Assunto: Manipulação da informação
Um espião quase sempre é um traidor. Isto contraria a visão romântica de um James Bond, mas Bond não é propriamente um espião mas sim um oficial de Inteligência e sua tarefa básica é encontrar quem posa ter acesso ao conhecimento desejado e que possa ser convencido a entregar esse conhecimento protegido à gente de seu grupo.
O espião, mesmo agindo enganado, sempre estará traindo algo, seja sua pátria, sua empresa, seu exército ou seu grupo social e não costuma merecer confiança. Já do oficial de Inteligência espera-se que seja confiável, íntegro e mesmo incorruptível, apesar da mentira e da trapaça estarem na raiz cultural em sua organização. Como é óbvio ele informará ao espião um mínimo de coisas necessárias: como entregar os documentos, formas de comunicação, evasivas etc.
Não é de se admirar que os oficiais de Inteligência evitem quando possível informar corretamente ao espião para quem trabalham pois é mais fácil conseguir colaboração para um partido político ou para uma religião do que para destruir a economia de seu país ou para ajudar um inimigo a matar seus soldados.
Assim um espião, ao fornecer dados secretos da Petrobras pode estar pensando que está colaborando com um jornalista ou com um partido liberal e não com uma empresa estrangeira e uma entrega de dados sobre propinas em contratos internacionais pode até parecer visar ajudar um grupo de limpeza da própria empresa pois isto seria mais palatável a um espião do que "eliminar" sua pátria da concorrência, internacional.
De fato é mais fácil envolver uma pessoa ou, uma multidão usando mentirosamente nobres motivos e o resultado é que existem mais espionando para falsos patrões do que espiões que realmente sabem para quem trabalham.
Manipulação similar acontece com a Opinião Pública. Ao contrário da crença geral não é a imprensa que a manipula: é o Establishment financeiro mundial e a imprensa é apenas um de seus meios juntamente com manobras financeiras, com os sistemas oficiais de ensino e de toda parafernália disponível à chamada Guerra de 4ª geração.
Seu objetivo, oculto quanto possível, não é a saudável economia de mercado, mas sim arrancar o máximo de juros da sociedade, sem chegar a matá-la, é claro.
Assim, quando alguém propugna pela independência do Banco Central pode pensar em melhor controlar a inflação, mas está apenas evitando a interferência do Governo nos desígnios do Establishment. Quando julga estar lutando pela pureza na democracia pode ser verdade, mas por trás estará a luta para retirar um governo que prejudica ou ameaça o Establishment. Naturalmente é mais fácil mudar um mau governo do que um estimado.
Não seria possível derrubar um Juscelino ou um Médici, mas foi fácil derrubar uma Dilma e agora tentam claramente derrubar o Temer. Por que? – claro, porque baixaram os juros. Os motivos alegados, verdadeiros ou não são apenas pretextos.
Os juros? Por que exatamente os juros? – Não cabe aqui analisar como foi formada a dívida. A tentação do crédito oferecido pode ter sido forte demais, mas quando uma família já tem quase a metade de sua renda comprometida com juros talvez tenha que cortar até parte da sua alimentação para sair dessa.
Não conseguindo fará novas dívidas com mais juros e terminará por perder seus bens. Será difícil sair dessa situação. A família já está escravizada; não será mais a principal beneficiária de seu trabalho
O mesmo pode acontecer com um país. Sempre será tentador aceitar crédito fácil, mesmo para supérfluos como cuidar do meio-ambiente caindo na mesma armadilha. Entretanto, um país soberano teria como escapar, poderia imprimir moeda em vez de pedir emprestado – mas para impedir isto foram criados os Bancos Centrais.
Poderia ainda impor uma baixa de juros, quando passaria a sobrar dinheiro para a infraestrutura e diminuiria o custo da produção e em consequência a inflação, mas exatamente baixar os juros é o que o Establishment não quer. Para impedir, se preciso trocará o presidente.
Um observador isento reconhecerá que após o impeachment o País estava com as principais empresas destruídas, com um número recorde de desempregados, com a inflação em alta e com a economia declinante. Como um presidente de aparência medíocre, sem apoio popular e cercado de ministros sob suspeita de corrupção conseguiu reverter essa situação em pouco tempo parece milagroso, mas foi apenas com a baixa da taxa de juros.
Quase de imediato caiu o custo da produção de soja, salvando o balanço internacional de pagamentos, caíram os custos internos em toda a linha de produção e apareceram novos empregos, muitos dos "rentiers" que apenas especulavam passaram a empregar seu dinheiro em atividades produtivas pois os juros não mais compensam tanto.
Bem, quem não gostou foi o Establishment e já manipula a Opinião Pública – "Fora Temer" – Mobiliza a imprensa sem pejo de usar pretextos sejam reais ou forjados e buscam apoio político sincero ou comprado. – "Vamos todos lutar pela pureza da democracia e tirar o presidente corrupto que recebeu meio milhão de propina". (não por isto, é claro, mas porque baixou os juros).
E o País, está feliz com a situação melhorando? – Aparentemente nem tanto. A força da Opinião Pública é muito grande. Ainda não sabemos quem vencerá, mas ao que parece o sucessor escolhido- Rodrigo Maia, já teria combinado o aumento dos juros.
Tem que ser ligeiro. O Establishment conhece muito bem como manipular a Opinião Pública e também conhece a principal caraterística dela: A mobilidade!
É só olhar além do horizonte.
Gelio Fregapani