No último dia de reunião do 12º Contingente da Força-Tarefa Marítima da Força-Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-Unifil), o capitão de fragata Ricardo Silveira Mello contou sobre a sua expectativa em assumir em setembro o comando da nau-capitânia Liberal, que lidera a missão. "A Liberal, uma das seis fragatas da classe Niterói da Marinha do Brasil, estará operando no Líbano com 266 integrantes.
Desse total, teremos a bordo um grupo de mergulhadores de combate da Força Naval, com 10 militares, e 20 componentes do Corpo de Fuzileiros Navais, além de um destacamento aéreo embarcado, uma aeronave Esquilo UH-13. O comandante da fragata Liberal disse que o navio atuará com outros navios que compõem a FTM.
A substituição da nau-capitânia ocorre de seis em seis meses, e a fragata Liberal substituirá a Independência, que retornará ao Brasil. Por mandato da ONU, a Marinha mantém uma fragata na costa libanesa com o objetivo de impedir a entrada de armas ilegais e contrabandos no país árabe. O atual comandante da FTM-UNIFIL é o contra-almirante Claudio Henrique Mello de Almeida.
O comandante Ricardo Mello destacou a importância da reunião do 12º Contingente realizada nessa semana em Brasília. “O estágio foi de grande valia. A experiência colhida ao longo desses dias, como a estrutura das Nações Unidas, a cultura e costumes dos povos e sobre como os oficiais devem proceder e atuar naquela região são grandes ensinamentos para toda a tripulação”, comentou o comandante.
Entre os assuntos discutidos destacam-se: direito internacional humanitário, mulheres nas missões, proteção de crianças afetadas em conflitos armados e estabelecimento das operações de paz. De acordo com o adjunto da divisão de doutrina do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), major Rodrigo Alves dos Santos, as palestras sobre a conduta e atuação dos peacekeepers (mantenedores da paz) são orientações básicas que as Nações Unidas (ONU) consideram para o bom funcionamento da missão.
O militar do CCOPAB abordou o tema da igualdade de gênero. "Na visão da ONU deve existir uma igualdade de gênero entre os integrantes da missão. A participação feminina nas operações favorece ações de proteção pelo componente humanitário às populações atingidas em conflitos armados, principalmente mulheres e crianças", explica o major. Segundo a ONU, estima-se que 300 mil crianças atuem com soldados de guerra.
As crianças são facilmente recrutadas por grupos armados devido a vulnerabilidade social e a dependência dos adultos. "Eles dependem do suporte da família, da própria sociedade e do governo", comenta o militar. Geralmente, nas regiões de conflitos armados, os menores de 18 anos (meninos e meninas) são recrutados para atuarem como cozinheiros, mensageiros, espiões e até prostituição, além de serem usados como soldados.
Para o trabalho de proteção a essas populações, os integrantes das missões de paz contam com a parceria atores humanitários da ONU, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), além de atores nacionais do país hospedeiro da missão.