Julio Ottoboni
Especial para DefesaNet
O relatório final sobre as operações nas Olimpíadas está com a presidência da república e com o ministério da justiça. Ele foi produzido pelos militares e suas respectivas inteligências para o ministério da defesa e revelam um quadro, no mínimo, preocupante sobre algumas situações encontradas neste pente fino feito em diversas regiões do país.
O que mais prendeu a atenção dos militares foi à estrutura estabelecida e consolidada pelo crime organizado no Rio de Janeiro, São Paulo e que está rapidamente se proliferando pelo resto do país. As diferenças são gritantes entre as atividades dos grupos criminosos conforme o estado e região.
“Se hoje ocorrer algum ato terrorista no Brasil será contra o Estado de direito, legal, e vindo das outras formas de Estado que foram constituídas pelo crime organizado. Nos prendemos vários suspeitos e alguns deles nos chegaram por meio deste estado paralelo. Eles não queriam ter interferência em seus negócios e nem queda no faturamento, isso ficou claro”, observou o militar da inteligência.
Os avanços das manifestações dos partidos tidos como de esquerda também estão permeados pelas ações destes Estados criminosos. O relatório também mostra como está se dando esse apoio e o aliciamento de integrantes de gangues para incitar a violência e treinar os ataques, isso com o apoio de guerrilheiros importados dos países alinhados ao movimento Bolivariano, como Venezuela, Equador, Bolívia e Cuba, além de ex-integrantes do Sendero Luminoso, Montoneros, FARC e antigos grupos guerrilheiros.
Em São Paulo e já se expandindo para o Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, Paraná e com ações nos presídios do centro-oeste e região amazonense, o Primeiro Comando da Capital (PCC) age com grande profissionalismo, diversificando tanto a atuação criminosa, como tráfico de drogas, armas, roubos a caixas eletrônicos, controle e vigilância de bairros com milícias como adquirindo bens e estabelecendo atividades legais com hipermercados atacadistas, frotas de veículos para comercialização até fazendas de gato e, inclusive, igrejas que ‘lavam’ grande parte da receita vinda do submundo do crime.
Os militares viram que o PCC anulou diversos núcleos de militância de esquerda que estavam envolvidos com atividades criminosas, com a aquisição de armamentos e na formação de milícias e quadrilhas especializadas em furtos e assaltos. Em regiões como na cracolândia na cidade de São Paulo, as atividades de tráfico ali são basicamente feitas por integrantes das gangues do Rio de Janeiro e por estrangeiros.
“Fomos procurar por extremistas e terroristas e nos deparamos com um estado criminoso muito bem organizado e em plena expansão. Ele cresce nas brechas deixadas pelo estado legal e de direito”, comentou o militar da inteligência.
Em recente evento sobre Inteligência de Ordem Pública da Polícia Militar organizado pela Polícia Militar de SP o PCC foi classificado como uma “Corporação”. (ver PMSP – Êxito do Workshop de Inteligência de Ordem Pública Link)
A condição nos morros cariocas e na baixada fluminense e no Vale do Paraíba, dominada pelo tráfico de drogas do Rio de Janeiro, é totalmente diferente. Ali há um narcoestado, algo como o que Pablo Escobar criou em Medellin e depois se ramificou na Colômbia. Hoje, esse braço do fornecimento está estabelecido no Equador, parte da floresta peruana e principalmente na Bolívia.
Pela avaliação feita, eles não tem unificação, são feudos com comando próprio e diversos conflitos desde a aquisição da droga, transporte até sua distribuição.
“Infelizmente o quadro do Rio de Janeiro também envolve a policia local no suporte, políticos diversos e em vários níveis, autoridades do judiciário, ali é algo que se acomodou junto ao Estado legal e vou penetrando na estrutura.
Algo diferente de São Paulo onde o PCC criou uma estrutura semelhante a máfia do sul da Itália, só que comandada a partir dos presídios. No Rio há uma ostentação de poder para afrontar o outro e as relações são muito complicadas”, observou o informante que participou da elaboração do documento.
Para ele, a componente política no Rio de Janeiro é mais explícita, as relações com o tráfico estão enfronhadas na classe média e alta, nas relações cotidianas. Então, para se combater os islâmicos infiltrados nas comunidades foi adotado o acordo de ‘não agressão’ se eles protegessem os turistas e os jogos de ações terroristas. Mesmo assim os casos de roubos e furtos foram vários, mas os traficantes identificaram e entregaram a localização de alguns potenciais terroristas.
“O sistema de comunicação nos morros é muito eficiente, em questão de minutos eles estão não só informados como preparados para o combate. A comunidade toda funciona dentro do sistema, mas eles operam da mesma maneira há várias décadas e essa aproximação com o Estado legal também abriu brechas na estrutura funcional deles, os esquemas de corrupção foram crescendo com o tempo e demandando mais recursos. Lá também você encontra os templos voltados para a lavagem de dinheiro, os políticos, mas nada parecido com o profissionalismo do crime paulista”, salientou.
O relatório é confidencial e seu teor não será divulgado. Os serviços de inteligência devem criar estratégias elaboradas para o desmonte destas mega estruturas.
Os Estados Criminosos
Alguns pontos que devem ser analisados em uma aspecto mais amplo:
– A ação conjunta PCC-CV na morte do narcotraficante paraguaio Rafaat, em Pedro Juan Caballero, colocou em pânico a fronteira Brasil-Paraguai. A imprensa paraguaia exigiu durante coletiva em Foz do Iguaçu uma posição do Ministro da Defesa brasileiro, Raul Jungmann;
– Posteriormente a notícia de que o PCC ofereceu 5 milhões de dólares pelo assassinato do presidente do Paraguai Horácio Cartes;
– Não há um padrão nacional para as gangues criminais. O padrão do Rio de Janeiro e o de São Paulo não são sempre reproduzidos em escala nacional;
– No Rio Grande do Sul as gangues funcionam pela associação do lucro, não tendo afinidade por lealdade;
– Surgem ou ressurgem novas-velhas técnicas como o “Novo Cangaço”. A Polícia Militar da Bahia possui grupos chamados “Companhia Independente de Policiamento Especializado” (CIPE), uma para cada das 10 regiões do estado. Serão as novas volantes?;
– A técnica chamada de “Novo Cangaço”, domínio momentâneo de uma pequena localidade e roubo às instituições bancárias do local chega ao SUL (Santa Catarina e Rio Grande do Sul);
O pós FARC. O que esperar?
O “Acordo de Paz” a ser assinado e referendado por um plebiscito nacional, entre as FARC e o Governo Colombiano foi concebido pela organização narcotraficante marxista no período de 2013.
Nesta época os governos de esquerda dominavam a região (Brasil, Argentina, Bolívia, Venezuela e Chile), e serviriam de um guarda-chuva à continuidade da ações da FARC agora legalizadas pelo Acordo de Paz.
Porém, a rápida mudança do cenário político regional, em especial no Brasil, pode indicar que o acordo não seja de interesse. Em especial com quem ficará a administração das lucrativas produções e rotas do narcotráfico mantidas pela FARC.
Uma parte das FARC podem deslocar-se para a Bolívia e Paraguai (ver artigo EPP – Guerrilheiros paraguaios acionam alarmes regionais Link)
Na própria Colômbia as autoridades de inteligência já identificam que a guerrilha marxista ELN (Ejército de Liberación Nacional) trabalha para ocupar os atuais domínios das FARC.
O novo Inimigo
Outro ponto que deve ser considerado é o esforço de entidades estrangeiras que financiam ações políticas e basicamente todos os pesquisadores são financiados por entidades como : Open Society, Ford Foundation.
Os slogans como abaixo a militarização das PMs e críticas contra possíveis violências destas provêm desta linha ideológica. Ver a matéria da BBC Brasil: Quem são os policiais que querem a legalização das drogas e o fim da violência na corporação Link repetida pelo UOL Notícias Link.
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