TÂNIA MONTEIRO e RODRIGO BURGARELLI
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quer ampliar sua área de atuação para garantir eficiência nos trabalhos de combate ao terror, ao crime organizado e às ameaças cibernéticas. Para isso, instalou entre o fim de 2016 e início deste ano escritórios de representação em quatro países – África do Sul, Estados Unidos, França e Paraguai.
As quatro novas representações se somaram às já existentes em Argentina, Colômbia e Venezuela. Além disso, a agência planeja para os próximos meses expandir também para os demais países do Brics, grupo que, além de Brasil e África do Sul, é composto por China, Índia e Rússia. O Peru é o quarto país na lista do próximo grupo de nações que deverá receber um representante da Abin.
Também está no horizonte a criação de representações na Alemanha, México e Bolívia. Há estudos ainda para a ampliação de unidades para países do Oriente Médico. Todas as vagas no exterior serão ocupadas por oficiais de inteligência da Abin.
"Com a expansão, o governo tenta dar à Abin a capacidade de produzir inteligência de Estado no nível compatível com a estatura do Brasil", disse ao Estado o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, a quem a Abin está subordinada.
"O combate ao crime organizado, a prevenção ao terrorismo e de outras ameaças, que hoje são comuns aos estados democráticos, exigem estreita cooperação com outros países e é o que buscamos com a ampliação de nossa rede externa e interna", disse o ministro.
Além de buscar parcerias internacionais com grandes potências, o governo discute uma maior aproximação com todos os países da América do Sul que fazem fronteira com o Brasil para enfrentar o crime organizado.
Etchegoyen diz que, em sua opinião, é o contrabando de drogas o que garante mercado e alimenta as facções criminosas que têm agido no País. Por isso, a presença de adidos de inteligência nas embaixadas, com troca de informações nessa área, é considerada de fundamental importância pelo ministro.
A expansão internacional da Abin, no entanto, contrasta com o orçamento apertado da agência. Dados do Ministério da Transparência mostram que o total de recursos destinados à Abin vem caindo quase ininterruptamente nos últimos seis anos – em valores atualizados pela inflação. O valor atingiu seu recorde em 2011, no primeiro ano de governo da ex-presidente Dilma Rousseff, quando chegou a R$ 657 milhões. No ano passado, as despesas da agência somaram R$ 538 milhões – uma queda de quase 20%.
Estados. No Brasil, a Abin também está ampliando a cooperação com as áreas de inteligência dos Estados. O primeiro núcleo de inteligência policial foi montado no Rio de Janeiro, experiência que foi baseada no compartilhamento de informações durante a Copa do Mundo.
A ideia é que sejam montados núcleos semelhantes em vários Estados como Minas Gerais e Amazonas. Esse entrosamento faz parte do novo Plano Nacional de Segurança.