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Picuda: uma impressionante lancha veloz que quebra-ondas e desafia a detecção dos radares

Brenda Fiegel,
Gabinete de Estudos Militares Estrangeiros, Fort Leavenworth


O oceano continua a ser uma rota popular de trânsito para os traficantes devido à falta dos sensores, mão-de-obra e câmeras de que as autoridades (não) dispõem em terra. Além disto, os carregamentos marítimos de drogas podem ser levados a bordo e/ou deixados ou enterrados em uma praia ou ilha para serem posteriormente recuperados, caso haja risco de que pessoas subam a bordo da embarcação.

Estes são apenas alguns dos motivos pelos quais os grupos narcotraficantes, especialmente os com base fora da Colômbia, continuaram a modernizar as embarcações de transporte marítimo e agora estão construindo um novo barco tipo go-fast, a “Picuda”. A utilização de embarcações go-fast para transportar drogas não é um novo modus operandi das organizações traficantes, mas a criação deste novo e avançado barco para transportar drogas o é.

A Picuda versus a tradicional lancha tipo go-fast

Os traficantes colombianos são conhecidos por transformarem barcos pesqueiros de alto mar em barcos tipo go-fast, mas quando essas embarcações tradicionalmente recondicionadas são comparadas à Picuda, esta última se sobressai por diversos motivos. Primeiramente, a Picuda é inteiramente construída em fibra de vidro, enquanto apenas os cascos dos go-fast tradicionais são feitos desse material.

O uso da fibra de vidro é importante por diversas razões, mas principalmente porque se torna difícil para a detecção pelos radares. Em segundo lugar, a Picuda é mais leve, veloz e mais espaçosa do que os barcos go-fast normalmente recondicionados. Por exemplo, quando se compara o tempo gasto por um barco go-fast recondicionado e uma Picuda para a mesma viagem, a Picuda é duas vezes mais rápida, significando que ela completa em 30 minutos uma viagem que um go-fast faz em uma hora.

Quanto às viagens mais longas, a Picuda consegue ir da Costa Rica à Jamaica em dois dias; esse percurso demoraria três dias em um barco do tipo go-fast. Em terceiro lugar, a Picuda consome menos gasolina. Isto é obviamente importante porque um consumo menor de combustível significa que menos latas de gasolina serão necessárias. Conclusão: mais drogas podem ser transportadas em uma embarcação. O quarto motivo é que a traseira da Picuda é quadrada. Isto é importante porque dá mais estabilidade em mar agitado.

Por fim, a proa da Picuda é mais fina do que a dos go-fast comumente usados para o transporte de drogas. Essa modificação permite que a Picuda atinja velocidades maiores e que possa cortar as águas com mais precisão. Por este motivo, a Picuda recebeu o apelido de “Quebra-Ondas”.

Quanto ao tamanho, as Picudas medem 32-38 pés e são, em geral, equipadas com (3) motores de 200 cavalos. Um pesqueiro similar geralmente mede 22-32 pés e, dependendo do modelo, pode ser equipado com um único motor de 50 cavalos ou diversos motores com potências diferentes.

Capacidade de carga: as Picudas versus go-fast adaptados para transportar drogas

As Picudas são capazes de transportar até uma tonelada métrica de drogas. Algumas dispõem de áreas de armazenagem em fundo duplo, utilizadas para transportar mais cocaína ou maconha em sacos de pano. Alguns barcos pesqueiros de alto mar recondicionados também têm grande capacidade de carga e conseguem transportar carregamentos entre 1,3 e 2,3 toneladas.

A chegada da Picuda na Costa Rica

Nas águas costa-riquenhas, as embarcações Picuda foram detectadas em Cahuita, Jalova, Parismina, Westfalia e Puerto Viejo. Apenas em 2013, autoridades da Costa Rica apreenderam sete Picudas. Quanto à rota, as Picudas geralmente partem de Turbo, na Colômbia, à noite ou no início da manhã, e viajam até a Jamaica, Honduras e Costa Rica.

Elas são pintadas de azul, cinza ou verde e pilotadas por equipes de três pessoas. Mais tripulantes significam menos lucros, e por esse motivo é raro haver mais de três pessoas na embarcação. Os tripulantes dos carregamentos que chegam à Costa Rica são geralmente da América do Sul, Nicarágua e Costa Rica. Centro-americanos são normalmente responsáveis pela logística e distribuição do carregamento.

Detectar barcos rápidos continua a ser um desafio para as autoridades, e transformações como as feitas na Picuda continuarão a desafiar as interdições. Enquanto os cartéis de drogas continuarem a obter lucros astronômicos, parece que sua tecnologia náutica os ajudará a traficar drogas com sucesso através do Caribe. Os ganhos financeiros associados à entrega bem-sucedida de um carregamento de drogas ao destino certo também servem como força motriz para que os navegadores assumam tarefas que põem suas vidas em risco.

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