Os mini-submarinos tripulados e os aparelhos operados remotamente (ROV) ocupam cada vez mais um lugar de destaque nas marinhas de guerra de diversos países, e são usados tanto para missões de combate como para missões bastante humanitárias.
Estes sistemas têm a capacidade de multiplicar a eficácia dos navios de superfície e dos submarinos, garantindo um controle em profundidade permanente e rigoroso. O navio de salvamento Igor Belousov, em construção para a Marinha Russa, irá receber submersíveis autônomos para trabalhos de salvamento e investigação a grande profundidade.
Como atingir o inatingível
Os submersíveis, que foram criados como um meio de investigação dos fundos marinhos, busca e salvamento e operações similares, foram adquirindo, com o desenvolvimento tecnológico, funções mais alargadas. Os primeiros robôs submarinos apareceram ainda nos anos 1950-60, mas a verdadeira explosão da multifuncionalidade deu-se na viragem de século. Foi quando se atingiu a capacidade tecnológica para se produzirem aparelhos não-tripulados, capazes de executar as operações mais complexas sem a intervenção humana. As máquinas automáticas passaram a ser a varinha mágica, quando a utilização de aparelhos tripulados fosse demasiado arriscada ou tecnicamente impossível.
Os robôs submarinos podem, sem a participação do homem, inutilizar minas e outras barreiras defensivas subaquáticas e permitem aumentar a distância de localização dos complexos hidroacústicos de submarinos. Podem igualmente monitorizar e reparar instalações subaquáticas e estudar a morfologia dos fundos e a coluna de água. Estas são tarefas fora do âmbito militar: esse tipo de capacidades é necessário tanto para as marinhas de guerra como para organizações civis.
Os primeiros robôs submarinos tinham dimensões demasiado volumosas para serem usados apartir de navios de superfície e de submarinos normais. Para poderem ser operados, eram fabricadas embarcações especiais, que ainda são utilizadas, como, por exemplo, o submarino nuclear SSN 23 Jimmy Carter da marinha norte-americana. Ainda durante a sua construção, este submarino polivalente, inicialmente de série, da classe Seawolf, sofreu alterações de modo a operar submersíveis.
As unidades especializadas de operação dos ROV, que a Marinha Russa também possui, permitem um largo espectro de trabalho com os grandes sistemas multi-funcionais, tanto de controle remoto, como tripulados. No entanto a miniaturização tecnológica permite a construção de submersíveis à escala dos torpedos e minas marítimas normais ou mesmo mais pequenos. No caso da instalação de um interface com as capacidades necessárias no sistema de comando do submarino, é possível operá-los apartir de submarinos de série não especializados.
Perseguir a cabeça do pelotão
As capacidades nessa área dos submarinos russos novos e em modernização estão ainda cobertas pelo segredo de Estado, e por isso torna-se difícil saber em quanto a marinha russa estará atrasada em relação aos seus adversários ocidentais. Constata-se, contudo, que o equipamento com submersíveis de diferentes valências dos serviços de busca e salvamento da Marinha Russa, apesar de se manter atrasado em relação às marinhas ocidentais mais modernas, está a reduzir esse distanciamento.
Além do Igor Belousov, que será equipado com um robô submersível e com dois aparelhos tripulados, o serviço de Busca e Salvamento da Marinha Russa recebeu nos últimos anos vários ROV do modeloPantera de fabrico britânico.
Os aparelhos russos de grande profundidade Rus e Konsul, preparados não só para trabalhos de salvamento, mas também para investigação de profundidade, foram uma aquisição preciosa. OKonsul é capaz, dizem os especialistas, de mergulhar a mais de 6500 metros de acordo com as características da estrutura da sua esfera de esforço e os dados dos testes realizados.
O Konsul foi construido na Rússia, enquanto que os seus antecessores, os submersíveis Mir, foram construidos na Finlândia por encomenda da URSS. Mesmo assim, os aparelhos russos têm uma parte elevada de equipamentos de origem estrangeira, especialmente de componentes eletrónicos, robótica de precisão, etc.
Infelizmente, não se pode resolver esse problema apenas com o aumento das encomendas de construção de submersíveis. Para isso é necessária uma indústria saudável de “âmbito geral”, cujo desenvolvimento não se limite exclusivamente às necessidades do complexo de defesa. Caso contrário, as indústrias de alta tecnológia que se estão a criar poderão não passar de uma espécie de plantas de estufa que, em caso de mudanças desfavoráveis do clima, morrerão, como aconteceu com a maior parte do high-tech militar soviético depois de 1991.