Realizado nas proximidades de Salvador (BA), exercício MINEX-23 incluirá teste inédito de Sistemas Marítimos Não Tripulados
Por Capitão de Corveta (T) Felipe Paes Leme – Salvador, BA
As águas da Baía de Todos-os-Santos recebem, a partir de hoje (23), militares e navios da Marinha do Brasil (MB) para o Exercício MINEX-23, que incluirá o lançamento real de minas marítimas sem cargas explosivas. Participarão do exercício, os Navios-Varredores “Atalaia” e “Araçatuba”, a Corveta “Caboclo” e o Aviso Balizador “Aldebaran”, sediados em Salvador; o Navio-Patrulha Oceânico (NPaOc) “Apa”, proveniente do Rio de Janeiro; embarcações da Capitania dos Portos da Bahia; e, pela primeira vez, Sistemas Marítimos Não Tripulados.
As ações têm como objetivo a preparação das unidades navais subordinados ao Comando do 2o Distrito Naval (Com2oDN), no que se refere às operações de minagem e contramedidas de minagem. Neste ano, serão lançadas pela Corveta “Caboclo” seis minas de fundeio e contato do tipo SH-60E, que serão “varridas” pelos navios-varredores em um exercício de contramedidas de minagem do tipo varredura mecânica dupla.
“A capacidade de ‘varrer’ as minas é exclusiva dos navios-varredores, que contam com dispositivos capazes de rebocar longos cabos de aço com tesouras próprias e de cortar os cabos-amarras das minas, levando-as até a superfície para posterior desativação por mergulhadores especializados em Desativação de Artefatos Explosivos”, explica o Comandante da Força de Minagem e Varredura, Capitão de Fragata Ricardo do Nascimento Leira.
Nas operações de contramedidas de minagem previstas, serão empregados, ainda, de forma pioneira, sistemas não tripulados nas fases de busca, classificação e identificação. Esses equipamentos permitem o afastamento do homem da área de perigo imposto pelas minas, tornando as operações mais seguras e eficientes.
Na MINEX-23, o NPaOc “Apa” apoiará o exercício como “Navio-Mãe” e base de operações e controle para o Veículo de Superfície Não Tripulado – Laboratorial, desenvolvido pelo Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV) da MB. Participará, também, o Veículo de Superfície Não Tripulado “SUPPRESSOR X”, desenvolvido pela empresa Tidewise, que possui parceria com a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio do Comando da Marinha.
“Estamos trabalhando no desenvolvimento de um veículo de superfície não tripulado, que é uma tecnologia nova, mas que já está em utilização em diversos países do mundo. E a obtenção desse tipo de conhecimento tecnológico no âmbito da Marinha é muito importante para o País na área militar, mas também no desenvolvimento tecnológico. A utilização do sistema para a atividade militar é bastante benéfica, por conta dos custos e da redução dos riscos operacionais”, explica o Diretor do CASNAV, Capitão de Mar e Guerra Fabio Kenji Arakaki, que está embarcado no NPaOc “Apa”.
Na semana passada, os militares envolvidos no exercício, que ocorrerá até o dia 28 de outubro, participaram de diversas reuniões de planejamento para que a MINEX-23 seja conduzida com segurança e com o êxito esperado para o desenvolvimento desta nova tecnologia, como afirma o Comandante do 2o Distrito Naval, Vice-Almirante Antonio Carlos Cambra. “A MINEX servirá para fazermos tarefas exploratórias, a fim de aperfeiçoar os sistemas não tripulados e trazermos parâmetros para o desenvolvimento doutrinário. Os Sistemas Marítimos Não Tripulados são um passo a mais no desenvolvimento da indústria de defesa, ao adquirirmos tecnologia de controle autônomo e remoto, situação que temos visto em alguns conflitos pelo mundo. Adicionalmente, daremos um grande salto na formação e capacitação do nosso pessoal”.
Minagem e Contramedidas de Minagem
Sediado em Salvador (BA), o Com2oDN é a Organização Militar Orientadora Técnica líder na área de conhecimento de Minagem e Contramedidas de Minagem na MB. O Comando da Força de Minagem e Varredura, subordinado ao Com2oDN, é o componente operativo da MB, responsável pelas operações de Contramedidas de Minagem, destinadas a manter livres da ameaça de minas as linhas do tráfego marítimo ao longo do nosso litoral, as áreas marítimas adjacentes aos portos, terminais e plataformas, bem como as possíveis áreas de operações das Forças Navais. A este Comando estão subordinados os Navios-Varredores “Aratu”, “Atalaia” e “Araçatuba”, sediados no Complexo Militar-Naval de Aratu.
O Com2oDN possui, ainda, o Grupo de Avaliação e Adestramento de Guerra de Minas, criado em 8 fevereiro de 2006, cuja missão é produzir informações operacionais de guerra de minas, a fim de contribuir para o desenvolvimento, consolidação, disseminação e atualização de doutrina, procedimentos táticos e emprego dos equipamentos de guerra de minas.
“O exercício é extremamente complexo, utilizando-se do máximo de atividades possíveis, o que exige um grande nível de coordenação e medidas de controle e comunicação muito bem estabelecidas para evoluirmos na guerra de minas”, complementa o Capitão de Mar e Guerra Marcos Paulo Beal, Encarregado do Grupo de Avaliação e Adestramento de Guerra de Minas.
Fonte: Agência Marinha de Notícias