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EB – 6 Armas apreendidas em 10 meses?


Bruna Fantti

 Rio – Até outubro deste ano, o Exército apreendeu somente seis armas nas fronteiras, contra 168 no ano anterior. A redução foi mais significativa em relação às drogas: de 11 toneladas de maconha em 2016, este ano foram apreendidos somente 15,5 quilos. Segundo a corporação, que tem 13.854 homens patrulhando a fronteira, a principal causa para a queda de apreensões é a redução no orçamento, que compromete a operacionalidade da tropa.

Com redução dos recursos nas fronteiras, só 15,5 kg de drogas foram apreendidos nos últimos 10 meses

Ministério da Defesa

Os dados foram obtidos pelo DIA e confirmados pelo Comando de Comunicação Social do Exército. Os recursos destinados às Forças Armadas foram reduzidos gradativamente, 44,5% nos últimos seis anos. Se em 2012 foram R$ 17,5 bilhões, neste ano o recurso chegou a R$ 9,7 bilhões. Para o Exército, o contingenciamento atingiu todas as operações, incluindo as chamadas Operações na Faixa da Fronteira, essenciais no combate à entrada de drogas e armas no país, que, em boa parte, tem como destino a criminalidade do Rio. Em 2015 foram R$ 7,3 milhões destinados às operações. Mas, em 2017, esse recurso teve um corte de R$ 2 milhões.

Em nota, a força militar confirmou a dificuldade. "A redução do orçamento do Exército afeta as ações na faixa de fronteira na medida em que surge a necessidade de se priorizar a alocação de recursos para determinadas atividades, como o próprio custeio da vida vegetativa das organizações militares, naquela região. A diminuição dos recursos disponíveis, portanto, poderá reduzir o volume e intensidade de operações na faixa de fronteira", destacou o texto.

Para 2018, o montante destinado às operações nas fronteiras ainda não foi informado. Mas a previsão é que seja ainda menor do que este ano. "O recurso solicitado pelos Comandos Militares da Força Terrestre nas áreas de fronteira foi da ordem de R$ 4,9 milhões", informou o Exército.

Nos bastidores, a palavra 'colapso' já é usada com frequência. Em sua página no Twitter, o general Eduardo Villas Bôas, faz frequentes críticas aos cortes impostos pela União. Em agosto, ele chegou a fazer o seguinte post: "Conduzo seguidas reuniões sobre os cortes impostos ao Exército. Fazemos nosso dever de casa, mas há limites". Em outras publicações na internet, ele compartilhou reportagens sobre a redução do orçamento. Em reuniões em Brasília, o oficial tem debatido possibilidades para lidar com a queda na verba, como diminuir a carga horária de trabalho e liberar a tropa à noite. Procurada na sexta-feira, a assessoria do Ministério da Defesa solicitou mais tempo para se posicionar a respeito.

Fronteira em perigo (Agência O Dia)

Crise no policiamento também atinge países vizinhos

Do outro lado da fronteira, o policiamento também está em crise. De acordo com o repórter e fotógrafo da ABC, German Dam, há somente 12 pontos de controle do Exército venezuelano com a divisa brasileira, que dá acesso aos estados de Roraima e Amazonas.

"Atualmente, não temos tantas notícias de operações e apreensões como tínhamos entre 2010 e 2013, com prisões semanais. Não posso dizer que o tráfico de drogas diminuiu, mas não tenho muitas notícias de apreensões", opinou.

Josias Amaro, que trabalha como jornalista independente na fronteira com a Bolívia, também descreve que não há muito policiamento. "Há poucos postos e o Exército não atua muito na saída de produtos. A Bolívia vende armas não só para o Brasil, como para outros países, e esse comércio é altamente lucrativo. Além de pouco efetivo, há muitos policiais que deveriam combater mas se corrompem", destacou Amaro.

Vigilância em somente 4% das divisas

Uma outra aposta do Exército, anunciada em 2012 para patrulhar as fronteiras, é o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que pretende integrar radares, sensores, satélites e outros instrumentos de monitoramento e transmissão de dados até 2035. No entanto, após consumir quase R$ 1 bilhão, somente 4% da fronteira do país é monitorado pelo sistema. A meta talvez não seja alcançada também pelos cortes no orçamento.

Atualmente, o projeto-piloto encontra-se em uma porção de 650 km de extensão na fronteira com o Paraguai, sob responsabilidade da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, sediada em Dourados, Mato Grosso do Sul.

Segundo o Exército, os subsistemas de Comando e Controle, Optrônicos, Logística Integrada, Comunicações Táticas, Infraestrutura e Radares são os mais avançados. Outros, que precisam de maior grau de desenvolvimento tecnológico, como o de comunicações Satelitais e Estratégicas, necessitam de mais tempo para implantação.

O Exército informou que "o encerramento do projeto-piloto deverá ser em 2019. A partir daí a cooperação com as agências e órgãos de segurança pública estarão disponíveis".

85% dos fuzis são estrangeiros

De acordo com o Instituto de Segurança Pública, os fuzis apreendidos no Rio tiveram crescimento de 169% nos últimos oito anos. Somente nos nove primeiros meses de 2017, 393 armas do tipo foram capturadas. Do total, 85% são estrangeiras, ou seja, passaram pelas fronteiras terrestres, aéreas ou marítimas.

Segundo Vinícius Cavalcante, especialista em segurança, manter o Exército nas fronteiras demanda dinheiro. "Hoje, a contenção de verba faz com que algumas tropas sejam remanejadas na fronteira, principalmente na Bolívia, uma área crítica. Manter um policiamento fixo gera custo".

Em outras regiões do Brasil, por conta da falta de recursos, a Guarda Municipal utiliza fuzis. "Em Foz do Iguaçu, a guarda assume o policiamento de fronteira, que deveria ser federal".

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