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Rússia conclui fornecimento de mísseis antiaéreos S-300 ao Irã

A Rússia anunciou nesta quinta-feira que concluiu o fornecimento dos sistemas de mísseis antiaéreos S-300 ao Irã, um contrato muito criticado por Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita.

"O fornecimento dos S-300 ao Irã foi concluído", disse uma fonte da indústria armamentista à agência "Interfax".

Assim, a Rússia cumpre sua promessa de entregar quatro divisões de S-300 ("Favorit") à república islâmica antes do fim do ano, um contrato avaliado em alguns bilhões de dólares.

Teerã recebeu a primeira leva dessas baterias em abril, supostamente em navio através do Mar Cáspio, e em agosto posicionou uma delas para defender a usina nuclear de Fordo.

O presidente russo Vladimir Putin insiste que se trata de um armamento defensivo e que seu governo está disposto a oferecê-lo a qualquer outro país do Oriente Médio.

Putin suspendeu em abril de 2015 o veto presidencial ao contrato depois que o Irã e o G5+1 (Rússia, Estados Unidos, França, Reino Unido e China, mais Alemanha) alcançaram um princípio de acordo sobre o controvertido programa nuclear iraniano.

Desde então, os dois países fortaleceram sua cooperação militar e o Irã mostrou interesse em adquirir mais armamento pesado russo, como caças Sukhoi e tanques T-90.

Além disso, Moscou e Teerã estão do mesmo lado no conflito sírio, já que defendem o regime de Bashar al Assad e combatem as organizações jihadistas no terreno.

Os S-300, análogos aos Patriot norte-americanos, permitirão ao Irã fazer frente a uma eventual invasão ou ataque aéreo em massa israelense ou americano com caças da classe Stealth, helicópteros, bombardeiros e mísseis balísticos, segundo especialistas.

Os israelenses temem que essas baterias, que têm um alcance de até 200 quilômetros, permitam ao Irã contar em breve com um escudo antimísseis invulnerável para defender suas infraestruturas vitais diante de um possível ataque vindo do exterior.

O contrato anterior, assinado em 2007, para a venda de 40 baterias com foguetes terra-ar foi suspenso voluntariamente pela Rússia em 2010 após as sanções impostas pela ONU contra a república islâmica.

Rússia nega que esteja se preparando militarmente para uma nova Guerra Fria

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, negou nesta quarta-feira que seu país esteja se preparando militarmente para a explosão de uma nova Guerra Fria, como asseguram no Ocidente.

"As atividades planejadas de nossa preparação operacional e combativa são apresentadas como sinais ameaçadores para nossos países vizinhos. Elas servem para alimentar a tese sobre uma ameaça militar, uma nova Guerra Fria, uma nova corrida armamentista", disse o ministro russo a veículos de imprensa locais.

Shoigu acrescentou que, "sem sombra de dúvidas, isto não é assim". Para ele, as forças armadas russas "devem garantir a segurança do país".

"Ultimamente, ouvimos muitas acusações de nossos parceiros ocidentais, preocupados com o crescente nível de preparação e capacidade militar das nossas Forças Armadas. São condições necessárias para garantir a disposição de combate do exército de qualquer país", afirmou o ministro.

Shoigu insistiu que as várias manobras militares organizadas nos últimos meses pelas forças armadas russas "não são sinais contra ninguém e, muito menos, ameaças".

Além do retorno da marinha russa ao Mar Mediterrâneo após 20 anos de ausência (1992-2013) e da intervenção aérea na Síria, a Rússia reforçou nos últimos meses o número de navios no litoral do país árabe, aonde posicionou mísseis antiaéreos S-300 e S-400.

Shoigu também ratificou hoje um acordo para a permanência de seus aviões no aeroporto de Khmeimim, na província síria de Latakia, e anunciou esta semana que transformará o porto de manutenção sírio de Tartus em base naval permanente.

As chancelarias ocidentais também expressaram sua preocupação pelo posicionamento provisório de mísseis táticos Iskander no enclave báltico de Kaliningrado, que faz fronteira com Polônia e Lituânia, países-membros da Otan.

Recentemente, o presidente russo Vladimir Putin anunciou a saída de seu país do tratado de reutilização de plutônio militar, parte do programa de desarmamento estratégico que procura transformar em irreversível o fim da Guerra Fria.

Entre as condições citadas para retornar a esse acordo, Putin mencionou a retirada de tropas e armamento dos EUA nos países da Europa Oriental que passaram a fazer parte da Otan a partir deste século, ou seja, Bulgária, Romênia e os países bálticos.

Putin considera que o escudo antimísseis americano na Europa e na Ásia é uma ameaça direta para a segurança da Rússia, mas descartou que irá cometer o mesmo erro da União Soviética ao se envolver em uma corrida armamentista com os EUA.

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