BRUXELAS (Reuters) – O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, deixou claro nesta segunda-feira sua discordância dos comentários do papa Francisco, segundo os quais a Ucrânia deveria ter a “coragem da bandeira branca” e negociar o fim da guerra desencadeada pela invasão da Rússia.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse à Reuters, ao ser perguntado sobre as observações do papa, que “se quisermos uma solução pacífica negociada e duradoura, a maneira de chegar lá é fornecer apoio militar à Ucrânia”.
Em uma entrevista na sede da Otan em Bruxelas, Stoltenberg disse que “o que ocorre em torno de uma mesa de negociações está intrinsecamente ligado à força no campo de batalha”.
Questionado se sua reação significava que agora não era o momento de falar sobre uma bandeira branca, Stoltenberg disse: “Não é o momento de falar sobre a rendição dos ucranianos. Isso seria uma tragédia para os ucranianos. Também seria perigoso para todos nós”.
Papa diz que Ucrânia deveria ter a “coragem da bandeira branca” para negociações
O papa Francisco disse em entrevista que a Ucrânia deveria ter o que chamou de coragem da “bandeira branca” e negociar o fim da guerra com a Rússia após a invasão em grande escala iniciada há dois anos e que matou dezenas de milhares de pessoas.
O papa fez seus comentários em uma entrevista gravada no mês passado à emissora suíça RSI, bem antes da última oferta feita na sexta-feira pelo presidente turco, Tayyip Erdogan, para sediar uma cúpula entre a Ucrânia e a Rússia para negociar o fim da guerra.
Erdogan fez a nova oferta após reunião em Istambul com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy. Zelenskiy disse que, embora queira a paz, não abrirá mão de nenhum território.