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Escola militar anti-imperialista, a aposta de Morales na Bolívia

"Pátria, ou morte!", a consigna da Revolução Cubana, soou forte na inauguração da Escola Militar "anti-imperialista" da Bolívia, nesta quarta-feira (17). É o sinal da mudança nessa corporação militar, cuja fama de golpista a acompanhou na última metade do século XX.

A Escola Juan José Torres será passagem obrigatória para se chegar à patente de capitão. Este ano terá 100 alunos. Funciona em Warnes, uma localidade próxima a Santa Cruz (leste).

A instituição deve seu nome ao ex-presidente militar que, em 1970, expulsou a agência federal americana independente Peace Corps (Corpo da Paz) do país. Depois disso, foi derrubado e assassinado pela Triple A, a Aliança Anticomunista Argentina.

A Bolívia goza de liberdades democráticas há 34 anos.

Como lembra o general Gonzalo Durán, chefe das três forças militares, nenhum de seus camaradas jovens sabe o que é um golpe de Estado.

"O imperialismo, por seus interesses ideológicos, políticos e econômicos, fez as Forças Armadas enfrentarem seu povo em tempos de ditadura", declarou no ato de abertura da escola promovida pelo Evo Morales.

Depois de terem sido acusadas de cometerem mais de 100 golpes desde o início da República, em 1825, agora, as novas Forças Armadas devem promover "a descolonização, a igualdade de gênero, a interculturalidade e a inclusão social".

Depois de inaugurar a escola de comando militar "anti-imperialista", Morales disse que ela tem a missão de servir "para a defesa do povo, e não do Império".

O presidente advertiu que "as políticas de guerra do Império apontam agora para o controle da energia, da água, das matérias-primas estratégicas e do controle tecnológico científico".

Um ex-comandante do Exército e ex-congressista da direita, o general Marcelo Antezana, considerou desnecessária a criação dessa escola, embora tenha defendido que "no país deve imperar o nacionalismo".

"Evidentemente, na Escola das Américas, tentaram nos impor a doutrina da Segurança Nacional com o inimigo interno que eram os socialistas. Mas a Bolívia sempre teve inimigos internos (..) Por acaso o governo do presidente Morales não chama de inimigos os que pensam diferente?" – ironizou.

No Twitter, o líder da oposição boliviana, o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina, denunciou que Morales "subordina as FFAA ao grupo no poder".

Diante das críticas, o ministro da Defesa, Reymi Ferreira, considerou que à oposição "incomoda e dói a possibilidade de que sejamos soberanos e independentes. Não nos espanta. Sempre foi assim… Os ('bajuladores', em quéchua) do Império…".

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