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Comentário Gélio Fregapani – Muito antes da Raposa – Serra do Sol, O setor petróleiro e os Programas Estratégicos

Assuntos: Muito antes da Raposa – Serra do Sol, O futuro e
o nosso setor petróleiro e Pressões sobre os
Programas  Estratégicos

 
Muito antes da Raposa – Serra do Sol
           
No final do Império, um engenheiro de Minas Gerais, projetou uma estrada-de-ferro para ligar as então províncias de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelo interior. Poucos dias antes da Proclamação da República o Imperador D. Pedro II outorgou a concessão dessa obra a empresários brasileiros e apesar das revoltas do início do novo regime republicano. O trecho de 264 km entre Itararé e Rio Iguaçu (em Porto União)  estava concluído em 1905.
           
Em 1908 Percival Farquhar (holding Brazil Railway Company), financiado por capitais americanos e ingleses, adquiriu o controle da Companhia de Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande ainda em construção – O Governo da República garantiu-lhe por contrato, à subvenção de 30 contos de réis por Km construído e juros de 6% sobre todo o capital que fosse investido na obra. Como receberia por Km, ele alongou a linha, fazendo curvas desnecessárias, economizando assim em aterros, pontes, viadutos e túneis.

             
Antevendo lucrar com a madeira das florestas de araucária da região, conseguiu receber como doação a área de 15 Km de cada lado da estrada.

A ferrovia foi inaugurada em 1910 e iniciou a desapropriação das terras ao longo da estrada que estivessem ocupadas. O governo republicano declarara que a área era devoluta, mas a realidade era bem outra. Seu povoamento tivera início já no século XVIII, com o comércio de gado entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, como locais de parada. Milhares de colonos viviam ali, da criação de gado e da coleta de erva mate,semi isolados. Desta desapropriação resultou a Guerra do Contestado, um dos mais vergonhosos massacres criados pelo irresponsável golpe de 15 de novembro[
                       
Não se poderá isentar Farquhar da culpa pelos trágicos episódios que vieram a suceder na região do Contestado, mas o governo da república, ao doar – mediante um contrato de concessão de serviços públicos – terras  ocupadas há séculos por brasileiros como se fossem terra de ninguém, foi o principal causador dos graves conflitos ali ocorridos. Foi lançada aí a semente do que acabaria se tornando a Guerra do Contestado.

           
Recentemente assistimos na Raposa-Serra do Sol: o expulsar os brasileiros lá radicados há séculos Este parece ser o padrão normal dos maus governos republicanos. Imagino o que acontecerá se um dia for eleita a Marina Silva.

O complexo da Brazil Railway Company, dominado pela corrupção, foi à concordata em 1917. Em 1940 o governo nacionalista de Getúlio Vargas encampou-lhe todos os bens, que acabaram por serem incorporados a Rede Ferroviária Federal S/A e esta terminou por ser privatizada por FHC, que a dividiu em pedaços que terminaram na maior parte sendo vendidos como sucata. Perdeu-se assim um patrimônio de 19 bilhões.
           
Esta praga de governo vem de longe, desde 1889

 
O futuro e o nosso setor petroleiro
 
Existem muitos aspectos sobre o nosso petróleo, como a grandeza das reservas, os modelos de exploração, os beneficiários e o grau de soberania, o papel da Petrobrás, o valor geopolítico do petróleo, a dificuldade financeira e a situação mundial.
           
A Petrobrás está sem recursos para investir nos planos originais. Políticos aproveitando, dizem que os roubos são a causa. Estes contribuíram, mas não são a maior causa. Esta foi o arremate muitos blocos nos leilões, (se não fizesse o petróleo pertenceria aos estrangeiros).  Além disso, ela sangrou obrigada a subsidiar a gasolina e o diesel, para que a inflação não saísse de controle.

Já se reduziu a meta de 2020, de quatro milhões de barris por dia para 2,8 mi e se insiste nos desinvestimentos para equilibrar as contas. Por maior que seja a necessidade atual a direção excede o máximo racional de desinvestimento. Vender sem concorrência?  Qual o interesse por trás disto tudo?

 Suponha que se venda as jazidas para as petrolíferas estrangeiras. O País lucrará, mas nem tanto, pois elas deixarão no país apenas os royalties e em certos casos, uma pequena participação;  poderão impossibilitar o nosso uso para ações geopolíticas e estratégicas;  poderão nos negar o abastecimento (além do definido no contrato) numa situação de emergência. Elas comprarão as plataformas fora do País e poucos bens e serviços aqui. Gerarão poucos empregos locais e só  encomendarão desenvolvimentos tecnológicos onde lhes convier. Poderão realizar produção predatória, porque a lógica do capital a induz a este procedimento e poderão declarar produções menores do que as reais. Naturalmente o perigo  de propinas é ainda maior e mais difícil de descobrir, como a experiência tem demonstrado.
           
Há quem pense que o Estado deveria deixar o petróleo só por conta de empresas privadas, mesmo estrangeiras  ,para certa parte da imprensa e mesmo da sociedade), nem importa as condições que o dinheiro entra no país, desde que lhes favoreçam, mas é bom pesar as consequências em cada caso.Para isto existe (ou deveria existir) um governo.

           
A imprensa estrangeira diz que o Pré-Sal poderá se tornar inviável. Realmente, se a Arábia Saudita continuar baixando o preço do barril, que já baixou de U$ 30 por barril. O custo do barril do Pré-Sal poderá até ficar ainda mais caro por algum tempo, mas não inviável. A simples segurança do abastecimento compensa que se pague mais, sem contar o desenvolvimento científico que proporciona  os empregos e a cadeia de impostos que vão desde os salários até os do consumo. Com o Pré-Sal, que alavanca inúmeros outros benefícios para a sociedade, pode-se pensar em consumir, por um período limitado, seu petróleo, mesmo sendo mais caro. Isto só é possível evitando a importação por outras petroleiras. Aos nossos rentistas de plantão informamos que crescem os indícios de uma próxima revolução xiita na Arábia Saudita, que se houver será sangrenta.  Talvez breve o preço do petróleo suba as alturas e neste caso agora seria a hora de comprar ações a baixo preço.

           
Se nosso país quer ser uma nação soberana, que possa cuidar do bem-estar dos seus filhos, então, a Petrobrás é uma ferramenta valiosa e o pré sal é um trunfo para a consecução deste objetivo. No entanto, se o Brasil preferir ser um país dependente das economias centrais, então deixemos de lado as veleidades de independência e  nos tornaremos apenas uma expressão geográfica.

 
Pressões sobre os Programas  Estratégicos
 
Apenas três países dominam todo o ciclo do combustível atômico e possuem reservas de urânio: os Estado Unidos, a Rússia e o Brasil.
           
O Brasil na década de 80 assinou um tratado de salvaguardas com a Argentina. Vá lá, previa reciprocidade. Anos depois, foi "convencido" a assinar um tratado de não proliferação nuclear, no governo do FHC, que só previu obrigações para o lado brasileiro, sem nenhuma contrapartida das grandes potências. Agora tentam fazer que o país assine um “protocolo adicional” para que o País abra sua tecnologia nuclear aos hegemônicos. Nenhum país do mundo fornece ou vende tecnologia nuclear sensível, a não ser que seja especialmente do seu interesse. Por tudo isso, soa muito estranha a prisão do Almirante Othon por supostos recebimentos irregulares de 4,5 milhões de reais, na construção da Usina Angra 3.

           
É certo que diversos pacifistas, inclusive militares não simpatizam com seus projetos e tudo fazem para impedir o nosso desenvolvimento nuclear, inclusive usando de métodos sujos, repudiados por todas as sociedades embora toleráveis nos serviços secretos quando em benefício de seu país. Entre esses métodos certamente se incluíram a sabotagem nos foguetes de Alcântara, o assassinato de cientistas, inclusive brasileiros e por que não, falsas acusações como esta do Almirante Othon. Agora, mesmo que a inocência do almirante seja comprovada imediatamente o desenvolvimento do reator que equipará o submarino nuclear brasileiro vai sofrer atrasos e com os cientistas sendo remanejados perderemos até a tecnologia adquirida a duras penas.

           
Fazem parte do aproveitamento da lava-jato a campanha contra a Petrobrás, que estava em franca expansão, a carga contra a da Odebrecht, usando dos malfeitos dela se tenta acabar com o desenvolvimento de material bélico em que estava envolvida,

           
Some-se a isto, com a desmoralização do Pré-sal, bem como os   constantes abalos do projeto do veículo lançador de satélites, certamente o moderno avião transporte de cargas e tropas, o KC-390 da Embraer, apesar da expectativa de ser um bom negócio, também sofrerá atrasos, pretensamente devido ao ajuste fiscal, isto se não for conseguido levantar alguma suspeita de corrupção.

           
É necessário o combate à corrupção, mas que não seja usado para desmontar os programas estratégicos da nação. Seria até cômico se pensar que americanos, russos ou franceses encarcerariam seus heróis, seus cientistas mais proeminentes, ainda que acusados de supostos desvios.

           
Somente aos estrangeiros ou seus prepostos no país, pode interessar o atraso ou o fim dos programas estratégicos brasileiros. É mais que hora de uma supervisão bem próxima da nossa Contra Inteligência para a verificação se por trás das investigações  está o interesse estrangeiro e que se faça justiça sem destruir os programas estratégicos e a economia do País.

 
Obs: As decisões costumam ser tão acertadas quando as informações que se dispõe.

Que  Deus nos ajude

Gelio Fregapani
 

ADENDO

O BRASIL E O PT

Há um conceito equivocado sobre o Brasil e o PT. A  tendência é misturar as duas coisas distintas. O Brasil é  país maravilha, nossa pátria. Brasil é este imensidão de  país com riquezas naturais que nenhum país tem. O PT é  uma doença, uma praga. O PT é doença terminal. Uma coisa  é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Não vamos nos  acovardar e deixar que este País fique à mercê da facção criminosa que o corrói. Brasil não é PT e PT não é Brasil. Brasil é nossa pátria! Brasil é pátria dos nossos descendentes. Isto é Brasil!

Ossami Sakamori
(um cidadão brasileiro)

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