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Si Vis Pacem, Para Bellum – Por que a Suécia parece estar se preparando para uma guerra?

(MSN) Em um cenário que há pouco tempo seria impensável, a Suécia, conhecida por sua tradição de neutralidade e paz, agora se prepara para a possibilidade de um conflito armado. A declaração do Ministro da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, em janeiro de 2024, de que “pode haver guerra na Suécia”, surpreendeu a população e reacendeu o debate sobre segurança nacional.

Essa crescente preocupação está enraizada nas tensões geopolíticas, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Esse evento transformou a visão sueca sobre segurança, levando o país a abandonar sua postura histórica de neutralidade e buscar adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A decisão de integrar a aliança militar foi uma resposta ao aumento das ameaças representadas pelos movimentos estratégicos da Rússia na Europa Oriental e nos países bálticos.

Ministro da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin

O comandante das Forças Armadas suecas, General Micael Bydén, alertou que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia “é apenas um passo, não o fim do jogo”, reforçando a percepção de que a Suécia pode enfrentar conflitos no futuro. A ilha de Gotland, no Mar Báltico, que tem valor estratégico para ambos os países, já foi palco de tensões anteriores, como o exercício militar russo de 2013 que simulou um ataque à região.

Diante desse cenário, a Suécia tem intensificado seus preparativos de defesa. O orçamento militar foi significativamente ampliado e há um processo contínuo de modernização do arsenal. O país está atualizando os navios da classe Visby, adquirindo novos caças Gripen e investindo em sistemas de defesa antimísseis. Além disso, as Forças Armadas estão reforçando a presença em áreas estratégicas, como Gotland, e aumentando a frequência de exercícios militares.

Internamente, o impacto psicológico dessas mudanças tem sido perceptível, especialmente entre os mais jovens. O aumento expressivo de acessos ao site da agência sueca de contingências civis e a busca por informações sobre abrigos antiaéreos indicam a crescente ansiedade da população. Apesar das críticas sobre como o governo comunicou essas ameaças, as autoridades argumentam que era necessário alertar a sociedade sobre os riscos geopolíticos.

O comandante das Forças Armadas suecas, General Micael Bydén

A adesão formal da Suécia à OTAN ocorreu em março de 2024, após superar as objeções iniciais de alguns membros da aliança. Agora, como parte da OTAN, o país espera fortalecer sua segurança coletiva. No entanto, a grande questão é se a Suécia está realmente preparada para enfrentar um conflito de grande escala. Especialistas apontam que, apesar dos avanços na área de defesa, a sociedade sueca ainda pode não estar totalmente pronta para os desafios de uma guerra.

Esse momento marca uma nova fase na história da Suécia, que assume agora um papel mais ativo no cenário internacional. A transformação de uma nação historicamente neutra para integrante da mais poderosa aliança militar do mundo coloca a Suécia diante de um futuro incerto, mas determinado a não ser pega desprevenida.

Com os desdobramentos internacionais em constante evolução, a Suécia se mantém vigilante e comprometida em proteger sua soberania e segurança nacional. O equilíbrio entre preparação militar e diplomacia será crucial para conduzir o país por este novo capítulo de sua história.

Si Vis Pacem, Para Bellum

A expressão latina “Si Vis Pacem, Para Bellum” significa “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Esse antigo provérbio reflete uma filosofia estratégica que argumenta que a melhor maneira de garantir a paz e a segurança é estar preparado para a guerra. A ideia central é que a prontidão militar dissuade possíveis agressões, já que inimigos ou ameaças em potencial pensarão duas vezes antes de atacar um país que está bem defendido e preparado para responder com força.

A frase é frequentemente atribuída ao escritor romano Publius Flavius Vegetius Renatus, que escreveu sobre táticas militares no século IV em sua obra De Re Militari. Vegetius enfatizava a importância da disciplina e da preparação militar para manter o império romano seguro. Sua obra influenciou o pensamento militar por séculos, e a expressão se tornou um lema amplamente adotado em diferentes épocas e culturas.

Esse conceito continua sendo relevante em discussões contemporâneas sobre defesa e segurança. Muitas nações justificam grandes orçamentos militares e alianças estratégicas, como a OTAN, com base na ideia de que estar preparado para a guerra é a melhor maneira de garantir a paz. Embora alguns vejam essa postura como necessária, outros críticos acreditam que tal abordagem pode aumentar as tensões e o risco de conflito armado.

A frase sintetiza um dilema frequente nas relações internacionais: como encontrar o equilíbrio entre a manutenção da paz e a preparação para a guerra.

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