Nota DefesaNet
Editorial de O Globo e resposta de Bene Barbosa do MVB mais abaixo.
O Editor
Editorial O Globo 24 Maio 2016
Violência cresce com descaso no controle de armas
No Rio, 86% do armamento em mãos da criminalidade têm origem legal, dado que deve se reproduzir em todo o país. Em dez anos, 17 mil armas sumiram de firmas fluminenses
Não é de hoje que os organismos oficiais de segurança trabalham com um dado aterrador sobre o movimento de armas no Rio de Janeiro: nada menos que 86% do armamento apreendido com criminosos no estado têm origem legal. Isso quer dizer que esse arsenal fora vendido pelas fábricas diretamente para forças públicas de segurança (polícias estaduais e Forças Armadas), mas não só. Entre os clientes também se encontram firmas de vigilância e lojas particulares.
Esse alerta foi dado há dez anos pela CPI das Armas do Congresso Nacional, já na vigência de um Estatuto do Desarmamento consideravelmente enfraquecido pelo resultado do referendo em que, em 2005, a maioria dos brasileiros (78% dos votos válidos) discordou da proibição do comércio de armas de fogo e munição em todo o território. A advertência da CPI se baseava em dados regionais, mas nada indicava que essa realidade estava circunscrita ao Rio. O avanço da criminalidade em nível nacional evidencia que se dá o contrário.
Traduzindo no varejo as preocupações da CPI de uma década atrás, um relatório da Polícia Federal, enviado a uma comissão de inquérito da Assembleia Legislativa do Rio, dimensiona em números o que é esse movimento de armas legais que vão parar em mãos de bandidos. O tamanho do arsenal é assustador, segundo reportagem do GLOBO de anteontem.
O documento da PF informa que, desde a época da CPI do Congresso, em torno de 17,6 mil armas (além de munição) desviadas ou roubadas de empresas de segurança abasteceram o arsenal da criminalidade. Em números absolutos é uma quantidade absurda. Percentualmente, também é algo dramático: isso corresponde a 30% do volume de armamento disponível nas firmas fluminenses do setor. Um agravante que impressiona ainda mais é que, desse total de armas legais que municiam os bandidos, 4,5 mil simplesmente desapareceram de dentro dos depósitos particulares.
A PF aponta outras infrações. De modo geral, o abastecimento das quadrilhas a partir do comércio legalmente estabelecido evidencia que, na questão do armamentismo, diversas pontas convergem para dois pontos-chave: os interesses da indústria de armas em não só manter seus negócios, como ampliá-los, e, o mais grave, a leniência de governos e autoridades de segurança com a fiscalização da circulação de armamento no país. Exemplo significativo: uma vistoria da CPI fluminense ao arsenal da PM constatou que no controle de entrada e saída de armas ainda se usam anotações manuais em cadernos, método que remonta ao século XIX.
A preocupação com essa realidade se estende ao plano institucional: arma-se no Congresso a flexibilização do Estatuto, um movimento orquestrado pela chamada “bancada da bala”. É tudo o que o país não precisa, neste momento em que, ao contrário, o Estado precisa aumentar as garantias de segurança da população, o desarmamento uma das principais delas.
O Globo e sua insistência em mentir
Benê Barbosa
Movimento Viva Brasil
O Jornal O Globo de hoje (24MAIO2016) volta a defender o desarmamento em seu editorial e, para não variar, usa toda sorte de números torturados e falácias. Nada escapa, nem uma vírgula, nem uma frase, por começar pelo título: Violência cresce com descaso no controle de armas. E é por aqui que eu começo. Violência é um problema?
Quem já assistiu minhas palestras sabe muito bem a falácia contida no nada inocente uso desta palavra em substituição à correta que seria criminalidade! George Orwell em seu magnífico 1984 previu esse estratagema quando definiu uma coisa chamada Novilíngua. No Apêndice sobre o assunto escreveu:
"O objetivo da Novilíngua não era apenas oferecer um meio de expressão para a cosmovisão e para os hábitos mentais próprios dos devotos do Ignsoc, mas também impossibilitar outras formas de pensamento. O que se pretendia era que, tão logo a Novilíngua fosse adotada definitivamente e a Anticlíngua esquecida, qualquer pensamento herético, isto é, divergente dos princípios do Ingsoc, fosse literalmente impensável, ou pelo menos até o limite em que o pensamento depende de palavras.
Seu vocabulário fora construído de modo a fornecer a expressão exata – e frequentemente de um modo sutil – a cada significado que um membro do Partido quisesse expressar, excluindo os outros significados, bem como a possibilidade de chegar a eles por métodos indiretos. Isso era obtido em parte pela invenção de novas palavras, mas principalmente pela eliminação de palavras indesejáveis e pelo esvaziamento, das palavras restantes, de qualquer significado heterodoxo e, tanto quanto possível, de todos os significados secundários, quaisquer que fossem eles" (p.287-288).
Em resumo, a Novilíngua tinha como objetivo condensar palavras, dar-lhes novos significados e, assim, reduzir a compreensão e a capacidade de raciocínio da população.
Exatamente isso que se faz ao usar a palavra violência como sinônimo de criminalidade. Oras, violência é ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra alguém ou alguma coisa e isso não significa necessariamente o cometimento de um crime ou algo reprovável, muito pelo contrário. Um bombeiro que derruba uma porta, um policial que revista um suspeito, um juiz que condena o réu, um cidadão que reage contra um facínora que invade sua casa, um segurança que impede um furto, um professor que exige silêncio em sala de aula.
Ao usar a palavra violência o jornal nivela todas essas ações com a de um pedófilo que abusa de uma criança, de um latrocida que mata sem dó sua vítima, de um traficante que oferece seu produto na porta de escola, de um homicida que abre fogo contra policiais, afinal tudo é violência e, assim sendo, qualquer violência deve ser combatida igualmente. Querem convencer que todos nós, seja um estuprador, seja um sitiante com uma velha espingarda, fazemos parte do problema e não da solução. Vão se catar!
E por falar em falsidade… Ao afirmar que 86% das armas vieram “do mercado” legal, o periódico distorce os dados existentes, com a único objetivo de culpar as armas e seus proprietários pelo crescimento da criminalidade violenta naquele Estado. Vejam só essa reportagem da EBC sobre o mesmo assunto: “Oitenta e seis por cento das armas de fogo apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro no ano passado NÃO FORAM (grifo meu) identificadas.
O dado foi apresentado nesta terça-feira (24 MAio 2016) pela Secretaria Estadual de Segurança do Rio a deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito das Armas na Assembleia Legislativa do estado.” Viram? Simplesmente inverteram os dados! Já falei sobre esse assunto aqui neste blog, não vou me repetir. Vejam o artigo “Quem abastece os criminosos”.
Ao concluir, o repetitivo editorial, do O Globo diz ao que veio: “arma-se no Congresso a flexibilização do Estatuto, um movimento orquestrado pela chamada “bancada da bala”. É tudo o que o país não precisa, neste momento em que, ao contrário, o Estado precisa aumentar as garantias de segurança da população, o desarmamento uma das principais delas”.
Tudo isso para justificar sua oposição ideológica ao PL 3722/12 do Deputado catarinense Rogério Peninha que, em tramitação, devolverá ao cidadão a chance de defesa contra uma criminalidade cada vez mais violenta e um Estado cada vez maior e menos eficiente.
Cabem ainda algumas indagações pertinentes: já que armas são um problema e não protegem, a família Marinho já abriu mão de seus seguranças fortemente armados? O PROJAC já cancelou o contrato com a empresa de segurança armada que lhes garante segurança? Artistas engajados como Angélica e Luciano Huck já dispensaram os seus guarda-costas? Me avisem quando isso acontecer.
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