Tânia Monteiro
Às vésperas de dois grandes eventos internacionais – a Jornada Mundial da Juventude, que trará o papa Francisco ao Brasil, e a Copa das Confederações -, o governo brasileiro está se preparando para não ser surpreendido com ataques cibernéticos. Especialistas em segurança acreditam que há motivo para preocupação, mas destacam que o Brasil está se fortalecendo. O Exército, por exemplo, tem se empenhado para montar um sistema que, durante a Rio+20, no ano passado, mostrou-se eficiente.
"Foram 130 tentativas de ataques e nenhuma delas obteve sucesso", disse ao Estado o general José Carlos dos Santos, chefe da defesa cibernética do Exército. Ele comemora o fato de o portal disponível durante as duas semanas da conferência no Rio, com mais de 100 chefes de Estado e 180 países representados, ter saído ileso da ofensiva.
Os sistemas informáticos dos próximos grandes eventos no Brasil estarão sob a proteção do Centro de Defesa Cibernética do Exército, que atuará como coordenador e integrador do sistema. Segundo o general José Carlos, o Brasil "está preparado" para o desafio.
Segundo ele, o Brasil está tão pronto quanto a Grã-Bretanha esteve nas Olimpíadas de Londres, no ano passado. Para o general, o risco de o País ser atingido por um ciberataque "é considerado baixo", por se tratar de um evento esportivo. "Mas a possibilidade técnica de um ataque existe e temos de estar preparados", disse, completando que a maior ameaça vem dos hackers.
Joanisval Gonçalves, especialista em segurança e defesa, diz que o Brasil deu "um passo muito grande nesta área" desde a elaboração da Estratégia Nacional de Defesa. "Mas há ainda muito a ser feito e é praticamente impossível estar 100% protegido." O professor Marcus Reis, outro especialista na área ouvido pelo Estado, lembrou que o fato de os sistemas brasileiros serem interligados torna ainda mais importante manter a vigilância. "A proteção dessas redes é imperativa, pois falhas na segurança de computadores podem atingir a infraestrutura de todo País."