Víktor Litóvkin
Os dois Bulavás – ou SS-NX-30 na classificação da Otan – foram lançados de uma vez pelo submarino Iuri Dolgorúki, da classe Borei (projeto 955), em imersão no mar Branco coberto de gelo. Segundo a assessoria de imprensa do ministério da Defesa da Rússia, o lançamento correu bem e todas as ogivas instalados nos mísseis (podendo cada um transportar entre seis e dez munições) atingiram os alvos no campo de provas de Kura na península de Kamchatka, após percorrer oito mil quilômetros.
Ao todo, o Bulavá realizou 18 lançamentos, dos quais apenas onze foram reconhecidos como bem sucedidos. Mas esse lançamento, que foi o primeiro a ser realizado em salva, deu ao presidente russo, Dmítri Medvedev, motivos para dizer, em uma recepção no Kremlin, que os testes do Bulavá foram concluídos e que o míssil e seu lançador, o submarino Iúri Dolgorúki, serão entregues, em breve, à Marinha russa.
O presidente não falou das datas concretas, mas os especialistas acreditam que a entrega acontecerá nos primeiros meses de 2012.
O projeto 955 (de submarinos lançadores de mísseis balísticos da classe Borei) foi concebido e desenvolvido em São Petersbugo em meados dos anos 90 para lançar o míssil balístico Bark, projetado pelo centro de engenharia e projeção Víktor Makeev. No entanto, os três primeiros lançamentos do Bark a partir de uma rampa no mar Branco falharam. Além disso, o míssil apresentado para os testes era duas vezes maior e mais pesado do que aquele encomendado pelo ministério da Defesa.
Nos anos 1990, a Rússia não tinha condições econômicas nem tecnológicas suficientes para construir grandes submarinos, por isso o governo encomendou um novo míssil ao Instituto de Equipamento Térmico de Moscou, dirigido por Iúri Solomônov. A ideia era construir um novo míssil naval a partir do míssil Topol-M, desenvolvido por esse instituto na década de 1990. Mas o projeto falhou e o Instituto de Equipamento Térmico, desenvolvedor do projeto de Bulavá, e a fábrica de Vótkinski, montadora do míssil, não receberam os materiais necessários.
Algum tempo mais tarde, as empresas envolvidas no projeto Bulavá conseguiram superar as dificuldades e conclui-lo com sucesso. Agora o Bulavá e o submarino Iuri Dolgorúki vão entrar em serviço da Marinha russa como complexo único de dissuasão nuclear. Sua construção envolveu cerca de US$ 2 bilhões.
Após o Iuri Dolgorúki, a Marinha russa vai receber outros três submarinos da mesma classe, o Aleksandr Névski, com 16 tubos para o míssil Bulavá, o Vladímir Monomakh e Sviatítel Nikolai, que possuirão, cada um, 20 tubos.
Até 2020, serão construídos outros quatro submarinos que levarão, cada um, vinte mísseis de ogivas múltiplas de guiamento individual.