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“Exército e futuro da nação”

Cezar Benevides


Apesar da carreira militar parecer pouco atrativa para a juventude, a disputa por uma vaga nas escolas militares continua sendo muito intensa e o acesso é realizado por concurso público. Os oficiais são formados para ser líderes da nação em Estado democrático de direito. Não é uma missão fácil. A rotina desgastante é idêntica a dos quartéis, mas tudo funciona muito bem.

O descrédito com a educação brasileira não atinge as escolas militares. O Instituto Militar de Engenharia (IME), Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Academia da Força Aérea (AFA), Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Escola Naval e as escolas de formação de oficiais generais como, por exemplo, a Escola de Guerra Naval continuam sendo instituições exemplares. Passei por algumas delas e muito me orgulho da minha experiência na caserna. 

Existe na historiografia brasileira um grande número de publicações sobre generais do passado. Entendo que a grande questão atual é enfocar a geração de líderes militares pouco conhecidos, verdadeiros guardiões de nossa democracia.

Ninguém que está começando a vida profissional na adolescência pode saber o que encontrará no futuro. Estou tendo a sorte de encontrar um país que vem fortalecendo as suas instituições e ao mesmo tempo reencontrando, aqui em Campo Grande, grandes camaradas da juventude que são hoje respeitáveis lideranças militares.

Cabe a essa geração a difícil missão de apontar para o futuro o papel de nossas Forças Armadas. Posso assegurar que os militares brasileiros trocaram artefatos bélicos e regime de força por informação, tecnologia e desenvolvimento econômico, integrado e sustentável. Podemos ver, claramente, que o conceito atual de defesa ultrapassa a questão meramente territorial, tema a que estou novamente me dedicando em novos estudos de estratégia militar.

Assim, nesse novo mapeamento da geopolítica nacional a integralidade do Estado está profundamente associada à qualidade de vida da sociedade brasileira.

Há algo de essencialmente novo nesta política institucional, mas a questão da fiscalização das fronteiras continua sendo muito grave e ultrapassa a missão constitucional das Forças Armadas. O tráfico de drogas é indiscutivelmente o principal responsável pela criminalidade neste país.

Acredito que é preciso eliminar imediatamente o caráter territorial do tráfico brasileiro. Entendo que essa luta passa necessariamente pelo Congresso Nacional.

Neste momento, em que destinos de colegas estão mudando, como o do general de Exército Paulo Humberto, que está deixando o Comando Militar do Oeste, quero desejar muito êxito em sua nova missão em Brasília para que continue ajudando o Alto Comando a encontrar caminhos possíveis para o futuro do Brasil.

É necessário olhar para frente para fortalecer o estado democrático com formas mais sofisticadas de participação e inclusão política das Forças Armadas. No Brasil os sinais de esgotamento do atual modelo político são visíveis.

Por outro lado, o mundo experimenta um período de perda de confiança nas instituições democráticas, abrindo espaço para o avanço de regimes autoritários. Neste ponto as Forças Armadas brasileiras estão demonstrando uma enorme maturidade.
 

*Professor aposentado pela UFMS
Artigo publicado Correio do Estado – Campo Grande 13OUT2016

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