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Notas Estratégicas BR – O caso Centauro II-BR – imbróglio burocrático ou algo mais?

Viatura Blindada d Combate de Cavalaria (VBC Cav) retida por autoridades alemãs devido a documentação (?)

Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet

A reportagem do jornalista Marcelo Godoy (Centauro II-BR – Alemanha retém blindado comprado pelo Exército brasileiro e cria novo desafio para o governo Lula) sobre o atraso do envio do Centauro II-BR ao Brasil e as razões pela qual o a Alemanha fez novamente o conhecido embargo velado, quando as autoridades criam dificuldades para atrasar o envio de equipamento militar ao Brasil por questões políticas e comerciais.

A retenção da Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav) pelas autoridades aduaneiras da Alemanha merece ser analisada com mais atenção. Desde o problema documental ou desdobramentos geopolíticos, comerciais e de tecnologia.

O Centauro II-Br

As Forças Armadas Brasileiras ainda não internalizaram o conhecimento do potencial que a aquisição do Centauro II-BR vai trazer ao Brasil e seu posicionamento estratégico.

Há cerca de duas semanas a KNDS Alemanha (KMW) rompeu a negociação para venda de 130 carros de combate Leopard 2A8 para Itália. Os veículos seriam equipados com a maior parte dos sensores, câmeras e sistemas eletrônicos hoje existentes no Centauro 2. Segundo a fabricante do Leopard 2, o conteúdo italiano iria despadronizar o veículo. Imediatamente a Itália começou a discutir com a alemã Rheinmetall uma parceria para desenvolver o futuro Carro de Combate MBT  Panther, além de aprofundar as negociações para a compra de mais de 1600 veículos da família Lynx, incluindo um M-MBT  equipado com a torre Hitfact 2 Mk2, de 120mm, a mesma do Centauro II.

Mais importante que isso, é o fato da aquisição da Iveco Defense Vehicles pela Leonardo SpA, que deve ser concretizada até o final de 2024. Tal aquisição vai colocar o Brasil numa posição única no mercado internacional, já que a IDV possui uma fábrica em Sete Lagoas-MG.

A Leonardo poderá migrar para o Brasil parte da produção das atuais e novas famílias de blindados e sistemas de armas terrestres, o que colocará o Brasil numa posição privilegiada no mercado internacional com o Guarani, o Centauro 2 e a nova família de blindados sobre lagarta, que já serão equipados com a mesma torre Hitfact 2, conforme apresentado na Eurosatory pela alemã Rheinmetall com o Lynx  e a turca  Otokar com o Tulpar. 

Centauro II em exibição no stand da CIO na EUROSATORY 2024


Pela primeira vez na Eurosatory, três diferentes veículos, o Centauro II, o Tulpar e o Lynx estavam equipados com a mesma torre com canhão de 120mm, o que demonstrou que a Leonardo (Oto Melara) conseguiu desenvolver uma solução que atende todos os espectros das operações de combate blindado com um canhão 120mm de alma lisa o mais avançado no mundo atualmente.

Este movimento pode inviabilizar a atual planta da KMW instalada, em Santa Maria/RS, atualmente voltada para apoio logístico à frota do carro de combate Leopard 1A5 BR.

Alemanha e sua desastrada política para o Brasil

Em 2006 a empresa AVIBRAS recebeu uma comunicação da Daimler Benz que os caminhões e chassis produzidos pela empresa eram para “transporte de pessoas ou mercadorias“. Não poderiam ser instaladas armas neles, o que era o caso da AVIBRAS com o lançador de foguetes ASTROS II. Com isso a empresa brasileira passou a adotar o chassi da empresa checa Tatra.

O fato irritou profundamente o então ministro da Defesa Nelson Jobim. Não há comprovação, mas o fato deve ter influenciado a decisão futura do novo contrato do submarino, que o governo de Merkel considerava certo para a continuidade da presença alemã na força de submarinos da Armada Brasileira. O contrato acabou com os franceses o que contrariou a Chanceler alemã e em várias oportunidades tentou pedir uma posição (explicações) do governo Lula.

Após ter obtido o contrato do Programa Classe de Fragatas Tamandaré com a thyssenkrupp começaram a ocorrer uma série de divergências entre os dois países em especial relacionado à Ucrânia.

No ano passado a empresa inglesa BAE Systems também teve dificuldades em embarcar o blindado CV90, que resultou na ausência feira LAAD no Rio de Janeiro.

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