No ano que vem, a Rússia pretende aumentar significativamente a intensidade das operações de patrulhamento nas águas do hemisfério sul por submarinos atômicos, informaram fontes do Exército Russo.
Com a adoção de submarinos nucleares da classe Borei, a Marinha russa não só continuará patrulhando as águas dos oceanos Ártico, Atlântico e Pacífico, mas também retomará as operações de patrulhamento nas regiões onde, no final da década de 1980, submarinos soviéticos estavam frequentemente presentes, disse uma fonte do Estado-Maior russo.
Em março deste ano, em uma reunião da cúpula das Forças Armadas, o ministro da Defesa, Serguêi Choigu, disse:
"A Rússia precisa de uma marinha que possa operar de forma eficaz em diversas regiões do mundo.”
A decisão de enviar aos mares do sul submarinos nucleares russos em missão de patrulhamento é tão importante quanto a de restabelecer a presença militar russa no Mediterrâneo.
Uma alta fonte da Marinha afirmou que os submarinos nunca saíram do serviço ativo nos mares do planeta.
No período pós-soviético, a intensidade das operações de patrulhamento diminuiu”, disse a fonte, citando como exemplo o treinamento de pilotos da aviação militar. “Enquanto na União Soviética um piloto da aviação militar era obrigado a cumprir 200 horas de voo por ano, na década de 1990, a carga horária obrigatória diminuiu para 12 a 15 horas por ano.
Só recentemente atingiu-se uma carga horária mais ou menos igual à estabelecida na União Soviética [em 2011, a carga horária cumprida foi de 90 horas; em 2012, de 130 horas]”, completou.
Uma situação semelhante se vivia na frota de submarinos. As viagens de longo curso, inclusive aquelas com destino às latitudes meridionais, eram praticadas, mas sem tanta frequência.
A Marinha soviética contava com 216 submarinos de diferentes tipos. Já a Marinha russa conta com cerca de 50 embarcações, que, no entanto, executam outras missões.
Se nas décadas de 1970 e 1980, os submarinos soviéticos patrulhavam as águas próximas das costas de países em desenvolvimento para garantir sua estabilidade política, os submarinos russos têm a missão de garantir segurança da Rússia.
A presença de submarinos nucleares estratégicos em regiões remotas do planeta é um importante fator de estabilização. Especialistas e marinheiros dizem que, na atual situação, não faz sentido comparar mecanicamente a quantidade de unidades de combate.
Depois de voltar ao Kremlin em maio do ano passado, Vladímir Pútin disse que a Rússia deveria possuir forças armadas fortes e móveis. Hoje, o país possui nove submarinos nucleares incorporados às Frotas do Mar do Norte e do Pacífico.
Da classe Borei, o primeiro submarino porta-mísseis de produção em série, o Aleksandr Nevski, será submetido a testes de certificação nos próximos três meses.
O ex-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Víktor Krávtchenko, disse que "tecnicamente, a retomada das operações de submarinos estratégicos russos nas latitudes meridionais para o lançamento de mísseis através do polo Sul é possível”.
O Tratado da Antártica proíbe qualquer atividade militar na terra ou no gelo nas latitudes sul abaixo do paralelo 60. Ao mesmo tempo, se o Tratado proíbe terminantemente o uso de armas nucleares, ele não afeta a ação da Marinha em alto-mar. No ano passado, submarinos nucleares russos do projeto Delfin (Delta-4) realizaram cinco operações de patrulhamento, principalmente nas águas do Ártico.
Segundo o comandante geral da Marinha russa, Víktor Chirkóv, o cruzador porta-aviões Almirante Kuznetsov também se prepara para zarpar rumo ao mar Mediterrâneo e se juntar à força-tarefa marítima russa composta por navios das Frotas do Mar do Norte, Báltico e Negro.
Assim, a Rússia não só aumenta sua presença naval no oceano, mas também toma medidas para garantir sua segurança.