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Exclusivo – Comentários de um fiel Observador

Observador

Redação DefesaNet

 

1 – O impeachment de Jair Bolsonaro parece ter entrado em contagem regressiva. O presidente, nos parece mal assessorado por alguns oportunistas, mais preocupados com seu próprio prestígio pessoal do que com o comprometimento com um tão sonhado e esperado governo liderado por um ex-militar com valores caros à caserna. Engana-se quem acredita que o controle das polícias estaduais é a garantia de Bolsonaro no poder, assunto apresentado no interesse de governadores, um em especial que está prestes a perder o controle da PMESP.

O centro de gravidade está nas Forças Armadas, mais precisamente no Exército Brasileiro. Engana-se quem acredita que os militares seguem cegamente o líder. Comprometidos com a Constituição Federal, eles são os garantidores da estabilidade, das instituições e do próprio governo. Não serão os barulhentos militares da reserva, muitos com cargos no governo, que vão salvaguardar Bolsonaro no poder, mas sim os silenciosos militares do Serviço Ativo. Uma instituição do Estado.

Nem Centrão, nem STF, nem policiais e nem militares da reserva. Todos trocam de lado de acordo com a força das ondas e pularão do barco quando este começar a dar sinais de que pode afundar. E isso já começa a ser percebido. 

O Congresso e os Ministros do STF somente respeitam e temem uma única instituição de Estado: o Exército Brasileiro. Engana-se Jair Bolsonaro em pensar que participar em formaturas militares, está prestigiando os generais.  Ele faz isso somente para se autoafirmar como Comandante em Chefe. O presidente ainda não percebeu que ninguém na caserna discorda ou discute essa questão. Os militares sabem que o Presidente Eleito é o Comandante Supremo das Forças Armadas.

 

2 –  Jair Bolsonaro não tem prestigiar as Forças Armadas com a atenção e o foco necessário, pois a missão das Forças Armada em tempos de paz e guerra se resume em Preparo e Emprego, ou seja, treinar sem parar, para quando houver a necessidade de se empregar, estar apto a lutar e vencer.

Quando as Forças Armadas são empregadas, nenhum outro resultado interessa que não seja o sucesso na missão e a vitória na guerra. Mas, para isso, precisam de investimentos para reunir as capacidades necessárias, e o Capitão e se um ministro da Economia antimilitar esquecem que as Forças Armadas precisam de mais recursos para se manterem aptas a lutar pela liberdade do povo. Lula aprendeu rápido a lição, trabalhou para dar aos militares tudo: as ferramentas necessárias, e quem vai nas inaugurações do legado lulopetista é o próprio Bolsonaro (lançamentos do S-40 Riachuelo e S-41 Humaitá, F-39 Gripen, KC-390, etc).

O ano de 2021 é o momento para se iniciar os programas que são a essência da Força Terrestre, como os blindados. Se não forem adquiridos agora, não serão mais. No próximo ano, no Desfile Militar dos 200 Anos da Independência (2022), ao invés de mostrarmos as novas capacidades que nós darão mais algumas décadas de liberdade e independência, o que iremos mostrar ao mundo será um desfile de carros históricos, antiguidades e peças de museu. Jair Bolsonaro, deixe seu legado. Invista, depois passe em revista e lidere.

 

3 – O Ministério da Defesa e o Exército precisam urgentemente rever sua estratégia para a área de defesa cibernética. Até hoje a Defesa Cibernética não mostrou capacidade de enfrentar e defender a estrutura de dados do Brasil. Nunca antes as Forças Armadas e setores estratégicos do governo sofreram tantas ameaças, intrusões e invasões cibernéticas, com exposição e vazamento de dados sigilosos e informações pessoais, e parece que não foi e não é feito absolutamente nada. Essa é uma área crítica que merece ser gerida com seriedade, prioridade e grandes investimentos. (Experts consideram o Brasil um campo real da Guerra Cibernética)

– O Exército Brasileiro precisa olhar para o futuro. A guerra moderna mudou. Não podemos mais treinar e operar no presente mantendo os olhos, a doutrina e os equipamentos no passado. Investir na modernização de plataformas como os Leopard 1A5 e no Cascavel é um atraso estratégico, um passo largo em direção ao passado. O Exército Brasileiro precisa repensar seu futuro, e a guerra do futuro já é travada no presente. É necessária mobilidade estratégica, poder de fogo, precisão e C4ISR, sem esquecer de um alto índice de dispobilidade, o que somente veículos novos podem proporcionar. O conceito de Mid-Life-Upgrade é completamente compreensível nos programas militares, mas não um End-Life-Upgrade. Qualquer que seja a modernização feita nas plataformas Leopard 1 A5 e Cascavel será um desperdício do já limitado orçamento do Exército Brasileiro. Investir no Leopard 1 A5 é falta de estratégia, é colocar numa posição cada vez mais distante e incerta o desenvolvimento do novo Carro de Combate Brasileiro.  Investir no Cascavel é cortar recursos necessários e possivelmente inviabilizar a aquisição de um 8×8 apto a lutar a guerra do Século XXI, que vai dotar a Força Terrestre de capacidades para operações internacionais e com forte poder de dissuasão extrarregional no seu entorno estratégico.

5 – Acelerar o processo de transformação, que está em curso na Exército Brasileiro com a Força de Prontidão. Um dos resultados é a participação agora da Brigada de Infantaria Para-quedista no Exercício Culminating, em Fort Polk, nos Estados Unidos  

6 – Conflitos modernos como Azerbaijão, Ucrânia, Síria e Israel mostraram que existe uma necessidade de empregar Aeronaves Remotamente Pilotadas, não somente para tarefas de inteligência, vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos (ISTAR), mas como plataforma de ataque de precisão. Uma alternativa de grande custo-benefício é o emprego das chamadas munições oportunistas (loitering ammunition), ou também conhecidas como ARPs kamikazes. Elas tem provocado grandes perdas ao inimigo destruindo alvos de grande valor militar e de aquisição, à um custo muito baixo e sem colocar em risco a vida dos soldados. Países vizinhos do Brasil ja adquiriram dezenas de unidades desse tipo de armamento.

7 – O Ministério da Defesa deve focar a atenção em Fernando de Noronha. Esse é o porta-aviões inafundável, que o Brasi possui. Uma base aeronaval e de inteligência deveria ser instalada ali, de onde seriam lançadas aeronaves de patrulha marítima e ARPs para inteligência, vigilância e reconhecimento. Uma complexa rede de radares e sensores deveria cobrir toda região do Atlântico Sul. Salvaguardar os interesses estratégicos do Brasil é mais importante que qualquer lei de proteção ambiental. O impacto no meio ambiente de uma base de desdobramento ou instalação permanente será muito pequeno se comparado aos benefícios que poderá trazer ao país.

8 – As Forças Armadas brasileiras precisam se preparar para retomar a liderança e enviar tropas para mais uma Missão de Paz das Nações Unidas. Devido às questões políticas internacionais, às quais possuem profunda relevância, influência e reflexos na política nacional é de fundamental importância projetar o Poder Nacional e a imagem do Brasil como uma nação pacificadora, bem preparada militarmente, responsável e com voz ativa nas questões internacionais.

No momento, em que o Brasil retorna como membro rotativo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, faz-se urgente mais uma vez integrar uma missão de paz. Isso é importante para as Forças Armadas, principalmente para o Exército Brasileiro, pois é uma forma de adestramento em condições operacionais reais, trazendo grandes conhecimentos doutrinários e técnico-operacionais. O emprego real tira nosso militar da mesmice da tarefas subsidiárias, como a GLO, e o torna mais agreste e preparado. A Força Aérea Brasileira deveria disponibilizar às Nações Unidas um KC-390, pois uma operação internacional funcionaria como um marketing fundamental para alavancar as vendas da aeronave, assim como na formação da sua doutrina de emprego. Vendo o KC-390 pintado de branco e com a insígnia da ONU, ganha a indústria brasileira de defesa, ganha a Força Aérea Brasileira.

É importante destacar que o Brasil precisa participar de uma Missão de Paz de relevância internacional e com complexidade operacional. Deve ser uma operação de paz de caráter militar e não de polícia. Isso poderia ser adquirido em missões na República Centro-Africana, Mali, Ucrânia e República Democrática do Congo, e até em Moçambique. Enviar tropas terrestres para uma missão como a UNIFIL, no Líbano, é como enviar soldados para além-mar somente para realizar Ação Cívico-Social (ACISO), ou seja, sem nenhum ganho tático-operacional às FFAA ou que traga algum prestígio à Nação Brasileira.

9 – Um novo cenário operacional para as Missões de Paz surge na Pós Pandemia. Necessitamos estar inseridos neste contexto operacional.

10 – O pesado encargo da Operação Acolhida, reconhecida pelas Nações Unidas e tendo alcançado 1.000.000 de atendimentos, desde junho de 2018,  é desconhecida pela imprensa e pouco explicitada, até mesmo pelo Sr Presidente, enquanto o país sofre uma ação midiática e mais uma no contínuo esforço de desestabilização do governo venezuelano no Arco Norte, agora na crise sanitária em Manaus.  

11 – Com a saída de Trump, Bolsonaro fica cada vez mais isolado no cenário internacional. Na União Europeia, somente a Itália apoia o Brasil, todos os demais países criticam duramente o governo Brasileiro, principalmente seguindo a demagógica agenda ambientalista patrocinada pela Alemanha e seguida pela França, que poderá trazer grandes perdas ao país. Na América Latina, o ressurgimento da esquerda é um fantasma que assombra. Nem Trump nem Bolsonaro tiveram força para derrubar Maduro.  Nas relações internacionais o governo Brasileiro precisa tornar-se mais pragmático e menos ideológico em especial preso a dogmas eleitorais passados. Mesmo que não concorde com os internacionalistas-globalistas, não deixe de se fazer presente, sendo um ator participante.

A opinião do Brasil nos fóruns Internacionais sempre importou e assim vai continuar. O isolacionismo será prejudicial à economia e vai acelerar a saída de Bolsonaro, colocando um futuro de incertezas ao Brasil. Se não aceitar a sugestão, a Bolsonaro, ainda resta se entregar de braços abertos a Vladimir Putin e Xi Jinping, mas isso seria o suicídio político do presidente.  Ainda vale a pena fazer as pazes com o resto do mundo.

12 – Avaliar corretamente a extensão das ameças feitas, pelo sempre poderoso Ex-Embaixador Thomas Shannon, agora liderando o Diálogo Interamericano, e uma poderosa legião de membros da imprensa brasileira que tem o objetivo de atacar de forma insana as Forças Armadas Brasileiras (A delicada verdade sobre uma velha parceria). Como fruto destes ataques surgiu a forte posição da Força Terrestre (Exército Brasileiro exige Retratação)

13 – A crise do COVID-19 ora em curso em Manaus é a maior desde as queimadas na Amazônia. As consequências poderão ser ainda mais graves que a própria crise. A região Amazônica deveria sofrer imediatamente uma Intervenção Federal.

Embora se impute ao Governo Central, em Brasília, a culpa pelos acontecimentos, ela principalmente recai aos governos estaduais, alguns deles mais líderes de gangues que políticos, incapazes de administrar os estados, agravando cada vez mais a situação. Manaus, deve ser gerida como Estado de Guerra, com mobilização de todas as estruturas federais e estaduais para amenizar e resolver a crise. Trata-se de uma emergência humanitária que pode se transformar numa crise política e social, e o iminente eco internacional, mobilizando a opinião pública e os governos estrangeiros, pode ser um agravante.

O isolamento natural da região e o sentimento político e popular de que Brasília e o resto do país nada fazem para ajudar a população local pode enraizar-se e ser um impulsionador de um proto sentimento independentista. Isso é muito perigoso e de interesse de vários países, como a vizinha França. Precisamos olhar para fora do país e ver onde isso já aconteceu. A crise em Manaus é urgente e sua rápida resolução é estratégica.

Uma alternativa é colocar o controle de toda região nas mãos de um Ministério da Amazônia, a ser criado em substituição ao Conselho da Amazônia. A parte operacional da gerência da crise deveria estar a cargo do Vice-Presidente da República, General Hamilton Mourão, tal qual é a Operação Verde Brasil.

Embora sabotada por departamentos de outros ministérios do próprio governo, que paralisam a aquisição de equipamentos, sistemas críticos e ações, a operação Verde Brasil possui uma abrangência operacional similar ao necessário nesse momento. Os problemas não são pontuais na Amazônia, e precisam ser geridos de forma estratégica, dos níveis mais altos da República aos táticos e operacionais.

14 – Recente ação conjunta do Ministério da Defesa e Itamaraty fizeram o jornal Washington Post reconhecer os esforços da Operação Verde Brasil, após uma agressiva reportagem, e publicar retificação. Uma ação impossível para a ineficiente e decrépita Secretaria de Comunicação (SECOM).

15 – A necessidade de realizar tarefas de Evacuação Aeromédica de centenas de pessoas de Manaus para hospitais de outras regiões mostrou a incapacidade e a falta de planejamento das Forças Armadas e do Governo no que se refere a necessidade de meios para a realização dessas missões.

No início da Crise da COVID-19, o Exército fez um estudo que apontou a necessidade de aquisição urgente de helicópteros especialmente preparados para emergências médicas e de aviões para transporte de doentes (UTIs aéreas). Inicialmente a preocupação era com a “familia militar”, embora já se soubesse que ficariam a serviço de toda população. Empresas estrangeiras entregaram propostas de aeronaves especiais para pronta-entrega, mas houve reveses no Comando Logístico e as propostas teriam sido engavetadas quando chegaram ao Ministério da Defesa.

Na Defesa, ninguém sabe onde foram parar as propostas. Soma-se a isso, o embate entre FAB e EB sobre os C-23 Sherpa, provocando por unanimidade o cancelamento do Projeto de Modal Aéreo da Amazônia.

Tudo o que precisamos hoje é de capacidade logística e de transportes dentro da área do Comando Militar da Amazônia. Faltam aeronaves para apoiar as Forças Armadas, órgãos governamentais e a população local. Faltam estradas e ferrovias que interliguem as capitais da Amazônia ao resto do país. A crise é real, a necessidade é imediata. Não adianta viver de planejamento se eles nunca saem do papel.  As consequências de tudo isso, somente o futuro vai nos dizer. E ele pode não estar tão distante assim.

16 – A Pandemia COVID-19 não somente ceifa vidas e destrói economias, seu alvo agora é a autonomia e independência das nações. Notícias plantadas na mídia nacional indicam que países fornecedores de insumos para imunizantes (vacinas) exigem destituição de membros do governo brasileiro.  Outros estão deslumbrados com a possibilidade de entrarem no pequeno núcleo do V5 (países que produzem insumos e imunizantes para a COVID-19 no mundo). Tão poderoso como ter armas nucleares.

 

Final – Senhor Presidente, os comandantes têm de preparar suas Forças para quando a necessidade e a emergência surgir, pois serão cobrados publicamente se não conseguirem cumprir a missão. Hoje assumem riscos além do possível, pois uma política econômica restritiva, ultrapassada pelas novas realidades Pós-Pandemia, está limitando o real avanço do tecnológico, operacional e o reposicionamento geopolítico, economico e tecnológico brasileiro.

O Cenário Nacional construído por vários atores da República, um verdadeiro Plano de Poder, anteve tempos de difíceis e de tormenta. A construção de eximir-se da responsabilidade já está em construção. 

Os Comandantes sabem que os ataques atuais, midiáticos, cibernéticos e ameaças de desestabilização – são não contra um governo, mas ao Brasil

Momentos decisivos exigem ações marcantes, visíveis ou discretos, para fazer a história.

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