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A necessidade de um Xavante II

Relevante da Seção Notas Estratégicas a FAB: A necessidade de um Xavante II

Nelson F. During
Editor – Chefe
DefesaNet

Com os problemas no desenvolvimento e a redução na cadência de entrega do F-39 Gripen, a desativação dos AMX nos próximos meses e o fim da vida útil da frota de F-5M se aproximando, um debate tem tomado conta dos grupos de discussão dentro da Força Aérea Brasileira.

Qual avião os pilotos de caça precisam para voar e cumprir as principais missões de combate dentro da realidade do teatro operacional sul-americano?

A resposta geral é de um Xavante II, relembrando a aeronave mais voada da história da FAB, o MB-326 Xavante.

De projeto italiano, o Aermacchi MB-326 foi o primeiro avião a jato de treinamento desenvolvido na Itália. A Embraer produziu sob licença 182 unidades, das quais 167 para FAB, nove para o Paraguai e seis para Togo. O Programa Xavante foi de extrema importância para a Embraer, permitiu a empresa adquirir conhecimento em como gerenciar uma linha de produção aeronáutica, o que foi de extrema importância para os programas civis Bandeirante e Brasília

O Xavante se transformou em avião de treinamento avançado e uma plataforma de ataque consagrada, deixando saudades nos pilotos não só da Caça mas de outras aviações que tiveram a oportunidade de voar e cumprir uma gama diversificada de missões, graças a sua simplicidade, robustez e baixo custo operacional, em comparação a outras aeronaves a jato.

Sempre havia um Xavante disponível na linha de voo.” Como lembrou de forma saudosista um brigadeiro da reserva, “foi o Xavante que nos formou pilotos de combate, seria nele que daríamos apoio às tropas em solo, entraríamos em território inimigo para bombardear suas posições, era nele que entrávamos mar a dentro na escuridão da noite a baixa altura para treinar ataques a navios, coisas impensadas nos dias de hoje. Voávamos rasante em nossos treinamentos de ataque igual como vemos nas imagens da guerra na Ucrânia e até fazíamos operação em rodopista. Nas asas da FAB o Xavante ultrapassou todos os limites do envelope da aeronave, voamos o máximo que pudemos. O Xavante nos moldou e transformou em guerreiros do ar. Estávamos prontos para guerra!”.

Hoje, os alunos melhor classificados na Academia da Força Aérea (AFA) não estão mais optando pela Caça por falta de perspectiva dentro da carreira, agora marcada por uma vida operacional mais curta, onde o tenente recém especializado passa a maior parte do tempo voando o A-29 Super Tucano, com poucas chances de conseguir voar mais de 500 horas no F-5, cada vez mais velhos e com apenas uma dúzia disponíveis. Com muita sorte alguns poucos pilotos vão conseguir chegar ao Gripen. Como jovens capitães serão transferidos para áreas burocráticas, diferente da aviação de Transporte ou de Asas Rotativas que possibilita voar aeronaves modernas, poder também integrar o GTE e realizar missões dentro e fora do país com frequência.

A FAB precisa de uma aeronave nova, moderna e barata de se manter, que não seja um pesadelo logístico, do tamanho do seu orçamento, capaz de treinar seus pilotos nos mais altos padrões da Aviação de Caça mundial, com táticas e técnicas modernas graças a uma suíte de sensores e armamentos avançados, mas a um custo operacional muito inferior em comparação com aviões mais complexos, enquanto que possibilita cumprir uma variada gama de missões de combate no moderno teatro de operações aéreas, que são de responsabilidade apenas da Caça.

A solução mais adequada em conversas de bastidores é o também italiano M-346 Fighter Attack da Leonardo. Com o mesmo DNA do MB-326, o M-346FA tem todas as condições para se tornar o novo Xavante II. (M-346 – Um eficaz e acessível guerreiro multifuncional)

Icônica foto de duas aeronaves em uma: a da esquerda é o M346 Fighter Attack – FA, com algumas de composições de armamentos e PODS que pode levar e a da direita o M346 Advanced Jet Trainer — AJT. Foto Leonardo

Está sendo claramente sentido em conversas de bastidores que o orgulho do caçador está ferido pelas dificuldades que a Aviação de Caça enfrenta, pois ela é muito representativa, sendo o braço armado e a força da Aeronáutica, a principal expressão do Poder Aéreo, e a razão de ser de uma Força Aérea.

Cabe ao Comando da Aeronáutica buscar urgentemente alternativas e proporcionar as condições mínimas para se ter uma aviação de combate bem preparada e capaz de ser empregada, com meios que possibilitem cumprir missões de ataque, reconhecimento armado, escolta e defesa aérea. Mesmo que de forma limitada, ainda sim essa nova aeronave será um poderoso instrumento de dissuasão.

Outro oficial aviador disse que “nos acostumamos a chamar o A-29 de caça, o que não é, sendo apenas uma plataforma de contrainsurgência, ideal para guerra irregular em área de selva, que imaginávamos que um dia iríamos lutar. Qualquer jato que seja armado e lance bombas inteligentes, possua uma boa autonomia, tenha um bom radar integrado e lance mísseis WVR e BVR já é um salto operacional imenso, e é disso que precisamos”.

A Aviação de Caça e suas tradições são o espírito de qualquer Força Aérea e não pode ser relegada a um segundo plano. Sempre tivemos pelo menos três linhas de aeronaves a jato, isso é uma garantia de disponibilidade na linha de voo, independência tecnológica, operacional e logística, e o principal: soberania nacional.

PS – Em 2005 durante a palestra de apresentação do Mirage 2000C/B, uma escolha como gap filler após a desativação do Mirage III, e o cancelamento do F-X1, conduzida pelo então TC Heraldo Luiz Rodrigues (atual Secretário de Produto de Defesa – SEPROD), aos pilotos do GDA o autor, convidado pelo então Comandante Brigadeiro Bueno, elogiou os membros do Esquadrão por manter vivo o espírito da Aviação de Caça. Na espera do que poderia ser o F-X2 e o F-5EM/FM, que estava chegando aos esquadrões dias melhores viriam. Dezoito anos após os Caçadores estão sendo abatidos pelos desânimo. (ver FAB no Esforço pelo Mirage 2000C/B)

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