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Um Conto de Natal


Um Conto de Natal
Os três Quixotes

Publicado originalmente no DN dia 24 de Dezembro de 2008
(ver a matéria Eduardo Marson – O Quixote Alado Link)


Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet

Foram assinados no Rio de Janeiro (23DEZ2008) os acordos para a produção no Brasil de 50 helicópteros de grande porte e da realização do programa brasileiro de desenvolvimento de suas forças submarinas (PROSUB).

Para aqueles que pensam que estes acordos saem de mirabolantes conjunções estratégicas o que relataremos é o trabalho de três profissionais notáveis que fizeram chegar a um porto seguros os acordos dos submarinos e helicópteros.

Um brasileiro que na condução das negociações para a compra e o desenvolvimento no Brasil de componentes, que alcançará inéditos 50% de nacionalização. Outros dois, um francês e outro brasileiro, que souberam trabalhar e tiveram o feeling de sentir a leve mudança do vento e lançaram as velas para aproveitá-lo ao máximo e alterar o curso de um longo matrimônio Brasil-Alemanha na área de submarinos.

Como Quixotes lutaram contra o que, ao início, eram Moinhos de Vento, até construírem uma nova realidade.

O Quixote Alado

Executivo jovem e também novo na empresa teve a missão de abrir oportunidades comerciais para a sua organização no Brasil. Mesmo entrando em duas licitações na quais as chances de vitórias eram mínimas, ou melhor nenhuma, soube trabalhar uma contraproposta que em vez de simplesmente vender helicópteros expandia as operações no Brasil criava um impensável cluster de helicópteros de grande porte em Itajubá. .

Mesmo quando na última cartada dos lobbies, superou o que parecia uma armadilha mortal. O desafio de trazer ao Brasil não o Super Cougar, mas sim o novíssimo EC-725. Sim, estava aceito o desafio e surgia o EC-725BR, helicóptero com toda a sua estrutura feita em material composto.

No dia da assinatura outras eram as personalidade e nomes, mas o Quixote alado tinha percorrido milhares de quilômetros sondando desconfiados potenciais fornecedores a embarcarem no projeto, e sempre com espaço para uma reunião emergencial em Brasília ou Paris.

Os Quixotes de Netuno

Como poderia ser rompido a firme posição da Marinha do Brasil de que só a opção alemã era a única a ser discutida?

Quando em Outubro de 2006 o próprio DefesaNet publicou uma reposta da Marinha do Brasil afirmando que a escolha da MB era o submarino alemão classe U-214. Dois anos após a MB assina contrato para a compra de 4 submarinos Scorpène e mais um casco para ser inserido o reator nuclear que está em desenvolvimento no Centro de ARAMAR.

Um brasileiro, cuja profissão inicial talvez tenha sido engenheiro, mas que discorre sobre os mais estranhos e variados campos do conhecimento. Desde análises estratégicas a complexos problemas de engenharia, "Seu R" como é conhecido, trabalhou e sentiu que uma nova administração da MB, mais a mudança de postura do próprio Palácio do Planalto, agora disposto a pensar grande e aceitar desafios e riscos. Surgia a oportunidade que faltava. E trabalhando junto com outro Quixote de Netuno aproveitaram os novos ventos.

O terceiro quixote é um francês que mostrou a presença de sua empresa mesmo com um passado de resultados não tão satisfatórios no Brasil. Mas seu trabalho deu visibilidade e mostrou que o estaleiro DCNS não era só um centro de produção de naves de guerra mas estava aliado agora a um grupo ágil que fazia negócios.

Muitos foram os percalços. Uma declaração sua à DefesaNet reproduzida fora de contexto pela imprensa parisiense lhe valeu uma admoestação de que outras pessoas eram mais qualificadas a falar sobre submarinos. O que quase lhe encerrou a sua carreira.

Persistiu, e na apresentação ao Board da empresa, que ainda estava cética sobre os acordos com o Brasil fez ela bater martelo com a seguinte afirmação: “O que o Brasil está fazendo é um Projeto Gaullista nos trópicos.”

Afirmação de fácil entendimento para os franceses, que finalmente embarcaram no projeto.

Estes três Quixotes ajudaram a implantar uma nova realidade, que iniciou dia 23 de Dezembro. Saberá o Brasil e os brasileiros avançarem com estes projetos?
 

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