“A Marinha está em crise”, diz comandante
(CF) A Marinha do Brasil precisa de investimentos urgentes devido a uma crise financeira e planeja aposentar 40% de suas embarcações nos próximos cinco anos. Isso deixará as costas do país vulneráveis a ameaças de potências estrangeiras.
Segundo o Estadão, o ajuste fiscal do governo está colocando em risco os recursos para combustível e munições, afetando a capacidade da Marinha de recompor suas munições e manter seus navios operando adequadamente.
O comandante da Força Naval, almirante Marcos Sampaio Olsen, alertou sobre a crise na Marinha devido à falta de investimentos. Nos últimos cinco anos, a Marinha deixou de receber R$ 3,3 bilhões, resultando em 43 embarcações próximas ao fim de sua vida útil. Essas embarcações são cruciais para defesa, patrulha costeira e atendimento médico em regiões como a Amazônia e o Pantanal. Apesar disso, há a expectativa de receber 12 novas embarcações nos próximos anos.
“A disponibilidade de meios operativos – navios, aeronaves e meios de Fuzileiros Navais – é uma variável que deve ser analisada com base no fator tempo. Em razão do limite da vida útil, 43 embarcações da Marinha do Brasil devem ser desativadas até 2028, o que corresponde a aproximadamente 40% dos meios operativos da Força. Essa expectativa pode sofrer variações de acordo com avaliações técnicas da estrutura e das condições operativas dos navios, sem alterar significativamente, contudo, o quadro geral desse cenário. A baixa de um meio sem a correspondente recomposição pode implicar a degradação de capacidades da Força Naval e sua prontidão para atender a diversas tarefas previstas, em particular aquelas voltadas à defesa da soberania, à segurança marítima, ao atendimento de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário e ao apoio às ações do Estado, como calamidades públicas, assistência às populações ribeirinhas e combate a crimes transfronteiriços e ambientais“, disse Olsen ao jornal paulista
O almirante propõe reduzir o número de militares de carreira, contratar temporários e realizar concursos para vagas civis para reduzir custos com pessoal. Ele também destaca a importância de normalizar as relações com o Poder Civil e obter recursos para projetos estratégicos da Marinha.
“Comparações com a conjuntura de outros países, principalmente, em termos orçamentários, requerem cuidado para terem validade. Ressalta-se que, desde 2017, a Marinha adota uma política gradual de redução do seu efetivo, bem como um processo de substituição de militares de carreira por temporários. A partir de 2019, a reestruturação da carreira dos militares das Forças Armadas foi definida. Destaco que, sob o viés dos princípios da boa gestão, a Marinha destina 70% do pessoal e da estrutura organizacional da Força para a atividade fim. Os outros 30% são empregados em atividades administrativas e de apoio, pessoal, material, ciência, tecnologia e inovação“, explicou o almirante.
A Marinha planeja aposentar várias embarcações até 2028, incluindo fragatas, submarinos, navios de desembarque e diversos outros tipos de navios utilizados em diferentes atividades.
O militar afirma que os investimentos necessários para repor as embarcações são significativos, com custos que variam de R$ 200 milhões a R$ 3,5 bilhões. Os valores incluem sobressalentes, transferência de tecnologia, dispositivos de treinamento e equipamentos especiais.