Denúncias feitas em Hong Kong pelo ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden têm alimentado o contra-ataque da imprensa oficial chinesa às queixas reiteradas dos Estados Unidos contra o que aponta como sabotagem cibernética e espionagem eletrônica que seriam promovidas pelo regime de Pequim, tendo como alvo órgãos do governo e empresas americanas.
A agência oficial Xinhua classificou como "sinais perturbadores" as declarações feitas por Snowden durante o período em que esteve escondido na cidade chinesa, onde revelou à imprensa internacional que a NSA e a Agência Central de Inteligência (CIA) teriam rastreado comunicações telefônicas de cidadãos nos EUA e acessado servidores de empresas como Facebook e Google para monitorar a atividade de usuários em todo o mundo.
O artigo da Xinhua reclama de Washington uma postura "honesta" sobre essas ações e co"explicações" sobre a espionagem digital. "Isso demonstra que os EUA, que há tempos tentam fazer o papel de inocentes como vítimas de ciberataques, se revelam os grandes vilões da nòssa era", acusa o comentário publicado pela agência. O texto sugere que representantes de ambos os países se reúnam para expor suas suspeitas e estabelecer regras que regulem atividades na internet.
O tema foi debatido no início do mês, na Califórnia, durante o primeiro encontro entre o presidente Barack Obama e o novo presidente chinês, Xi Jinping, que ouviu queixas sobre a ação de supostos hackers chineses.
Entre as acusações de Pequim contra os EUA foi publicada no jornal South China Morning Post, que citou um depoimento no qual Snowden sugere que a Universidade Tsinghua, na capital chinesa, teria sido um dos alvos de espionagem digital dos serviços de inteligência americanos. O jornal afirma que ao menos 63 computadores e servidores da instituição teriam sido afetados, em janeiro deste ano.
Durante o encontro com Xi, Obama alertou sobre a tensão causada pela invasão e pelo roubo de propriedade intelectual atribuído a hackers que estariam a serviço do regime chinês. Entre os órgãos governamentais atingidos pela ciberespionagem estariam inclusive o Departamento de Defesa e agências do setor de inteligência—e os segredos vasculhados incluiriam dados sobre porta-aviões e outros equipamentos militares que a China vem desenvolvendo em larga escala nos últimos anos, sob críticas de Washington.
O Exército chinês foi publicamente acusado, várias vezes, de hackear jornais e empresas nos EUA, o que tem criado seguidas dificuldades nas relações bilaterais entre as duas maiores potências econômicas do mundos. Os chineses, que negam sistematicamente as acusações, cobram a definição de normass mais claras que diferenciem a proteção de dados de segurança nacional contras cibercrimes de Estado e as ações individuais de hackers.
Edward Snowden, o ex-técnico da NSA, formalmente acusado de espionagem pelos EUA, é procurado pelas autoridades americanas também para responder pelos crimes de roubo e uso inapropriado de informações governamentais.