo e Editorial, nos quais figuram nomes como Maria da Conceição Tavares, Eliezer Batista, Carlos Ivan Simonsen Leal, Wanderley Guilherme dos Santos, Aloisio Araújo, Carlos Lessa, Cesar Maia, Daniel Dantas, entre tantos outros.
A Insight-Inteligência é distribuída para um golden mailing, um corte que reúne autoridades dos Três Poderes, os altos comandos das Forças Armadas, líderes empresariais, acadêmicos, prelados, jornalistas e formadores de opinião. Publicação do segmento de ciências humanas que reúne o maior número de qualificações no Qualis – sistema brasileiro de avaliação mantido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) -, a revista está avaliada nas áreas de Direito, Ciência Política e Relações Internacionais, Ciências Ambientais, Comunicação e Informação, Saúde Coletiva e Interdisciplinar.