Aparelho fazia manobras da Operação Formosa, em região próxima de Brasília, e levava 14 soldados a bordo
(Correio Braziliense) Dois militares morreram e 12 ficaram feridos na queda de um helicóptero da Marinha, ontem, em Formosa (GO), a 80km de Brasília. O acidente ocorreu em um exercício conjunto com o Exército para uma apresentação da Operação Formosa. Os mortos são os sargentos Luís Fernando Tavares Augusto, do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, e Renan Guedes Moura, da Base de Fuzileiros Navais — ambas unidades na Ilha do Governador (RJ).
De acordo com a Marinha, o acidente ocorreu durante um exercício de fast rope — que é o desembarque da aeronave, em voo, por meio de uma corda lançada ao chão. O aparelho era um modelo UH-15 Super Cougar, que integra o 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, de fabricação francesa e montado no Brasil pela Helibras.
Segundo apurou o Correio com militares, a provável causa da tragédia foi uma pane quando o aparelho se aproximava do chão. O acidente foi por volta das 13h. Quatorze integrantes das Forças Armadas estavam a bordo.
Dois militares foram levados para o Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília — um com fratura exposta na perna e no nariz, e o outro com traumatismo craniano. Ambos estavam conscientes e estáveis e seriam submetidos a cirurgias de reparação ortopédica.
Outros sete atingidos, com ferimentos leves, foram atendidos no Hospital Estadual de Formosa. Os três restantes permaneceram sob os cuidados da Unidade Médica Expedicionária da Marinha (Umem).
Moradores de Formosa relataram que o helicóptero perdeu altitude antes de cair na área militar, ao lado da Lagoa Feia, onde uma coluna preta de fumaça permaneceu até o início da noite. Imagens às quais o Correio teve acesso também mostraram viaturas militares socorrendo os feridos após o desastre.
Segundo o comandante regional do Corpo de Bombeiros de Formosa, tenente-coronel Bráulio Flores, cinco equipes foram enviadas para salvamento, resgate e controle das chamas, além de duas equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do município. “Nos coube fazer o transporte de cinco feridos para o Hospital Estadual de Formosa. Coube também fazer o desencarceramento de uma das vítimas fatais, que estava sob os escombros”, relatou o comandante Flores.
Em nota, a Marinha lamentou a morte dos sargentos. “A Comissão de Investigação de Acidente Aeronáutico iniciou os procedimentos para apurar as causas e circunstâncias do ocorrido. A MB está prestando todo o apoio aos militares e familiares envolvidos”, destaca. O Ministério da Defesa também se solidarizou com a família dos dois fuzileiros.
Versão
Logo depois do acidente, disseminou-se em grupos de militares a versão de que a queda do helicóptero teria ocorrido devido ao disparo de um míssil antiaéreo Igla-S, cujo alcance é de até 6km e é disparado do solo contra aeronaves. O Exército desmentiu veementemente.
“Não houve — e eu busquei essa informação junto aos coordenadores do exercício — essa situação de míssil antiaéreo atingindo helicóptero. Isso não aconteceu, não houve disparo de Igla atingindo a aeronave”, afirmou o coronel Benzecry, da Secretaria de Comunicação (Secom) do Exército. A versão também foi rebatida pela Marinha. “Não houve qualquer míssil ou armamento pesado envolvido na atividade”, garantiu a Força.
Os exercícios de ontem são parte da Operação Formosa 2023, o maior treinamento militar do Planalto Central. As atividades reúnem cerca de 3.500 militares das três Forças Armadas durante o mês de agosto.