O CONFLITO ISRAEL PALESTINA E A INTERVENÇÃO
DO GOVERNO BRASILEIRO.
Carlos Alberto Pinto Silva[1](*)
Estratégia nacional é a arte de preparar e aplicar o poder nacional para superando os óbices, conquistar e manter os objetivos nacionais, de acordo com a orientação estabelecida pela política nacional.
O Estado pode adotar dois métodos estratégicos para solucionar conflitos em que se veja envolvido: Método da estratégia direta – Caracterizada pelo emprego ou pela simples ameaça de emprego do poder nacional com predominância da expressão militar; e o método da estratégia indireta.[2]
A opção pela estratégia indireta ocorre em função da inexistência de uma superioridade esmagadora dos meios militares e/ou da falta de liberdade de ação e/ou da convicção que a solução para o conflito pode e deve ser obtida sem o emprego da violência ou com o emprego da violência, mas sem preponderância da Expressão Militar do Poder Nacional.
O método indireto usa qualquer uma das Expressões do Poder Nacional, que não o militar, para persuadir ou coagir o adversário a aceitar uma solução do conflito; a Expressão Militar contribui de forma complementar, já que o Poder Nacional é indivisível. Basicamente emprega a:
– Persuasão – meios Diplomáticos e Jurídicos;
– Coerção – meios Políticos, Econômicos ou Psicossociais.[3]
Portanto, a Estratégia Indireta é "A arte de saber explorar, ao máximo, a estreita margem de liberdade de ação que escapa da dissuasão pelas armas e conseguir sucessos decisivos, apesar da limitação, por vezes extrema, dos meios militares que podem ser empregados."[4]
Em estratégia, mais do que em outros domínios, é preciso saber distinguir o essencial do acessório.
Na estratégia indireta, o essencial esta centrado na busca da liberdade de ação, o interesse vai se concentrar nos meios indiretos capazes de assegurá-la; é aí que o esforço deve ser feito em prioridade.
A manobra consiste em realizar o máximo possível de persuasões e coerções: a escolha destas deve ser feita partindo das vulnerabilidades do sistema adverso – opinião pública interna, economia, tabus da psicologia (negra, muçulmana, etc.) tráfico de drogas, terrorismo, dentre outras.
Disto deve-se deduzir a linha política. É preciso notar que uma linha política defensiva teria um fraco valor de dissuasão, porque a chave da dissuasão é a capacidade de ameaçar. É preciso uma linha política ofensiva.
Outro elemento do prestígio dissuasório é estabelecer a credibilidade da nossa capacidade e vontade de agir, é a posse de uma doutrina dinâmica, portanto rejuvenescida, que poderá conduzir a este resultado. Enfim, o prestígio resulta, em parte, do temor que se pode inspirar. Sobretudo com relação às nações mais desenvolvidas, a "cara" representa um papel considerável.
Para o General POIRIER (Exército Francês) “a estratégia é a dialética das forças concebidas, organizadas e empregadas para atingir os objetivos, definidos como meios da política.” Ela (A estratégia) é também a dialética das liberdades de ação necessárias para cumprir os projetos políticos. É preciso desencorajar os outros, para um Governo a estratégia é a ação sobre a vontade dos outros para que eles não façam, ou não façam mais, obstáculos à realização do nosso projeto político. Com isto quer se dizer que a estratégia deverá ter efeitos psicológicos convenientes sobre os dirigentes de outros Estados, que concentram a vontade e a inteligência das nações que representam.
Nas relações internacionais a função do Poder é fazer prevalecer o interesse nacional de um Estado sobre o dos outros. O que mais importa é a percepção de Poder de uns relativamente a outros.
Para Norberto Bobbio o Poderé a capacidade de influenciar, o que implica também meios de persuasão e coerção.
No conceito de Poder, portanto, está subjacente a capacidade de um país de defender seus interesses no campo interno e externo, sendo assim oportuno definir Poder:
– “… capacidade de uma unidade política impor a sua vontade às outras unidades”[5].
– “A capacidade de uma nação para usar os seus recursos, de modo a afetar o comportamento de outras nações”[6].
Na coação, limite máximo de utilização de poder, temos o recurso ao uso dos meios militares e, neste caso, para se exercer o Poder é preciso ter Força Militar capacitada, preparada e pronta para o emprego.
Vamos então passar a questionar o envolvimento do Brasil no conflito Israel, Palestina:
– Qual método estratégico e forma (Para resolução de conflito) o Brasil adotou na crise Israel Palestina?
– O conflito Israel Palestina está na área de interesse geoestratégico do Brasil?
– O Brasil tem Poder (Capacidade) de causar efeitos psicológicos convenientes, nos dirigentes políticos e no povo israelense e palestino, e fazer prevalecer o seu interesse?
– O Governo brasileiro está disposto a usar os meios de Persuasão (Diplomáticos e Jurídicos), e de Coerção (Políticos, Econômicos ou Psicossociais), que dispõe para causar efeitos psicológicos convenientes sobre os dirigentes Israelenses e Palestinos, que concentram a vontade e a inteligência de suas nações?
– O Brasil é capaz de assegurar o máximo de liberdade de ação, com apoio de organismos internacionais, organizações não governamentais, e opinião pública internacional, com a finalidade de paralisar o conflito?
– O Brasil possui Poder Militar para complementar a Persuasão e a Coerção, se necessário, já que o Poder Nacional é indivisível?
– Qual a percepção de Poder que Israelenses e Palestinos têm em relação ao Brasil?
Países se movimentam conforme seus interesses e obtém sucesso em função de sua capacidade e vontade de exercer Poder.
“Os regimes não se mantém com padre-nossos”[7].
Os Estados não se defendem com exigências de explicações, de pedidos de desculpas, e ou com discursos em organismos internacionais.
“Quando encontrar um espadachim, saque da espada: não recite poemas para quem não é poeta”[8].
Bibliografia
– Philippe Moreau Defarges – Problemas Estratégicos Contemporâneos.
– C 124-1 Manual de Campanha – Estratégia.
-Planejamento Estratégico – Resenha – CPEAEX/92 (Temas para Reflexão) Estratégia Indireta – André Beaufre.