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Alemanha vê aumento no risco de ciberataques e terrorismo

A Alemanha é um potencial alvo para atentados terroristas e violência de extrema direita, além de ciberataques e espionagem promovidos por países estrangeiros, alerta um relatório do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV) divulgado nesta terça-feira (04/07).

Segundo o BfV, há "clara evidência de perigo proveniente do espectro" da extrema direita. O número de crimes violentos de extrema direita subiu de 1.408 em 2015 para 1.600 em 2016, aponta o relatório da agência de segurança interna do país. O órgão governamental acredita que mais da metade dos simpatizantes da extrema direita no país sejam potencialmente violentos.

O BfV também aponta um provável aumento no número de islamistas na Alemanha. O número de salafistas ultraconservadores no país passou de 8.350 em 2015 para 10.100 no ano passado. Destes, 680 foram classificados como uma ameaça, destaca o relatório.

O presidente da entidade, Hans-Georg Maassen, disse que grupos radicais islâmicos representam o maior desafio para as autoridades de inteligência do país. "Futuros ataques perpetrados por indivíduos ou grupos terroristas devem ser esperados na Alemanha", disse.

"Bombas-relógio digitais"

Segundo o BfV, a Alemanha é alvo com cada vez maior frequência de ciberataques e espionagem de serviços de inteligência estrangeiros, em particular da Rússia, China, Turquia e Irã.

Alvos-chave seriam o Ministério do Exterior e seus escritórios em diversos países, além dos ministérios das Finanças e Economia, do gabinete da chancelaria federal e das instituições militares alemãs.

Segundo o ministro do Interior, Thomas de Maizière, o governo trabalha em colaboração com a indústria para reforçar a proteção das empresas alemãs. Os setores mais afetados são a indústria bélica, automobilística, espacial e aeroespacial, além dos institutos de pesquisa, apontou.

Ciberataques não resultam apenas em perda de informações, mas também, por meio de malwares de ação retardada, podem ser acionadas "bombas-relógio digitais silenciosas". Estas podem manipular dados e sabotar equipamentos essenciais à infraestrutura do país, diz o BfV.

Um exemplo disso foi o chamado Sandworm malware – de origem russa, segundo especialistas –, que atacou portais de internet do governo alemão, da Otan, além de empresas prestadoras de serviços e de telecomunicações nos últimos anos.

Os russos também utilizam os chamados trolls de internet para influenciar a opinião pública e popularizar opiniões pró-Russia, diz o relatório do BfV. O documento aponta um aumento acentuado de propaganda e campanhas de desinformação disseminadas a partir de redes sociais e da imprensa apoiada pela Rússia.

O grupo de hackers russos APT 28, supostamente controlado por Moscou e também conhecido como Fancy Bear, continua a atacar alvos políticos na Alemanha, afirma o BfV.

"Presumimos que as agências estatais russas tentam influenciar partidos, políticos e a opinião pública, visando, em especial, as eleições parlamentares [alemãs] de 2017", diz o serviço de segurança interna.

Espionagem chinesa e turca 

De acordo com o BfV, a espionagem proveniente da China aumentou desde que o presidente Xi Jinping assumiu o cargo em 2013, sendo voltada cada vez mais para eventos políticos, como a reunião dos países do G20 nesta semana em Hamburgo, além de visar também críticos do regime chinês.

Segundo o relatório, a inteligência chinesa utiliza redes sociais como o Linkedin e o Facebook para recrutar informantes no Ocidente. Os laços estreitos entre o governo e a indústria fazem com que a espionagem industrial e de governo sejam difíceis de diferenciar.

O BfV também registrou uma ocorrência maior de práticas de espionagem promovidas na Alemanha pelo serviço secreto turco MIT em 2016, após a tentativa fracassada de golpe contra o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, no dia 15 de julho do ano passado.

A espionagem turca visa principalmente apoiadores na Alemanha do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e do clérigo de oposição Fethullah Güllen, a quem Ancara atribui a culpa pela tentativa de golpe, apesar de ele negar qualquer envolvimento.

Já a espionagem proveniente do Irã foca sobretudo em alvos israelenses e pró-judeus e em rivais políticos dos líderes iranianos, diz o relatório.

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