Notas Estratégicas BR – Ofensiva franco-alemã contra a defesa brasileira

Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet

Na última semana uma grande operação policial foi realizada nas sedes da empresa francesa Thales na França, Espanha e Holanda sobre duas investigações de corrupção em negócios militares, um deles estaria relacionando ao projeto de submarinos convencionais da Marinha do Brasil e a construção da base dos submarinos de Itaguaí.

O outro projeto estaria relacionado ao fornecimento de componentes fabricados pela Thales. Especula-se que seja o Satélite Geoestacionário de Defesa Brasileiro, fabricado pela Thales Alenia Space, ou para fornecimento de sistemas de comunicação tipo SOTAS e Intercom que integram o chamado kit Cecomgex, o sistema de comunicação básico usado nos veículos do Exército.

Essa foi notadamente uma ação orquestrada pelo Governo Francês. Um fato novo que se apresentou é que a França também está decepcionada coma escolha do obuseiro israelense ATMOS no projeto VBC OAp (Projeto Viatura Blindada de Combate Obuseiro Autopropulsado 155MM Sobre Rodas). O resultado do programa colocando o sistema CAESAR em terceiro lugar, atrás de um sistema da Eslováquia, o que deixou os franceses decepcionados.

Nessa mesma semana, o Veículo Blindado de Combate de Cavalaria Centauro 2 (VBC Cav), a mais avançada plataforma de combate adquirida na história do Exército Brasileiro, que seria enviado ao Brasil do porto de Hamburgo na Alemanha, foi retido por autoridades aduaneiras, aguardando liberação. Em matéria DefesaNet já alertou sobre os possíveis interesses por trás desta manobra das autoridades da Alemanha.

Uma fonte de DefesaNet do Estado-Maior do Exército informou que vários problemas do tipo tem acontecido; e acrescentou que uma torre de 105mm da empresa Franco-Belga John Cockeril 3105, que iria vir ao Brasil para uma demonstração do veículo turco FNSS Kaplan na Festa Nacional da Cavalaria também não pode ser enviada por problemas na licença de exportação. Essa é a mesma torre que equipa o veículo GDLS LAV700, que participou no programa VBC Cav classificado em 2º lugar e que continua sendo oferecido ao Exército.

O modus operandi da França e da Alemanha é bem conhecido. Causa surpresa que o Comando do Exército e os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores não estejam vendo que existem interesses, não somente comerciais para sabotar as atuais compras militares, mas principalmente geopolíticos por traz desses acontecimentos.

Estariam tentando sabotar os tradicionais parceiros das Forças Armadas Brasileiras Italia e Israel? As empresas de ambos os países tiveram mais sucesso na cooperação com o Brasil do que quaisquer outras nações nas últimas quatro décadas, e parte do sucesso no desenvolvimento da base industrial de defesa e da modernização e operacionalidade das Forças Armadas é resultado das parcerias com italianos e israelenses, que nunca criaram dificuldades e restrições para o compartilhamento de tecnologias críticas nos projetos brasileiros.

Outros motivos que podem ser listados:

  • Desalinhamento político com o governo brasileiro?
  • Insatisfação pela posição pro-russa dos governos Bolsonaro e Lula em relação a guerra na Ucrânia?
  • Insatisfação pelo silêncio dos militares brasileiros no que é visto como uma guerra europeia?
  • Guerra comercial?
  • Incerteza quanto ao futuro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha (PROSUB)?
  • Flerte com a China em programas estratégicos e defesa tanto pelo governo como militares?
  • O alinhamento pró Hamas no conflito da Faixa de Gaza?
  • A quem interessa os embargos velados de equipamentos militares destinados ao Brasil?

Aos nossos leitores, cabe um momento de reflexão.

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