Andréa Barretto
Com a Corveta Barroso, a Marinha do Brasil dá continuidade a sua participação na Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).
A embarcação assumiu como nau-capitânia da missão de paz em 14 de setembro, em substituição à Fragata União, que estava naquele país havia seis meses. Antes mesmo de chegar a seu destino, em 4 de setembro, o navio e sua tripulação de 191 militares enfrentaram um desafio inesperado: realizar o resgate de refugiados que estavam em uma embarcação prestes a afundar, no Mar Mediterrâneo, perto da costa da Sicília, na Itália. “Passaram-se aproximadamente 30 minutos entre o momento em que recebemos a ordem de alterar o curso e o momento em que efetivamente encontramos a embarcação”, diz o Capitão-de-Fragata Alexandre Amendoeira Nunes, comandante da Corveta Barroso. “A partir dali, focamos na missão de resgatar crianças, mulheres e homens.”
A tripulação ofereceu cuidados médicos e alimentação aos refugiados no convés de voo do Barroso, antes de desembarcá-los no porto italiano de Catania, no dia seguinte.
“[Mas] o fator decisivo [para o êxito do resgate] foi a enorme vontade de todas as 220 pessoas de querer viver, ao decidirem se arriscar a morrer no mar em vez de permanecer em terra, onde as oportunidades são cada vez menores diante das adversidades da guerra”, diz o CF Amendoeira. “Uma embarcação, ao ser indicada para uma missão como a UNIFIL, passa por processos de seleção e preparação de sua tripulação. Esta conduz a preparação do navio no tocante ao material e, principalmente, passa por muitos adestramentos, que nos dão segurança para executar diferentes manobras em operações no mar. O conjunto funcionou muito bem.”
Patrulhamento da costa do Líbano
Após o resgate dos refugiados, a Corveta Barroso dedicou-se à missão na UNIFIL, que foi criada em 1978 pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para colaborar com a retirada das forças israelenses do sul do Líbano, devolver a paz e a segurança internacional na região e auxiliar o governo libanês na retomada da sua autoridade. Em 2006, após a segunda guerra do Líbano, a missão teve seu mandato ampliado e foi reforçada com a criação da FTM.
O Brasil passou a participar da FTM em 2011, quando também assumiu seu comando. A Corveta Barroso é um dos sete navios que atualmente integram a FTM-UNIFIL, sendo a quarta embarcação brasileira a integrar a missão. As outras foram as fragatas Constituição, Liberal e União.
Além da Corveta Barroso, a FTM conta com duas embarcações bengalis, uma alemã, uma indonésia, uma turca e uma grega, com um contingente multinacional total de 858 militares. A esquadra está sob a liderança do Contra-Almirante brasileiro Flávio Macedo Brasil, que tem comandado tarefas de interdição marítima na costa do Líbano e de capacitação da Marinha libanesa, realizando assim os dois objetivos da FTM-UNIFIL.
Três navios da frota patrulham continuamente todo o litoral do Líbano – quase 13.000 quilômetros quadrados – a uma distância média de 83 km da costa, diz o C Alte Brasil.
Capacitação da Marinha libanesa
As embarcações da FTM e suas tripulações capacitam a Marinha do Líbano, dando aulas teóricas, que ocorrem em terra, e fazendo atividades práticas a bordo dos navios da FTM ou da Marinha do Líbano.
“Realizamos treinamentos conjuntos, quando os navios da Marinha do Líbano disparam seus armamentos e nós disparamos os nossos”, diz o C Alte Brasil. “Mas, devido à complexidade tecnológica dos nossos sistemas e armamentos, que demandam extensa qualificação para operá-los, os militares da Marinha do Líbano participam dos nossos exercícios de tiro na Barroso apenas como observadores.”
A Corveta Barroso está equipada com um míssil, um canhão com alcance de 22 km, outro canhão antiaéreo e lançadores para torpedo Mk-46. Possui ainda uma aeronave embarcada, que funciona como vetor de armas e como extensão dos sensores do navio. Armamento de pequeno calibre, instalado na embarcação especialmente para a missão de paz, completa o conjunto.
“São metralhadoras .50, adequadas para reagir proporcionalmente a ameaças representadas por embarcações de pequeno porte que penetrem o perímetro de segurança do navio”, completa o C Alte Brasil.