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Ex-espião russo pode ter sido envenenado na Inglaterra

Um ex-espião russo, identificado como Sergei Skripal, foi internado na Inglaterra em estado crítico após ser intoxicado com uma substância desconhecida, cuja origem a polícia britânica está tentando identificar.

Skripal, de 66 anos, e uma mulher de aproximadamente 30 anos foram encontrados no domingo (04/03) inconscientes, em um banco próximo a um parquinho na cidade de Salisbury, 120 km a oeste de Londres.

"O casal, que aparentemente se conhecia, não apresentava ferimentos visíveis. Eles foram levados ao Hospital Salisbury e estão sendo atendidos por terem sido expostos a uma substância desconhecida. Os dois estão internados em estado crítico na terapia intensiva", disse o comissário da polícia de Salisbury, Craig Holden. "Isso não é considerado um incidente de terrorismo e pedimos às pessoas que não façam conjecturas", completou.

A polícia afirmou que ainda não foi determinado se o casal foi vítima de um crime, mas enfatizou que não há riscos para a população e que a substância não representa um perigo para o público.

A polícia fechou na segunda-feira um restaurante italiano em Salisbury, como medida de "precaução", embora não tenha indicado se o casal fez alguma refeição no estabelecimento. De acordo com o jornal The Guardian, existem suspeitas de que Skripal teria sido envenenado com a substância Fentanyl, um opiáceo sintético 50 vezes mais forte que a heroína. O jornal, no entanto, não citou quem teria indicado a suspeita de uso do Fentanyl.

Após a divulgação do episódio, a imprensa britânica imediatamente fez referências ao caso envolvendo o envenenamento de outro ex-espião russo, Alexander Litvinenko, cuja morte em 2006 lançou luz sobre a perseguição a ex-agentes russos que procuraram refúgio no exterior. Litvinenko foi envenenado com a substância radiativa polônio-210, que foi colocada em uma xícara de chá  em um hotel de Londres.

Skripal, por sua vez, é um antigo coronel da espionagem militar russa que foi condenado em 2006 a 13 anos de prisão por alta traição. Ele foi acusado de ter agido a partir dos anos 1990 como um agente duplo, colaborando com os serviços de espionagem britânicos do MI6.

Em 2010, ele foi solto em uma troca com espiões russos que haviam sido presos nos Estados Unidos, em um episódio que lembrou antigos casos ocorridos durante a Guerra Fria.

Após a troca, Skripal foi levado ao Reino Unido e se instalou em Salisbury, onde aparentemente levava uma vida tranquila. Segundo a imprensa britânica, havia a suposição de que ele teria recebido uma nova identidade, mas registros locais apontam que ele adquiriu uma casa usando seu nome verdadeiro.

Ex-agente russo permanece em estado grave após incidente no sul da Inglaterra, diz polícia¹

Um ex-agente duplo russo e outra pessoa que estava com ele permanecem em estado grave após suposta exposição a uma substância desconhecida em Salisbury, no sul da Inglaterra, disse a polícia britânica nesta terça-feira, acrescentando que um membro do serviço de emergência também continua hospitalizado.

A polícia de Wiltshire disse em comunicado que o pub Bishop’s Mill onde a dupla foi encontrada foi isolado após o incidente, mas que não parece haver nenhum risco imediato à saúde pública.

Uma das duas pessoas em estado grave é um ex-agente duplo russo condenado por traição em Moscou por trair dezenas de espiões para a inteligência britânica, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento da investigação.

Kremlin diz estar disposto a trabalhar com Reino Unido em investigação sobre ex-agente¹

O Kremlin disse nesta terça-feira estar pronto para cooperar se o Reino Unido pedir ajuda para investigar um incidente envolvendo um ex-agente duplo russo que foi hospitalizado após ser exposto a uma substância desconhecida.

Sergei Skripal, ex-coronel do Departamento Central de Inteligência russo, está internado em estado grave, após ter sido exposto a uma substância ainda não identificada no sul da Inglaterra.

“Ninguém nos abordou com um pedido”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres, quando questionado se autoridades britânicas haviam buscado ajuda. “Moscou está sempre aberto a cooperar”.

Quando questionado sobre a especulação da mídia britânica de que a Rússia teria envenenado Skripal, Peskov respondeu: “Não demorou muito”.

Chamando o incidente de “uma situação trágica”, ele disse que o Kremlin não tinha informações sobre o que aconteceu.

“Nós não temos informações sobre qual poderia ser a razão, o que essa pessoa estava fazendo e ao que isso pode estar ligado”, disse Peskov.

Ele disse não saber se Skripal ainda era formalmente um cidadão russo.

Skripal foi condenado na Rússia por trair agentes para a inteligência britânica antes de ser posteriormente trocado como parte de uma permuta de espiões ao estilo da Guerra Fria em 2010, em Viena.

¹com agência Reuters

 

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